Os Glaucomas

Os glaucomas são uma doença plural: o glaucoma congénito, pouco frequente, mas grave pela limitação visual que pode impor desde o nascimento; o glaucoma agudo, por encerramento súbito do ângulo da câmara anterior do olho, verdadeira urgência oftalmológica, o único verdadeiramente sintomático (e muito doloroso) que conduz a rápida perda de visão, se não tratado imediatamente; e, por fim, o mais frequente, o glaucoma de ângulo aberto, primário ou secundário.

Dr. António Rodrigues Figueiredo e Dr. André Diogo Barata, Oftalmologistas, Consulta de Glaucoma, ALM Oftalmolaser

Qualquer que seja o tipo de glaucoma, eles têm um denominador comum: levam à perda de fibras do nervo óptico, causando uma atrofia típica da sua porção visível (a escavação glaucomatosa), que se traduz clinicamente na perda progressiva, e irreversível, do campo visual, atingindo, de forma mais ou menos rápida, a visão central, com impacto funcional importante.

A fisiopatologia é discutível mas a hipertensão ocular é, clara e comprovadamente, o principal factor de risco para o glaucoma. O envelhecimento conduz a perturbações na drenagem do humor aquoso para fora do globo ocular, nomeadamente, a nível do trabéculo pigmentado que filtra a saída do humor aquoso no ângulo camerular, conduzindo a um mecanismo de resistência aumentada que é dos mais importantes na fisiopatologia da doença. No entanto, factores vasculares que diminuam a perfusão do nervo óptico podem estar envolvidos, bem como factores genéticos.

Então, já temos aqui os principais factores de risco para glaucoma: em primeiro lugar, de longe, a hipertensão ocular. Em segundo, a idade e a história familiar de glaucoma. Mas também os factores vasculares, a diabetes e, eventualmente, a raça negra e a alta miopia.

A gravidade do glaucoma consiste na sua irreversibilidade e tendência persistente de progressão. Depois, por afectar a visão, o órgão dos sentidos mais valorizado, e também o mais diferenciado: os dois nervos ópticos contêm cerca de um terço de todas as fibras nervosas que entram no sistema nervoso central. E também, pela sua prevalência: entre 1 a 3 % na população acima dos 55 anos.  Esta estimativa baseia-se em dados dos E.U.A e União Europeia, que também apontam para percentagens de doentes não diagnosticados que podem atingir 50% dos casos referenciados. E, por último, não esquecer que cerca de 15% dos doentes com glaucoma vão sofrer de cegueira legal, pelo menos em um dos olhos.

Receção Unidade de Almada

Diagnosticar o glaucoma não é fácil – cursa de forma assintomática até ao aparecimento de perda significativa do campo visual ou visão central, e nessa fase é difícil parar a sua progressão até estadios terminais. Em boa verdade, mesmo a sua deteção por exame de campos visuais, só surge quando cerca de 30% das células ganglionares já estão perdidas! É por isso que mediatizamos o glaucoma como “o ladrão silencioso da visão”.

Outro meio de diagnóstico, mais sensível e precoce que os campos visuais, é o OCT – Tomografia Óptica Coerente. Este é um meio estrutural de diagnóstico, que avalia por cortes tomográficos o nervo óptico, detectando precocemente as zonas de perda celular.

Na prática clínica, a medição da tensão ocular é um aspecto de particular importância: por ser o mais importante e único factor de risco onde podemos actuar. Por outro lado, o seu controle constitui a forma mais prática e imediata de ter uma ideia aproximada sobre o controle da doença. Portanto, baixar a pressão ocular elevada, trazendo-a para valores onde não haja progressão da doença é forma mais eficaz que conhecemos de tratar os glaucomas.

Receção Unidade de Lisboa

Qual o valor máximo de tensão ocular normal? Um hipertenso ocular é um indivíduo com tensão superior à média estatística da população onde se insere: para nós, esse valor corresponde classicamente aos 21 mmHg. Estudos mostram que o risco significativo de desenvolver glaucoma surge acima dos 24 mmHg e torna-se crítico acima dos 29 mmHg. Mas sabemos que há glaucomas a agravar com valores inferiores a 21 mmHg, pelo que é essencial ajustar a terapêutica individualmente ao nosso doente.  A medição da tensão ocular é um aspecto tão importante na génese do glaucoma, e no seu próprio diagnóstico e terapêutica, que na Clínica ALM dispomos de técnicas diferenciadas de medição, incluindo os modernos dispositivos de avaliação de tensão ocular em 24 horas. A equipa de Técnicos ortoptistas da Clínica está preparada para treinar e ajudar os doentes na execução deste último exame.

A maior parte dos glaucomas é controlado mediante a utilização de medicamentos sob a forma de gotas oculares. Menos aplicações diárias e menos efeitos secundários são aspectos importantes quando falamos de terapêuticas a manter durante anos consecutivos, muitas vezes, senão a maior parte, quando o doente não sente ainda os sintomas da doença de que sofre. Tratamentos confortáveis ajudam a evitar o abandono da terapêutica, um dos problemas com que mais nos debatemos nos estadios assintomáticos da doença. Na ALM, sabemos que a motivação e apoio da nossa Equipa de Saúde, bem como do círculo familiar, são fundamentais.

Bloco Cirúrgico

Outra arma terapêutica consiste no tratamento a laser. Constitui a forma mais utilizada de prevenir e tratar os glaucomas de ângulo estreito. Na ALM a trabeculoplastia selectiva (SLT) está também disponível para o tratamento de alguns glaucomas de ângulo aberto, bem como técnicas ciclodestrutivas (diminuição da produção de humor aquoso) por ultra-sons.

Por fim, a cirurgia: para os casos em progressão e/ou com tensões oculares elevadas não controláveis sob outras terapêuticas ou intolerantes às mesmas: cirurgia filtrante, com ou sem implante de um dispositivo de drenagem. Mas também, graças ao avanço tecnológico, na clínica ALM a abordagem microcirúrgica minimamente invasiva (micro-implantes trabeculares ou dispositivos conjuntivais), quando indicado, e que tem permitido alargar o leque de indicações para cirurgia, aumentado a segurança, acelerando a recuperação visual e diminuindo o desconforto pós-operatório. As cirurgias de glaucoma são geralmente feitas com anestesia local e em regime ambulatório.

Exame OCT (Tomografia de Coerência Ótica)

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