Tradição e inovação de mãos dadas

A Casa Fernandes tem uma história com aposta em vários sectores: olivicultura, floresta e imobiliário, sendo a olivicultura a área de maior aposta, com um produto elaborado totalmente à moda antiga, como nos explica João Marques, em entrevista à Revista Business Portugal.

 

A Casa Fernandes, que vai na quarta geração da família, aposta em vários setores: olivicultura, floresta e imobiliário. Como tem sido pautado o vosso percurso?

João Marques, Gerente

Os negócios da Casa Fernandes começam nos anos 30, com o primeiro grande empreendedor e impulsionador desta casa, Augusto Fernandes. Tornou-se um industrial de sucesso, no sector da resinagem, proprietário de várias fábricas e de uma empresa, com forte ligação ao imobiliário, floresta e agricultura. É aqui que começa a história que me faz apaixonar por esta casa, e é no respeito pelos homens que se seguiram, que me inspiro para recolocar esta empresa na primeira linha de todos os negócios. O percurso, desde 2010, tem sido pautado por um crescimento em todos as vertentes de negócio, tendo tido um grande revés com os incêndios de outubro de 2017. Recomeçamos, praticamente, do zero a reconstruir, mas com muita resiliência e trabalho, temos conseguido crescer e o percurso tem tido uma evolução bastante positiva.

Na área de maior aposta, a olivicultura, criaram um produto produzido totalmente à moda antiga. A atenção ao detalhe faz com que o cliente se sinta em “casa”?

A relação com os nossos clientes é de grande proximidade. Gostamos que nos visitem, para verem a forma como trabalhamos e transmitir-lhes um sinal de confiança no nosso produto. Todos os detalhes são importantes. Aliamos a tradição e a inovação: temos um sistema mecanizado de transporte da azeitona, até à zona de extração do azeite, onde utilizamos o método antigo de decantação. Somos um lagar de prensas, mas, sabemos que há fatores importantes a seguir, para que possamos transmitir esse sentimento aos que confiam em nós. Há fases, na nossa laboração, que são identitárias da zona geográfica onde estamos inseridos, ou seja, bastante identificativas da nossa terra e das nossas tradições. Por isso, evoluímos com a tradição e a inovação de mãos dadas. Temos aprovada a construção de um pavilhão com 100 m2 para uma nova linha de enchimento, embalamento e rotulagem, algo que espero que comece a ser uma realidade no final da atual campanha.

 

O sucesso da Casa Fernandes consiste em abranger novas áreas ou manter as que existem e explorar as suas potencialidades?

As duas coisas. Quando me dediquei de corpo e alma a esta casa, decidi que o rumo seria potencializar ao máximo as áreas existentes. Voltarmos a ser investidores de primeira linha, em negócios que pudessem ser uma mais-valia. Investimos milhares de euros na floresta, com a aquisição de novos terrenos e na reabilitação de dezenas de apartamentos, dos quais, somos proprietários. O meu espírito é de investidor, de criar riqueza, principalmente numa zona do interior, já por si desfavorecida e esquecida. A nossa zona, pode-nos trazer vantagens e, antecipando o que pode vir a ser o futuro, a fileira do Medronho e do turismo são objetivos e áreas em que, brevemente, estaremos envolvidos.

 

Com a situação pandémica e sendo o vosso negócio bastante tradicional, pensam alterar a forma como chegam aos vossos clientes ou não sentem essa necessidade?

Sentimos, principalmente no primeiro confinamento, uma quebra de vendas de azeite. Os nossos clientes encerraram portas ou tiveram uma quebra acentuada de clientes e de receitas. Mas, temos os nossos habituais de dimensão média/ alta, o que permitiu que a procura voltasse ao normal em pouco tempo. Um exemplo disso, são os cabazes. Neste Natal, estando o negócio condicionado, surgiu esta oportunidade. Temos centenas de encomendas, onde a garrafa de azeite combina perfeitamente com outros produtos tradicionais. A minha obrigação, como gestor, é tentar reinventar formas alternativas. Infelizmente, no interior, somos postos à prova muitas vezes, não é nada a que não estejamos habituados. Se queremos sucesso, temos de o procurar de forma assertiva e apaixonada pelo que fazemos. Nada cai do céu e, desistir, para mim, é a última palavra do dicionário.

 

A Casa Fernandes a edição premium da Revista Business Portugal, na temática “Os melhores azeites de Portugal 2020/21. Como vê o estado atual deste mercado? Quais as perspetivas da Casa Fernandes para 2021?

Sou um respeitador dos meus colegas produtores que optam por outras formas de laboração, mas nós, ainda somos muitos em todo o mercado nacional e internacional, que cumprimos as regras de higiene do lagar e das boas práticas de produção de azeitona e da sua salubridade. Por vezes, sinto que somos olhados com desconfiança. Não quero acreditar que exista um lobby instalado no sector, por isso a diversidade deve ser oferecida ao mercado, e não subestimar o conhecimento dos portugueses e outros na prova dos azeites.

Temos cerca de 30 hectares de Olival, da variedade Galega. Colhemos a azeitona num período mais tardio da sua maturação, o que confere ao nosso azeite características mais suaves e doces. Tudo isto, só se faz, com um grande respeito pela azeitona e pelo azeite. Cuidamos do nosso Olival, porque é aqui que começa um bom azeite. Quando nos dizem que o nosso azeite é diferenciado ou que relembra algo, fico extremamente satisfeito! Temos tido uma procura enorme e neste momento em que os 30 hectares começaram a produzir, não temos ainda a capacidade de resposta, mas, o nosso objetivo é continuar a trabalhar com amor, paixão e esperar que a matéria-prima nos permita dar o próximo passo que é a internacionalização. Recusamos China, Angola e até alguns grandes produtores portugueses, mas acredito que chegaremos, brevemente, aos 4 cantos do MUNDO!

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Morada: Sede: Largo da Igreja, Nº1

Lagar: Sobral (Oleiros)

Email: geral@casa-fernandes.pt

Contacto: 963 081 315

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