A história de um hotel com um propósito solidário

Padre José Augusto

O Padre José Augusto deu-nos a conhecer o Steyler Fátima Hotel. Reconhecido pelos seus hóspedes pela qualidade acima da média, aqueles que por lá passam, acabam por regressar, tal como nos conta o próprio. 

 

Para começar, gostaríamos de conhecer um pouco sobre a história do Steyler Fátima Hotel que, pelo que sabemos, nasceu com um propósito solidário. O que nos pode contar sobre isto?

Eu faço parte da congregação dos Missionários do Verbo Divino, fundada na Holanda, por um padre alemão, Arnaldo Janssen. Desde o início que a congregação procurou acolher sacerdotes e irmãos de vários países, tendo começado na China, alargando-se, mais tarde, para os outros países do mundo, estando, atualmente, em cerca de 80 países. Em Portugal, estamos desde 1949, tendo iniciado a presença verbita na vila de Tortosendo, perto da Covilhã. Posteriormente, também se manifestou a vontade de criar uma comunidade verbita em Fátima, junto ao Santuário da Nossa Senhora, e, por isso, no dia 21 de setembro de 1954, fez-se a abertura do ano letivo do novo Seminário.

A história do hotel em si, está ligada ao nome de José Otto Popp, sacerdote SVD. Quando este chegou a Portugal, vindo da Alemanha, para assumir o cargo de superior regional, trouxe consigo experiência e sabedoria suficiente para entender que era necessária a criação de fundos económicos, de modo a consolidar a atividade missionária da Igreja. Com o propósito de apostar na sustentabilidade económica, adquiriu, em 1960, a Pensão Iria, no local onde se encontra, atualmente, o Steyler Fátima Hotel e a Paramentaria Verbo Divino. Na altura, decidiu alterar o nome para Casa Verbo Divino, dando-lhe uma identidade verbita. Ao longo do tempo, foram ocorrendo transformações que aumentaram a capacidade da nossa unidade hoteleira e é em 2009 que a instituição passa a chamar-se Steyler Fátima Hotel. Esta mudança dá-se pela necessidade de evidenciar o caráter internacional desta unidade, em Fátima, tendo-se também manifestado na qualidade e inovação dos serviços que presta.

 

Qual é a capacidade total deste hotel? Todos os vossos hóspedes estão associados à prática religiosa? 

O Steyler Fátima Hotel é um hotel de quatro estrelas que, de momento, conta com cinco apartamentos e 204 quartos na totalidade. Para além das suites, temos quartos singles, duplos, triplos e quádruplos. Quando terminamos as remodelações, por volta de 2015, um dos nossos principais objetivos era atrair famílias e é por isso que os quartos, em geral, são bastante espaçosos e têm capacidade para três camas e um berço, se necessário. Ainda ao nível dos espaços, temos uma capela, um jardim com a Via Sacra, a Paramentaria, um atelier, ginásio, o Kids Club e um parque de estacionamento gratuito.

Relativamente aos hóspedes, aos fins de semana, normalmente, recebemos grupos que estão ligados ao turismo religioso e que vêm para participar nessas celebrações, nomeadamente no dia 13. Já durante a semana, somos procurados por muitas pessoas que vêm a cidade de Fátima como um lugar central que lhes permite, depois, visitar outros locais, o que nos veio ajudar a diminuir a diferença que sentíamos em termos de movimento entre o período semanal e os fins de semana. Ademais, o facto de termos duas salas e um auditório, deu-nos a possibilidade de poder receber congressos, sessões de formação, encontros empresariais, entre outros. Ainda assim, importa referir que o hotel está aberto a todos e que o objetivo desta casa se mantém inalterado: queremos ser uma fonte de rendimento que suporte não só a nossa atividade em Portugal, mas também outros locais que possamos ajudar.

 

Criaram o Kids Club precisamente com esse propósito de atrair mais famílias?

No âmbito dessa renovação que terminou em 2015, criamos o Kids Club, cujo contexto está associado à mensagem de Fátima, nomeadamente às aparições do anjo. Há uma gruta onde as crianças podem brincar e umas pinturas na parede que representam o próprio anjo. Paralelamente, colocamos à disposição das crianças alguns tablets porque consideramos que, nos tempos que correm, as novas tecnologias são indispensáveis. Concomitantemente, temos um parque exterior onde as crianças também se podem divertir se estiver bom tempo.

 

Foquemo-nos no atelier. A qualidade é o que faz realmente a diferença nos vossos produtos?

Neste atelier produzimos artigos de qualidade e à medida do cliente. Para além de restauramos imagens, paramentos ou os estandartes das procissões, também fazemos novos e é por esse motivo que temos, por exemplo, uma costureira e uma pintora. Além disso, vendemos os tecidos para que as pessoas possam, também elas, fazer os seus artigos em casa. Procuramos primar pela qualidade e, recentemente, criamos uma linha low-cost a pensar no público com menos possibilidades em termos económicos.

Há que destacar o trabalho da nossa equipa, tanto a do atelier como a da Paramentaria, dotada de experiência e criatividade, que todos os dias dá o seu melhor em prol do bom funcionamento da casa.

 

Voltando aos hóspedes, aqueles que, em algum momento, frequentaram o vosso hotel, acabam por voltar?

Sim, felizmente temos criado uma relação de fidelização com aqueles que nos visitam. Isto é fruto de uma ação bastante forte ao nível do marketing, principalmente nas feiras de turismo religioso onde temos participado, o que nos tem permitido diminuir a sazonalidade que, como é sabido, é um dos principais problemas que os hotéis localizados em Fátima enfrentam.

 

O prémio de PME Excelência é o reflexo de uma gestão cuidada?

Sim, tudo isto exige uma gestão muito cuidada até porque uma parte do hotel já está totalmente renovada, mas a outra ainda está a ser. No fundo, temos que gerir dois hotéis que, apesar de garantirem o mesmo serviço de qualidade, os quartos que os compõem possuem decorações distintas. Enquanto que um deles tem uma decoração mais clássica e está vocacionado para grupos, a parte renovada está mais direcionada para individuais ou grupos mais exigentes no que se refere à qualidade do quarto.

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