A ligação simbiótica entre Arquiteto, Cliente e Lugar

Nuno Nunes, Arquiteto e CEO, em entrevista à Revista Business Portugal, partilha insights sobre a abordagem arquitetónica da BIG Arquitetos, localizada na cidade do Porto, destacando a combinação do Arquiteto, Cliente e Lugar como fundamental para garantir uma proposta diferenciada e personalizada a cada cliente.

 

 

Nuno Nunes, Arquiteto e CEO

 

Considerando a filosofia da BIG Arquitetos de criar obras que melhorem a experiência de vida das pessoas, como é que integram essa missão nos vossos projetos?

De uma forma sintética, podemos dizer que cada projeto na BIG Arquitetos resulta da combinação entre três pontos fundamentais: a nossa visão enquanto Arquitetos, com uma ideia ou conceito subjectivos para o projeto a desenvolver; o desejo do Cliente – entendido como a parte mais importante – que dita o programa e condicionantes que encaminharão para um resultado final exclusivo e personalizado; e, o Lugar, que para além de nos conceder um contexto urbanístico, também tem as suas particularidades morfológicas e de orientação solar, que particularizam igualmente a proposta e a tornam única. A combinação destas três entidades  – Arquiteto, Cliente e Lugar – no nosso entendimento, para além de garantir uma proposta diferenciada e personalizada a cada cliente e a cada terreno, faz com que a nossa preocupação em desenvolver uma arquitetura moderna com foco no bem-estar e adaptado ao modo de habitar de cada cliente atinja o seu objectivo, resultando quase como que uma extensão da própria personalidade do cliente no seu edifício, o que eleva também a arquitetura de um estado corpóreo a um certo estado espiritual. Pode parecer absurdo ou até básico comparar mas, da mesma forma que uma pessoa se veste de determinada forma ou tem preferência pela escolha de determinado carro ou ornamentos, e isso a define e proporciona bem-estar, o facto de um edifício resultar dos gostos pessoais dos clientes e do seu modo de habitar melhoram a sua experiência de vida. Uma pessoa habituada a vestir-se da forma A se de repente é obrigada a vestir-se da forma B, a qual repudia, facilmente se depreende que a pessoa não se vai sentir bem ou não se sente “ela própria”. Consideramos da mesma forma impensável fazer uma arquitetura que não atenda às características particulares de cada cliente, ainda para mais tratando-se de edifícios, onde passamos a maior parte das nossas vidas.

A relação de proximidade é um pilar fundamental do vosso atelier, como é que essa proximidade se traduz no processo criativo? Como é que equilibram a vossa visão enquanto profissionais com as necessidades e desejos individuais dos vossos clientes?

Pensamos que a resposta à questão anterior já reflicta a visão do nosso escritório. De facto a relação de proximidade entre arquiteto e cliente é considerada, por nós, essencial. Realizamos o número de reuniões ou conversas necessárias com o cliente até chegar à proposta desejada. O desígnio do cliente é, em termos efetivos, claramente necessário para estabelecer o programa e condicionantes que interferem no nosso trabalho enquanto arquitetos, mas é, sobretudo, crucial,  no relato das suas preferências e modo de habitar, que permitem que a proposta se adapte às suas vivências e ganhe personalidade. Nem sempre a visão enquanto arquiteto coincide com a do cliente mas quando isso acontece, cabe-nos a nós, profissionais, conversar e demonstrar com exemplos que determinada ideia não resulta tão bem, de modo a que o cliente reconheça e confie na nossa experiência profissional. O diálogo é importante  e a relação de proximidade torna-se, à medida que o projeto nasce e avança, uma relação de confiança.

 

 

 

A ousadia em assumir riscos e explorar conceitos fora da norma é uma característica distintiva da BIG Arquitetos. Como é que encontram o equilíbrio entre a inovação e a funcionalidade nos vossos projetos?

A Arquitetura conjuga forma com função, pelo menos assim consideramos. A forma ou a ousadia dos nossos traços não é feita de forma gratuita. Resulta primeiramente da relação Arquiteto-Cliente-Lugar que já abordámos anteriormente e, de seguida, prende-se com a nossa vontade, enquanto arquitetos, de explorar novas formas e de nos desafiar criativamente. A própria procura por uma arquitetura adaptada a cada cliente, e que reflita a sua personalidade, leva a que cada edifício se diferencie e explore novos conceitos, ou priorize certos elementos em detrimento de outros. A inovação e conceitos fora da norma surge desse mesmo desafio, imposto em nós, de nos querer suplantar e criar um edifício moderno que, para além de responder às condicionantes programáticas, se distinga e adquira sua própria personalidade. Da mesma forma que cada pessoa é diferente e cada cliente é único, entendemos essa mesma exclusividade no que se transpõe aos edifícios desenvolvidos.

Como é que definem a “escala humana” nos vossos projetos e como é que a priorizam, especialmente em projetos de grande escala?

A atenção dada ao cliente, ao que ele deseja e prioriza, de certa forma, já propicia “escala humana” aos projetos e faz com que a arquitetura se torne mais “humana”, menos fria e inerte. Em projetos de grande escala, o pensamento mantém-se, no entanto, pelo próprio desafio de uma escala maior, muitas vezes essas “escala humana” pode ser conseguida através de algum detalhe ou material que diminua “visualmente” essa maior dimensão do edifício, ou ainda através de alguma configuração ou elemento que “humanize” o espaço. Nesse sentido, o desenvolvimento de pátios ou espaços verdes privativos permitem frequentemente que os espaços interiores criados se projectem para o exterior, relação interior-exterior esta que, ao trazer o “verde” para o quotidiano do seu habitante, acaba por compensar a aparente “falta de escala humana inicial” e proporciona bem-estar aos utilizadores do edifício. Existem inúmeras formas para a definição da “escala humana”, a estratégia a adoptar dependerá sempre de projeto para projeto.

 

 

Olhando para o futuro, quais são os principais objetivos e estratégias da BIG Arquitetos para continuar a inovar e melhorar o seu trabalho? Há alguma área específica em que estejam especialmente interessados em explorar ou expandir nos próximos anos?

O nosso modus operandi tem sempre como foco o bem-estar dos nossos clientes, sem esquecer a óptica de desenvolvimento de uma boa arquitetura. O constante desafio, imposto em nós próprios enquanto arquitetos, quer no que diz respeito à criatividade, quer na resposta dada a cada cliente, mantém-se, pelo que a conjugação dessa preocupação com a atenção dada à actividade do nosso exercício profissional à luz das novas tecnologias e desafios atuais emergentes, encaminhará naturalmente para a nossa expansão nos próximos anos. Para esse efeito, temos acompanhado, de forma ativa, vários eventos e workshops de modo a estarmos a par com todas as novidades de software, materiais de construção e preocupações atuais da Arquitetura em si. A questão da sustentabilidade e as novas tecnologias surgidas são claramente dois temas interessantes e que influenciarão muito a Arquitetura do futuro, pelo que a participação em eventos tem tentado também acompanhar os novos desenvolvimentos, mesmo em termos de materiais. Especificamente, preferimos não revelar antes do tempo, mas a BIG Arquitetos está atenta e encontra-se a preparar novas formas de abordagem no desenvolvimento de edifícios.

You may also like...