Leishmaniose Canina
A Leishmaniose canina é uma doença parasitária endémica em mais de 70 países, em quatro continentes. A forma mais comum é a leishmaniose visceral zoonótica que afeta órgãos internos como o fígado e o baço, mas também a medula óssea, os linfonodos (gânglios linfáticos), entre outros. Em Portugal, a infeção é sobretudo causada por um parasita unicelular, o protozoário Leishmania infantum, transmitido por insetos fêmea do género Phlebotomus (vulgo flebótomo).
Quando infetados, estes pequenos insetos cor de palha que vivem nos abrigos dos animais, jardins, matas, caixotes de lixo, etc. inoculam o parasita, nos hospedeiros (cães, gatos, homem, raposa, lobo, coelho, entre outros) durante a refeição sanguínea. Existem, ainda, outros tipos de transmissão do parasita como é o caso da transfusão sanguínea, da transmissão venérea e da transmissão mãe-filho. O período de incubação varia de 1 mês a 2 ou mais anos, podendo a infeção progredir para doença.
A leishmaniose canina é uma zoonose uma vez que pode ser transmitida dos animais ao Homem, através do inseto. Os cães que vivem no exterior ou que passam muito tempo ao ar livre, de raças exóticas, que apresentem pelo curto e com idade igual ou superior a dois anos, correm maior risco de serem infetados devido ao contacto com flebótomos.
De realçar que é muito improvável que um ser humano se infete por contacto direto com um cão com Leishmaniose sem que haja a intervenção do inseto. Nos humanos, esta doença ocorre, principalmente, nas populações mais carenciadas em áreas rurais e suburbanas ou em indivíduos imunodeprimidos. Porém, sob tratamento correto, a percentagem de cura é acima dos 95%.
O diagnóstico precoce é fundamental
Após a transmissão do parasita, o desenvolvimento ou não de sinais clínicos vai depender do sistema imunitário do cão. Muitos cães mantêm-se infetados, constituindo reservatórios do parasita, contudo, sem apresentarem sinais clínicos. Porém, em outros, observa-se uma rápida evolução para doença mais ou menos grave.
Os sinais clínicos desta doença em cães são variados destacando-se o aumento dos linfonodos, maior crescimento das unhas, emagrecimento, surgimento de sinais cutâneos como perda/enfraquecimento do pelo, úlceras, descamação da ponta das orelhas e, por vezes, sangramento nasal, alterações articulares e sinais de doença hepática e/ou renal.
O diagnóstico é fundamentalmente clínico e apoiado em exames laboratoriais para deteção da infeção por Leishmania (pesquisa de anticorpos no soro, observação direta do parasita ao microscópio ou pesquisa de DNA em amostras biológicas) e avaliação do estado geral do animal.
Após o diagnóstico, a gravidade do quadro e o prognóstico esperado são determinados. Existem vários tratamentos possíveis, para controlar a doença e reduzir as complicações, visando melhorar a qualidade de vida dos cães. Apesar da melhoria clínica e de vários animais alcançarem a cura clínica, é possível que os cães fiquem portadores, pelo que é fundamental a utilização continuada de repelentes de insetos nestes animais.
Prevenção da Leishmaniose
A prevenção é possível recorrendo à utilização de repelentes (em coleira ou em pipeta) e a estratégias de estimulação da imunidade do animal para o caso de contactar com o parasita. Destacam-se a vacinação anual e, em casos específicos, o recurso a imunomoduladores. Adicionalmente, deverão ser sempre aplicados repelentes apesar de os cães se encontrarem vacinados. No âmbito da prevenção, a salientar, ainda, a manutenção de um bom estado de saúde do animal, rastreios regulares da infeção, não utilização como reprodutores de animais que já tiveram a doença e implementação de cuidados de higiene ambiental para eliminar os locais de criação dos flebótomos.
Em suma: fale com o seu Médico Veterinário que definirá o melhor plano de prevenção, a ser cumprido rigorosamente. Só assim terá o seu animal protegido contra a Leishmaniose, num país onde esta doença é tão frequente.