45 anos de memórias

Ferro Velho, o restaurante com 45 anos, situado em Amora, que cresceu graças ao sonho de dois imigrantes portugueses que rumaram até França. Em entrevista à Revista Business Portugal, Pedro Tempera, gerente do “Ferro Velho – Restaurante” dá a conhecer a história e essência deste espaço gastronómico e vínico, e abre o álbum das memórias que fazem parte da essência deste espaço.

 

Pedro Tempera, Gerente

 

 

 

Do sofisticado ao básico, o “Ferro Velho – Restaurante”, um espaço com cerca de 45 anos, tal como o conhecemos hoje nasceu de um sonho. Os pais de Pedro viveram dez anos em França, após o 25 de Abril regressaram a Portugal para concretizar planos que estavam bem traçados: “comprar o Ferro Velho”. O restaurante existia há cerca de dois anos quando foi comprado pelo casal Tempera. Uma das características do restaurante é o nome, que está associado a um dos dois antigos proprietários “um deles era sucateiro, trazia peças de sucata e ferro velho que serviam de decoração para o espaço, então devido a isso acabaram por dar o nome ao espaço de Ferro Velho – Restaurante”. 45 anos depois o nome mantém-se. Em relação ao ADN do restaurante, o casal deu o seu cunho pessoal, ou seja, a história que está subjacente é muito ligada ao regresso ao nosso país: “No caso do meu pai, regressou para trabalhar na sua área de formação-hotelaria, pela qual sempre foi apaixonado, já a minha mãe era costureira de formação, mas como digo em tom de brincadeira rapidamente se habituou ao vapor do tacho”. Uma das novidades que o casal trouxe ao “Ferro Velho – Restaurante”, na altura, foram os pratos diferenciadores “trouxeram a carvoada, os fondues, a adaptação de pratos que existiam em França, partilharam a experiência de estar fora, inovaram aquilo que era o Ferro Velho da época, trouxeram essa gastronomia francesa e deram muito cunho pessoal ao restaurante”. Foram ideias inovadoras que transformaram de forma positiva o rústico restaurante na década de 80.

Atualmente, o “Ferro Velho” é muito mais do que um restaurante, destaca-se pelas recordações dos seus clientes, “em 45 anos, as histórias são infinitas, por isso as memórias dão muito prestígio ao restaurante”. Para Pedro é um orgulho imenso ouvir as pessoas a contarem episódios da sua vida, referenciando o “Ferro Velho”, ou seja “sentir que fazemos parte dos momentos importantes da vida das pessoas, acho que isso é o melhor que enquanto restaurateur eu poderia pedir, é o melhor reconhecimento e a coroação da vida”. O mais importante para Pedro Tempera é, sem dúvida, preservar a identidade do “Ferro Velho”, porque “são 45 anos de uma identidade única, é uma enorme responsabilidade preservá-la”. É indiscutível o poder que as boas memórias têm nas pessoas sublinha, dizendo: “Todos os dias, chegam-nos histórias de recordações incríveis, pessoas que tiveram o primeiro jantar em casal aqui ainda namorados, e hoje são avós nessa mesma relação! Casamentos, batizados, aniversários, há de tudo. O “Ferro Velho” é muito mais do que um restaurante, é um lugar de gerações e recordações, e não há nada que nos deixe mais felizes que isso”.

 

 

Pedro assumiu a liderança há sete anos. Formado na área financeira, os pais sempre lhe disseram (referindo-se à restauração) “isto não é para ti”, por isso o gerente optou por estes estudos. “Sempre estive ligado ao setor financeiro, mas o “Ferro Velho” é a minha casa”, revela Pedro não escondendo a ligação e memórias que tem com o restaurante. “Com cinco anos brincava na cozinha, fingia que cozinhava, como os meus filhos fazem atualmente”.

Pedro tenciona manter-se fiel à tradição e às origens do restaurante, “sinto este desafio como um legado, foram os meus pais que deram a identidade ao “Ferro Velho”, trata-se de uma história que se repete, e tenciono que daqui a 40 anos esteja aqui alguém a contar a mesma história. Queremos continuar a herança gastronómica, mantemo-nos fiéis à identidade que nos torna únicos”.

