AIMMP aposta na internacionalização do sector
Em entrevista, Vítor Poças, Presidente da AIMMP, falou sobre as próximas ações, os desafios da Associação e do legado que pretende deixar.
Fundada em 1957, a Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal representa todas as indústrias de base florestal, à exceção das de celulose, papel e cortiça. Como é que caracteriza a evolução da AIMMP, ao longo dos anos, e quais as vantagens para os associados?
A AIMMP começou por ser o Grémio dos Industriais de Serração de Madeiras. Com o passar dos anos, foi incorporando outras associações, de menor dimensão, o que permitiu alargar o seu âmbito de atuação. Conforme decorre dos nossos estatutos, a AIMMP está organizada em cinco divisões sub setoriais, abarcando todas as indústrias de base florestal, exceto o papel, a celulose e a cortiça.
É uma Associação estável, reconhecida pelo Governo como uma entidade de utilidade pública, e representa um dos setores mais importantes da economia portuguesa, que exporta cerca de 2,6 mil milhões de euros por ano.
A Associação está sediada no Porto, mas tem Delegações em Leiria e Lisboa, para que possamos estar próximos dos nossos associados, distribuídos por todo o país. Disponibilizamos diversos serviços para os associados e um deles é a representação institucional, sendo que a AIMMP está representada nas grandes Confederações Europeias, que defendem a indústria de Madeira, do Mobiliário ou das Embalagens e protegemos, desta forma, os interesses do sector. Nos serviços diretos, asseguramos o serviço jurídico permanente de apoio aos associados, designadamente, em matéria de contratação coletiva de trabalho, celebrando contratos com os Sindicatos, e fornecendo apoio também noutras áreas do direito preventivo. Paralelamente, providenciamos o fornecimento de serviços de apoio técnico especializado, incluindo a preparação de candidaturas a projetos com financiamento, marketing e comunicação, formação e organização de eventos para o sector.
Por último, é importante destacar a participação das empresas nos projetos financiados e organizados pela AIMMP. Naturalmente, as empresas que nos estão associadas, têm mais facilidade de acesso e de participação.
Quanto ao financiamento desses projetos, relativos às empresas do sector, há algum que gostaria de destacar?
Gostaria de destacar o maior projeto da AIMMP, o Inter Wood & Furniture, recorrente ao longo do tempo na Associação. Todos os anos, temos projetos de financiamento para promover a participação das empresas em ações de promoção internacional. Este é o nosso grande projeto, também em termos financeiros, já apoiámos mais de 400 empresas e participámos em centenas de ações, nos quatro cantos do mundo. Estas ações são extremamente importantes para a promoção das exportações do sector, que têm crescido de forma sustentada e permanente.
A Associação tem atribuído diversos prémios, nomeadamente, o Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira. Em que é que estes consistem e que mais-valias garantem às empresas vencedoras?
A AIMMP organiza e atribui, em conjunto com a Ordem dos Arquitetos e a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, o Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira, que garante ao vencedor a quantia de 10 mil euros. O prémio é muito importante, porque promove a construção em madeira e só é atribuído a obras que estejam, efetivamente, executadas. É atribuído ao arquiteto que realizou o desenho da construção em causa e são feitas menções honrosas ao empreiteiro geral, ao carpinteiro e ao proprietário da obra.
Também temos outros dois prémios, o AD Challenge e o Guilherme Award, que se destinam à promoção da inovação e do design do sector. O Guilherme Award é atribuído aos estudantes do ensino secundário ou superior que desenhem obras para o sector e tem um cariz de incentivo aos jovens. O AD Challenge baseia-se na mesma filosofia, mas destina-se aos profissionais.
Sabemos que têm sido vários os encontros em que tem debatido os desafios atuais do setor. Numa análise construtiva, quais são os maiores desafios com que se deparam na atualidade?
Um dos nossos grandes desafios é a atuação nos fatores distintivos da promoção e do desenvolvimento da indústria, ao nível da gestão. É necessário ter inteligência económica em todo o circuito empresarial. Temos, também, de olhar de forma pragmática para a questão dos recursos humanos, porque é fundamental que o sector suba na sua cadeia de qualidade e valor. Para isso, precisamos de muita formação. Um outro desafio a destacar, é o cuidado com a floresta. A AIMMP está muito preocupada com o que tem acontecido nas florestas portuguesas. Tem havido uma destruição maciça, provocada pelos incêndios, na sua esmagadora maioria de origem criminosa, e não há proteção para a floresta, nem têm sido criadas condições de rentabilidade e sustentabilidade das mesmas.
Enquanto Presidente da AIMMP e candidato ao próximo mandato, no mesmo cargo, qual a marca que pretende deixar na evolução e importância da AIMMP para o sector?
Penso que deixarei algumas marcas na história da AIMMP. A primeira, ter salvo a Associação da efetiva falência técnica e financeira, porque se encontrava numa situação complicada quando tomei posse. Neste momento, está recuperada, forte e interventiva, e presta um grande número de serviços aos associados, o que me garante bastante satisfação. Gostaria de deixar o sector, ao nível das exportações, completamente internacionalizado e com um nível de exportação de destaque nas exportações portuguesas.