Mulheres na liderança em Portugal: Protagonistas de mudança e progresso

Portugal está a viver uma transformação notável no papel das mulheres em posições de liderança. Em setores como a política, os negócios, a ciência e a cultura, mulheres estão a redefinir o conceito de liderança, desafiando estereótipos e começando a criar uma espiral inspiradora para novas gerações. E esta ascensão, está longe de ser o cumprimento de medidas positivas, está efetivamente a produzir impactos concretos na sociedade e na economia.

 

Sandra Ribeiro, Presidente da CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género

 

De Barreiras Históricas ao Progresso Atual

Ainda lidamos com barreiras históricas, mas é inegável o progresso. Durante grande parte do século XX, as mulheres em Portugal enfrentaram muitos obstáculos no acesso a posições de poder. Apenas após a Revolução de 1974 e a Constituição de 1976 foram consagrados direitos fundamentais à igualdade entre mulheres e homens. Desde então, leis e políticas públicas têm aberto caminho para uma maior representatividade feminina.

Hoje, as mulheres ocupam cerca de 33% dos lugares no Parlamento, que embora represente uma diminuição face a 2023 onde contávamos com 37%, não deixa de ser um reflexo direto da lei da paridade em aplicação há vários anos. E nas empresas cotadas em bolsa, impulsionada também pela vigência da lei que obriga ao equilíbrio entre sexos nos cargos de direção, a presença feminina nos conselhos de administração também cresceu, atingindo quase 35%.

Mas, importa desocultar o impacto da liderança feminina. Desmascarar o mito de que as mulheres que chegam à política ou ao topo das empresas o fazem apenas porque as quotas o permitem. Essa narrativa é falsa! A inclusão das mulheres em cargos de topo não é apenas uma questão de justiça social. É uma estratégia negocial inteligente. Estudos globais mostram que empresas lideradas por mulheres ou com equipas de gestão equilibradas em género tendem a ser mais inovadoras e lucrativas. Já não estamos na fase das opiniões. Estamos perante factos.

Na área da Sustentabilidade e Responsabilidade Social: Líderes mulheres têm promovido iniciativas pioneiras, como as políticas de economia circular adotadas por Cláudia Azevedo, CEO da Sonae;

Na Saúde Pública: Durante a pandemia, Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, destacou-se pela sua gestão corajosa e orientada por evidências, numa altura em que muitos se refugiava na segurança das suas casas;

Na Ciência: Investigadoras como Maria Ramos Silva colocam Portugal no mapa mundial da astrofísica, desbravando caminho para futuras gerações.

Embora os exemplos sejam encorajadores, as mulheres em cargos de liderança ganham, em média, menos do que os seus pares masculinos, e a conciliação entre trabalho e família continua a ser um obstáculo para muitas abraçarem cargos de direção e para entrarem na política.

E ainda, as expectativas sociais e culturais frequentemente colocam as mulheres sob maior escrutínio, exigindo-lhes mais esforço para provar o seu valor. Mas cada vez temos mais exemplo de mulheres líderes que nos inspiram. São mulheres que não só lideram, mas também inspiram jovens a acreditar que o género não é uma barreira para o sucesso. A liderança feminina em Portugal está a crescer, e vai continuar a crescer, mas é essencial continuar a promover políticas que reduzam as desigualdades e continuar a apostar na educação para a igualdade para combater estereótipos de género por forma a combater a segregação profissional e académica, a desigualdade salarial e os desequilíbrios gritantes nas divisões das tarefas de cuidado nas famílias.

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