Nestes sete anos, o “Ferro Velho” cresceu e teve também um maior reconhecimento do público, não esquecendo da pandemia que se instalou pelo meio, o gerente caracteriza esse período como difícil: “Antecipámos o fecho na altura da pandemia e foi o momento mais difícil a nível profissional. Ninguém sabia o que ia acontecer e eu decidi reunir e manter a equipa. Passaram-se quatro anos, estamos cá para contar a história, mas o setor ainda está a recuperar”. Pedro sente, que apesar de tudo, a pandemia veio acelerar alguns processos importantes “mudaram-se hábitos de consumo, por exemplo no takeaway, hoje em dia existe uma maior facilidade e acessibilidade a esse tipo de compra, que não acontecia anteriormente, o confinamento veio acelerar este processo, e tornar o consumidor mais exigente e com uma maior oferta disponível. Hoje em dia, o cliente vem ao restaurante à procura de uma experiência diferenciadora”.

 

 

A excelência e diversidade do menu são um destaque no “Ferro Velho”, uma carta com as melhores ofertas do peixe à carne. Pedro transporta as suas experiências até à ementa do restaurante: “A alcatra regional da ilha Terceira, que confecionamos cá, vem de uma viagem que realizei à ilha Terceira, por exemplo. O facto de ter explorado o gosto pela gastronomia faz-me querer viajar mais e experimentar as diferentes culturas gastronómicas dos países”.

As especialidades do “Ferro Velho” são várias, a destacar as carvoadas e os fondues, as cataplanas, ou o arroz de marisco com lagosta. O nosso entrevistado sente que os clientes merecem os variados pratos e sempre com novidades, porque “as pessoas quando vão comer fora querem que a restauração ofereça aquilo que não comem em casa habitualmente”.

Os pratos que se confecionam à mesa também são um destaque no restaurante como esclarece Pedro: “São ótimos para proporcionar momento de partilha e divertimento. Uma carvoada, em que estamos a grelhar a carne à mesa, no nosso tempo, e estarmos a fazê-lo com calma, remete-nos para memórias familiares imensuráveis”.

Segundo o entrevistado, em Portugal, temos produtos excelentes e únicos, “não precisam de  grandes técnicas culinárias. Temos peixe incrível nas nossas águas, que na grande maioria das vezes, apenas precisa de sal e umas boas brasas para ser uma refeição inesquecível. Estamos a viver uma época em que a cozinha cada vez é mais trending, e impessoal, o tradicional por sua vez faz-nos viajar à mesa até à essência dos alimentos”.

 

 

 

Também a carta de vinhos do “Ferro Velho” é fenomenal, 600 referências, de vinhos portugueses a vinhos exportados, o restaurante conta com uma impressionante lista de possibilidades para agradar a todos.

Já nas sobremesas, Pedro garante que é importante uma boa diversidade e confeção própria, “temos de ter bastantes opções, desde uma sobremesa mais complexa até uma simples mousse de chocolate, mantemos equilíbrio entre o sofisticado e o simples”.

Todo este sucesso tem um grande trabalho de retaguarda, uma equipa de cerca de 24 trabalhadores, sendo notório o orgulho de Pedro: “Tanto a cozinha como a sala de refeições são locais muito exigentes, mas sei que posso contar com a minha equipa para a resolução de qualquer desafio que possa surgir. Digo muitas vezes que na cozinha não tenho cozinheiros, mas sim ninjas”. O nosso entrevistado tece grandes elogios à sua equipa e mostra-se feliz, pois sente que, hoje em dia, a restauração está a mudar nesse sentido. “Sinto que o setor da restauração está finalmente a ver as pessoas que nela trabalham como isso mesmo, pessoas. Efetivamente, as coisas só funcionam se tivermos uma boa equipa, para mim a minha equipa é, sem dúvida, imensurável”.

O gerente do “Ferro Velho” demonstra-se empenhado em manter a qualidade dos seus produtos e serviços, de preservar a história e identidade deste fantástico espaço e, acima de tudo, de fazer com que mais pessoas possam criar memórias e recordações: “Queremos que todas as pessoas que nos visitam desfrutem da melhor experiência possível, que vivam aqui momentos únicos, que levem consigo as melhores recordações e a certeza de que podem voltar sempre que assim o desejarem”.

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