“O Direito é o meu corpo e a minha alma”

Helena Neves nasceu no Rio de Janeiro e, desde cedo, era apaixonada pelo Direito. Começou por exercer no Brasil, mas o destino trouxe-a até Portugal, onde, para além de trabalhar na como advogada, dá aulas na Universidade do Minho.

Helena Neves, Advogada

 

A Helena licenciou-se em Direito, no Brasil. Como é que se começou a interessar pela advocacia? Em que momento da sua vida surge a oportunidade de vir para Portugal?

Desde criança que o Direito me atrai. Na escola, eu era sempre chamada para defender os colegas, em caso de uma injustiça qualquer. Eu agia de forma investigativa, queria conhecer todos os lados envolvidos nas situações, construía uma argumentação consistente, baseada em factos, e apresentava uma solução para o problema. Sempre tive um espírito conciliador e, ao mesmo tempo, combatente, fundamental para quem quer seguir a carreira de Direito. Assim, o meu dom para a Advocacia foi-se desenvolvendo. Quando chegou o momento de escolher o curso universitário, não tive dúvidas. Após a licenciatura, fiz o exame da Ordem dos Advogados, no Brasil, e fui aprovada com nota máxima.

Tudo parecia correr bem quando, em 2014, perdi a minha mãe. Foi um processo longo, de muita dor e sofrimento e, em 2016, sem ainda ter recuperado do primeiro luto, a minha avó deixou-nos também. Paralelamente, a violência explodia no Rio de Janeiro, a minha cidade natal, e a vida parecia insustentável. Sentia-me mergulhada na tristeza e no medo.

Eu lecionava no Brasil, mas precisava de fazer o Doutoramento. Então, estudei muito e fui aprovada para o Doutoramento na UMinho. Foi essa aprovação que me trouxe, com o meu marido e as nossas filhas, para Braga.

 

Abrir o seu próprio escritório de advocacia sempre foi um objetivo? Quais os valores que caracterizam a sua atuação no mercado? Que serviços disponibiliza aos clientes?

Quando ingressei na faculdade, em 1995, estagiei no Depósito Público, que tinha uma pareceria com a Universidade e, com isso, consegui uma bolsa integral de estudos. Cheguei a ter três estágios simultaneamente. Um deles, foi num escritório e, com ele, consegui comprar meu primeiro carro. Portanto, eu não me via a trabalhar para alguém, desejava ter o meu próprio escritório.

No meu trabalho, seja ele qual for, a ética e a lealdade são valores fundamentais. Fazer justiça segundo a verdade comprovada é o pilar que sustenta todas as nossas ações, no nosso escritório.

Presto consultoria para adquirir vistos em Portugal, processos de cidadania portuguesa, aprovação de sentença estrangeira de divórcio, união estável, adoção, direito de família, violência doméstica. No fundo, todos os serviços relativos ao Direito Luso-Brasileiro.

 

Como é que avalia o desempenho da advocacia portuguesa, relativamente à brasileira? Porque é que decidiu exercer a profissão em Portugal?

Há uma diferença muito grande entre a advocacia brasileira e a portuguesa. Ao contabilizar o número de brasileiros em litígio, verifica-se que há muitas demandas para a ação de um advogado. Aqui, as demandas são ínfimas, uma vez que Portugal, e a Europa em si, não têm a cultura da judicialização dos conflitos de interesse, por isso são poucos os processos. Esse fator levou-me para a área da nacionalidade, que é administrativa. Aqui, procura-se uma alternativa para a solução de conflitos.

Seria impossível não ser advogada, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo onde eu estivesse, porque amo a minha profissão. O Direito é o meu corpo e a minha alma.

 

Que características definem a Helena Neves enquanto mulher e profissional?

Sou uma mulher valente, que olha para os desafios como uma possibilidade de superação. Gosto de desfrutar da vida e ter tempo livre com o meu marido e as nossas filhas. Nesse sentido, sacrifico alguns negócios para, aos finais de semana, termos tempo de qualidade juntos. Viajamos em família e, por vezes, eu e o meu marido encontramos algum tempo só para os dois. Enquanto profissional, procuro entender as necessidades dos clientes, ouvi-los, colocando-os a par de como funcionam os processos. Procuro acompanhar os processos pessoalmente e mantenho os clientes informados de cada passo. Não recuso causas difíceis, desde que, judicialmente, a verdade dos factos tenha como prevalecer a nosso favor.

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