A marca que lhe faltava
Em 2021, numa perspetiva de obter uma maior visibilidade no mercado nacional e indo ao encontro da visão externa da empresa, a TRACTORMINHO, AUTO PORTUCALENSE E TRACMOTORS fundiram-se numa só: as três empresas ficaram aportadas na TRACTORMINHO, criada em 1980 e a mais expressiva no mercado. Fundiram-se as estruturas sociais e as equipas e passaram todos a trabalhar numa voz única, como nos revela a segunda geração do negócio, José Carlos Moreno, Executive Manager.
Mudanças que se estenderam à criação de uma marca própria – a TMPARTS – uma nova identidade que, gradualmente, pretende chegar a vários mercados, colmatando lacunas ao nível da distribuição de componentes no sector. Com a criação da marca, José Carlos Moreno refere que o objetivo é que no futuro os produtos sejam negociados e comprados diretamente às fábricas e tenham a identidade da TRACTORMINHO, porque “trabalhar com diferentes fornecedores descaracteriza a empresa”.
“O negócio foi crescendo acompanhando as nuances do país”
Há 41 anos, Braga era uma região carente ao nível da distribuição de peças e acessórios para tratores agrícolas e alfaias e encontrava-se dependente das zonas centro e sul. Percebendo essa lacuna, cinco sócios decidiram a 6 de maio de 1980, criar a TRACTORMINHO. Inicialmente com fornecedores nacionais, as compras eram realizadas em fábricas nacionais ou importadores da zona centro, que já estavam no mercado há alguns anos. Mas, facilmente, foi conseguida a ideia de abandonar a compra local e ir a feiras no exterior à procura de uma linha própria de produtos. Ao nível dos fornecedores, os italianos foram os primeiros a surgir, seguidos pelos espanhóis e ingleses e com os quais a empresa mantém uma relação de proximidade.
Desde 2006, sediada em Sequeira – Braga, onde funcionam a sede social, serviços administrativos e armazém central, a TRACTORMINHO exerce a sua atividade em Portugal, Espanha e Angola, com a missão de constituir uma alternativa no aftermarket de peças para máquinas agrícolas industriais. Trata-se de uma empresa familiar, que está na terceira geração, um orgulho para Fernando Moreno, Sócio-Gerente Fundador. Em 1992, José Carlos Moreno, a segunda geração do negócio, foi desafiado a dirigir um espaço no Porto, que, entretanto, foi deslocalizado para a sede.
O Executive Manager, que conhece o passado, vive o presente e tem ideias do futuro, garante que foi uma evolução natural, porque “gostar do que se faz, mesmo com mudanças de rumo, é importante.” O segredo está também na motivação transmitida aos trabalhadores e é importante para a geração que surge, ser motivada.
Na TRACTORMINHO há uma mistura de sensibilidades e conhecimento, porque trabalhadores mais novos aportam um conhecimento diferente à empresa. José Carlos Moreno está constantemente a desafiá-los, porque o que aprenderam nos institutos e universidades serviu como uma ferramenta importante para ter mecanismos para procurarem e desenvolverem informação.
O conceito “on job training” é na opinião de José Carlos Moreno, o ideal para novas aprendizagens. “Neste sector não existem livros específicos, as pessoas têm de ir aprendendo” e quando se gosta, aprende-se, garante.
O negócio foi crescendo acompanhando as nuances do país, com pessoas ministradas de experiências e conhecimento.
Um novo mercado
A localização da empresa esteve assente numa visão estratégica direcionada para o mercado mais competitivo. Não ignorando o mercado interior, pela sua tipicidade e produção, o litoral é um mercado mais promissor e importante. No entanto, o mercado vai sofrendo alterações e a TRACTORMINHO foi sempre adaptando o modelo de negócio. Até ao momento, a empresa estava vocacionada para trabalhar com determinados atores mais pequenos nas redondezas, mas, atualmente, tem de olhar para zonas onde a produção já é mais intensiva.
José Carlos Moreno explica que não foi uma mudança radical, mas que obrigou a adaptação. Hoje, a limpeza da floresta e área circundante, funciona como motor de negócio e que obriga a que haja equipamentos, alguns deles agrícolas, adaptados à realidade. Acompanhando a lógica do mercado, a TRACTORMINHO tornou-se numa empresa polivalente, porque vende materiais diversos, uma vantagem em relação a outras empresas. A nova realidade 4.0 está a abraçar o mercado agrícola e é também um outro desafio para o qual a empresa se está a preparar.
A agricultura passará a ter uma componente tecnológica muito acentuada, porque a complexidade na máquina os automatismos começam a surgir. “Já existem tratores com automatismos que com Guias Laser, GPS e Programações fazem todo o percurso no campo e, por isso, vamos ter que ter pessoas capazes de interpretar tudo isto”. A nível das tecnologias e ambiente, a TRACTORMINHO tem a expectativa de reduzir, em 50 por cento, o trânsito de papel dentro da empresa; vai começar a proceder ao picking e putting digital; as faturas passarão a ser emitidas digitalmente, para minimizar o trabalho do cliente; e a loja on-line que foi implementada durante a pandemia e evolui de dia para dia, com o objetivo de ser uma plataforma para chegar ao cliente.
Sonhar e construir além-fronteiras
O crescimento para realidades diferentes foi um passo natural. Em 2003, uma comitiva deslocou-se a uma feira em Luanda e, quatro anos, depois deu-se a expansão da TRACTORMINHO com uma nova instalação na capital de Angola, a Makipeças. Em 2019, desta vez no sul de Espanha, é constituída uma nova sociedade, na qual o Bernardo Moreno faz o acompanhamento, a TracMotors, Recambios Agrícolas.
A terceira geração da família vai conhecendo as linguagens e sensibilidades num mercado “extremamente agressivo concorrencialmente”. A concorrência são, sobretudo, empresas espanholas e outras multinacionais a norte e centro da Europa e, esse, é o confronto e a luta diária da Tractorminho: ser capaz de ter uma afirmação e uma forte presença em Portugal, para se defender das hostilidades externas. Como explica José Carlos Moreno, nos “produtos de combate” ou se afirma a qualidade ou o serviço fazendo destes os nossos pontos fortes.
Esta tem sido a realidade da empresa, sem esquecer o que foi, o que é, e encontrando novas definições para o que quer ser. Numa perspetiva futura, ao nível estratégico, a necessidade será reforçar o que existe; ganhar consistência no mercado espanhol; reforçar a posição e a boa imagem no mercado angolano; e estão lançadas algumas pequenas “sementes” em Marrocos.
Os pequenos negócios serão abandonados para equacionar um negócio de outra dimensão, numa abordagem de reduzir os gastos e reforçar o que já existe.
Não é fácil, lamenta, mas hoje a estratégia tem de ser modificada acompanhando a perspetiva de negócio. Para Fernando Moreno, um dos fundadores da empresa, haverá certamente uma mudança de estratégias, mas numa velocidade constante.