TERRA DE ÁGUA E DE ARTES
As Caldas da Rainha deram o salto além-fronteiras e estão na rota do mundo. Preservando sempre a sua origem: a água e as artes, o concelho tem-se afirmado e apostado no desenvolvimento de outras componentes, o que tem contribuído na promoção do turismo e economia. Em entrevista à Revista Business Portugal, o Presidente da Câmara Municipal, Fernando Tinta Ferreira, afirma que as Caldas da Rainha estão em constante crescimento, tendo-se tornado atrativa não só para visitar, mas também para viver.
As Caldas da Rainha não nasceram como outras cidades, começa por explicar-nos o seu presidente: “Nós nascemos quando a rainha mandou fazer o Hospital Termal e isso define todas as nossas características. Tudo aquilo que resultou em atividade económica, foi por força da atividade termal e continuamos a fomentar e desenvolver isso”. Como consequência de os artistas irem às termas e interagirem com os caldenses, a cerâmica acabou por se desenvolver, fazendo das Caldas da Rainha um local de cultura artística, que prevalece até ao presente. Estas duas vertentes, da água e das artes, fazem com que a cidade acabe por ter um conjunto de cidadãos e investidores e uma organização em termos de vida comercial e de serviços muito relevante. “Somos a capital de serviços e comércio da região, o que faz com que tenhamos um conjunto de prestadores de serviços que se instalam na cidade, juntamente com as suas famílias”, afirma o presidente Fernando Tinta Ferreira, que acrescenta que as Caldas da Rainha têm uma vertente educativa e desportiva muito forte e diversificada, o que contribui também para a afirmação da região: “Temos uma prática desportiva muito eclética, com duas Federações instaladas, um Centro de Alto Rendimento e um conjunto de instalações que permitem que se pratiquem praticamente todos os desportos nas Caldas da Rainha. O facto de organizarmos muitas competições desportivas, por força do conjunto de infraestruturas e praticantes, faz com que muita gente venha às Caldas da Rainha, promovendo os alojamentos e serviços locais”.
Investimento e crescimento
Tem havido vários investimentos, o que contribui para o crescimento das Caldas da Rainha. Para além da requalificação urbana que está neste momento em curso, com a finalidade de melhorar a qualidade da água, saneamento e o espaço público; foi aberto um concurso internacional para os Pavilhões do Parque, um dos edifícios icónicos do património caldense e está ainda prevista a construção do Montebelo Bordallo Pinheiro Caldas da Rainha Hotel, com previsão de ficar pronto em 2021. “Passaremos a ter um hotel de cinco estrelas de referência nas Caldas da Rainha, o que significará, claramente, um upgrade nas características dos nossos turistas e, portanto, será uma âncora”, defende o presidente.
Um dos grandes investimentos feitos pelo município, foi no Hospital Termal, que estava fechado por falta de investimento do Estado. “Em 2012, suspenderam os tratamentos termais e, como vimos que a Administração Central não avançava, acabamos por tomar a iniciativa de negociar com o Estado uma concessão e, a partir de dois de dezembro de 2015, o Município passou a ser concessionário e gestor do património termal. Após cerca de um milhão de euros de investimento, reabrimos, este ano, os tratamentos termais, não estando ainda todas as valências a funcionar, por optarmos por fazer por fases, por se tratar de um grande investimento, mas conseguimos que as águas voltassem a estar sem problema absolutamente nenhum e que as pessoas façam tratamentos com excelentes resultados. ‘O termal voltou!’”, revela, entusiasmado, o presidente.
Diversidade de oferta
Caldas da Rainha é uma cidade ativa e dinâmica, com movimento, oferta cultural e qualidade de vida, o que faz com que muita gente – portugueses e estrangeiros – a procure, não só para visitar, mas também para viver. Com uma localização privilegiada, quem por aqui passa não fica indiferente às praias da Foz do Arelho ou Salir do Porto, à Lagoa Azul, ao Parque Dom Carlos I ou à Praça da Fruta. Na cidade, pode ainda percorrer-se a Rota Bordalliana, composta por reproduções de um conjunto de peças de Bordallo, em tamanho gigante e que estão espalhadas pela cidade. “Os turistas vão de peça em peça e acabam por conhecer a cidade, através do conhecimento que faz das peças. É uma rota muito apreciada, assim como uma outra que é de Ferreira da Silva, artista que tem muitas obras públicas espalhadas pela cidade, de escultura e azulejo”, explica o nosso entrevistado.
Ao longo do ano, há iniciativas de grande impacto, como é o caso da FRUTOS, Tasquinhas, Caldas Nice Jazz, Street Food Festival e ainda outras iniciativas nas freguesias, como o Festival da Codorniz, no Landal, o que valoriza o concelho. Neste mês, tem lugar o tradicional Carnaval. “Fazemos um sambódromo em frente à câmara. Reconhecemos que não somos a capital do Carnaval, mas é muito rico e festivo, com muita tradição e envolvência, com iniciativas das nossas coletividades e visitado por muita gente”, refere.
Cidade Criativa da UNESCO
Foi no final do ano passado que Caldas da Rainha foi distinguida como Cidade Criativa da UNESCO, na componente do artesanato e arte popular. “A promoção das atividades da cerâmica, pintura, escultura, música, bordados, com conjuntos de exposições e iniciativas e criação de novos espaços, criam condições para nos ajudarem a demonstrar, junto da UNESCO, que a nossa cidade tem um conjunto de características merecedoras da distinção de Cidade Criativa”, explica-nos o presidente, que acrescenta que Caldas da Rainha deu “um salto internacional. Hoje, somos conhecidos no mundo, o que consagra aquilo que são as Caldas da Rainha na cultura. E isso é evidente: temos a maior concentração de escultura de Portugal em pedra do século XX, o Museu Nacional da Cerâmica, o Museu Malhoa e temos ainda artistas da cerâmica, como Mafra, Bordallo Pinheiro e um conjunto de novos artistas de referência, que são cada vez mais reconhecidos a nível nacional e internacional, que contribuem para a afirmação das Caldas da Rainha”.
Afirmação, essa, que está comprovada, tendo Caldas da Rainha um aumento do índice de notoriedade, o que faz do povo caldense um povo orgulhoso da sua cidade e da oferta que esta proporciona. Para quem visitar, o presidente Fernando Tinta Ferreira garante que vai gostar e voltar. “A rainha mandou-nos ser hospitaleiros e nós cumprimos. Serão bem acolhidos e não faltará oferta cultural e espaços de lazer fantásticos”.