“A arquitetura é um instrumento de comunicação e de expressão”
Para o arquiteto Pedro Cansado, a arquitetura possui múltiplas definições e é capaz de ter um impacto positivo na melhoria da vida das pessoas. Em 2019, abriu o seu atelier, o Parqstudio, onde, segundo o próprio, existe um ambiente de grande proximidade com o cliente.
Apresente-nos o Parqstudio, bem como os serviços que disponibilizam aos clientes.
Em 2019, após alguns anos a ganhar experiência em empresas de arquitetura e de construção, entendi ser o momento de arriscar e abrir o meu próprio atelier, de forma a materializar a minha visão enquanto arquiteto, ou seja, ajudar as pessoas através da arquitetura, gerando respostas criativas aos problemas e solicitações propostas. Desde então, o trabalho desenvolvido tem sido amplo e variado, com intervenções em espaços públicos, empreendimentos turísticos e complexos industriais, mas, sobretudo, com o nosso foco mais direcionado para a habitação unifamiliar.
Funcionamos quase como uma pequena oficina, num ambiente de grande proximidade com o cliente, empenhados no processo de concretização das suas ambições, entendendo sempre que o projeto se desenvolve em diferentes etapas e que a sua soma deve transcender a ideia básica de construção. Temos a ambição de oferecer um produto moderno, contemporâneo, de excelência, com controlo em todas as fases do projeto.
Explique em que consiste a sua visão sobre a arquitetura.
A arquitetura tem múltiplas definições difíceis de sintetizar. A meu ver, esta não é só construção e funcionalidade, é ideia; é a relação entre a técnica e a estética; é um instrumento de comunicação e de expressão; é, em última análise, uma ferramenta com impacto coletivo que pode ajudar a melhorar a condição de vida das pessoas.
A arquitetura tem diferentes estilos e formas de expressão. Por um lado, acreditamos na síntese, na simplicidade, no “menos é mais”, na limpeza estética e na pureza do espaço e das formas. Por outro lado, sendo os Açores o nosso território de atuação mais comum, cremos numa arquitetura que se conecte com a natureza envolvente. Acreditamos que a arquitetura tem a capacidade de potenciar a relação do homem com o seu meio ambiente. Os novos sistemas e métodos construtivos permitem abrir grandes vãos envidraçados e criar essa relação física e visual com a natureza rica dos Açores. Tentamos que esta premissa esteja sempre presente em cada projeto, seja pela aplicação dos materiais regionais – madeira, pedra basáltica, etc. -, ou através de eixos visuais que organizam o interior das edificações.
Deste modo, apostamos numa linguagem arquitetónica contemporânea, com liberdade formal, fluidez e amplitude dos espaços e linhas simples. Em suma, uma linguagem que permite moldar a realidade à medida dos clientes.
A paixão que colocam em todos os trabalhos que desenvolvem é, também, um dos fatores que vos diferencia da concorrência?
Temos a noção de que nos inserimos num mercado pequeno, onde existem excelentes profissionais. Tratando-se de uma profissão extremamente difícil, pela sua exigência e multidisciplinariedade, penso que, para alcançar bons resultados, a paixão é um ingrediente distintivo, fundamental para o arquiteto. Aliás, em qualquer profissão ou ofício, a paixão é um fator que nos leva “mais além”.
Acredito que as pessoas procuram os nossos serviços pela arquitetura que desenvolvemos, essencialmente, pela sua expressão estética e individualidade. Para o resultado ser excelente, todas as etapas de desenvolvimento têm de ser muito exigentes, de forma que o projeto de arquitetura seja mais coerente e, consequentemente, concorra para um cliente mais satisfeito.
Quais é que são os vossos principais clientes? E a área geográfica de atuação?
O atelier tem como foco alcançar famílias que procuram um lar contemporâneo, conectado à natureza. Contudo, já transpusemos esta ideologia para projetos de outra índole, como empreendimentos turísticos, espaços comerciais e complexos industriais e de escritórios. Neste sentido, temos uma carteira de clientes bastante diversificada, apesar do nosso maior mercado de atuação ser o dos Açores.
Como é que olha para o futuro do sector, em geral, e do Parqstudio, em particular?
Julgo que, a curto prazo, a construção poderá passar por uma fase menos boa, mas estou animado em relação ao futuro a longo prazo.
No que à habitação concerne, em Portugal, existe uma grande procura por imóveis e pouca oferta, e centenas de imóveis devolutos, aos quais se podem dar novas condições de habitabilidade. Existe, por isso, uma forte motivação para que nos próximos anos se criem novas habitações, até como medida estratégica para combater a inflação no sector imobiliário.
Do mesmo modo, o sector do turismo no país está de vento em popa, nomeadamente, nos Açores. Por este motivo, e tendo em conta que se poderão ultrapassar problemas, como por exemplo, a escassez de mão-de-obra, penso que todas as atividades que circundam esse ramo manter-se-ão de plena saúde.
No nosso caso, em particular, acredito que o futuro se constrói todos os dias, com paixão, dedicação e inovação, pelo que me sinto otimista em relação ao futuro do escritório.