Onde encontra o que não existe em mais lado nenhum

Entre a serra e o atlântico, na vila de Colares, encontra-se a adega cooperativa mais antiga do país: a Adega Regional de Colares. A Revista Business Portugal esteve à conversa com José Vicente Paulo, presidente da adega, que nos explicou que neste local, inserido numa zona histórica, se preserva a essência da região e a qualidade do vinho produzido.

 

José Vicente Paulo, Presidente

Na Adega Regional de Colares preserva-se o que é autêntico. O que se encontra por aqui não existe em mais lado nenhum e é por isso que este local é único. Fundada em 1931, a adega integra dois edifícios antigos, imponentes e deslumbrantes, com pipas históricas, onde repousam os vinhos, dando origem aos DOC.

José Vicente Paulo chegou à adega em 1994, dando-lhe um novo rumo e ultrapassando um período mais conturbado. Cedo percebeu que o caminho a seguir seria o do enoturismo, estando a Adega Regional de Colares nesta rota há mais de 20 anos. “O enquadramento daqui é espetacular, não temos que inventar nada. As coisas estão cá e nós só temos de as usar”, afirma José Vicente Paulo, que nos explicou que o sucesso do enoturismo ajudou a salvar a adega. “Esta iniciativa foi muito favorável. As provas de vinho foram uma fonte de receita muito importante.”

Com o aumento da procura, a Adega Regional de Colares iniciou uma parceria com a DCV – Discovery Events & Catering que, segundo o nosso entrevistado, “é espetacular. A empresa faz todo o tipo de eventos, à medida de cada cliente”. A adega realiza ainda provas de vinhos para pequenos grupos, visitas guiadas à adega ou às vinhas, onde qualquer um tem a garantia de disfrutar de bons momentos em família ou entre amigos. E, como se não bastasse, esta adega tem ainda uma capacidade impressionante: “No edifício principal, conseguimos receber grupos de cerca de 600 pessoas e temos ainda outra sala com capacidade para cerca de 300”.

A Adega Regional de Colares presta ainda serviços que ajudam a “salvaguardar a adega e fazer crescer a região. Se alguém tiver uma quinta e não tiver condições para abrir uma adega, pode trazer as suas uvas para aqui. O vinho é feito, estagiado, engarrafado, rotulado e embalado aqui, seguindo depois para o mercado”. Com 20 associados neste momento, esta adega sempre valorizou a qualidade, em detrimento da quantidade.

 

Tradição aliada a um terroir único

O terroir desta região, com solos de areia de duna, um clima atlântico marcado pelos ventos marítimos e salinidade, elevada humidade relativa e nevoeiros frequentes, aliado às castas e aos métodos de cultivo e técnicas de produção originais, transportam características únicas para o vinho daqui. “O vinho de Colares é diferente. Tem menos grau e tem mais aroma… é um vinho delicado e com muita qualidade” afirma José Vicente Paulo, que se mostra orgulhoso por aqui se preservar a cultura do vinho de Colares. “Ao visitarmos uma vinha daqui, vemos um tipo de planta que não existe em mais parte nenhuma no mundo. Aqui as plantas continuam a ser como na pré-história, selvagens, crescendo livremente sobre as dunas arenosas.”

E, apesar de a produção da região ter vindo a aumentar, o foco nunca é desviado de manter a qualidade e o que é autêntico. “As pessoas procuram o que é diferente, aquilo que não existe em lado nenhum e aqui encontram isso”, finaliza.

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