Entre dois continentes, com um só propósito

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Com um percurso marcado pela coragem, reinvenção e resiliência, Andressa Frigo Pimenta é hoje uma referência na advocacia tanto no Brasil como em Portugal. Lidera atualmente o seu próprio escritório e continua a expandir horizontes, físicos e profissionais, com uma visão cada vez mais humanizada do Direito.

A escolha pelo Direito não surgiu de imediato. “No início, achava que o Direito estava ligado apenas à política, no aspeto negativo, o que me desmotivava a seguir esse caminho”, partilha. Contudo, durante o percurso académico no Brasil, percebeu que o Direito ia muito além dessa visão inicial. “Comecei a perceber que ninguém sabia realmente os seus direitos, algo que, para mim, devia ser ensinado desde cedo nas escolas”, afirma Andressa.

Licenciada em Direito há mais de 15 anos, iniciou a sua prática no Brasil, atuando nas áreas civil, laboral e também na administração pública. “Fui convidada a trabalhar num órgão público, assessorando diretamente o chefe do poder executivo do Estado do Pará. Isso abriu-me as portas do Direito Público e trouxe uma nova perspetiva para a minha prática”, destaca.

 

Andressa Frigo Pimenta, Advogada

 

 

A mudança para Portugal

Depois de uma carreira sólida no Brasil, decidiu aceitar um novo desafio: mudar-se para Portugal. “Queria mudar de ares. Inscrevi-me na Ordem dos Advogados, fiz mestrado, uma pós-graduação, e abri o meu próprio escritório”, refere a entrevistada.

Apesar da experiência acumulada, a transição exigiu resiliência. “A advocacia é uma profissão de estudo contínuo. Ao mudar de país, temos de reaprender, é quase começar do zero, mesmo trazendo muito conhecimento prévio. E isso é exigente, tanto a nível técnico como emocional”, menciona. Hoje, passados seis anos em Portugal, Andressa lidera um escritório com atuação nos dois países e um olhar voltado para a internacionalização.

Maternidade e liderança

A maternidade foi outro ponto de viragem. “Antes, era normal trabalhar até tarde. Depois de ser mãe, há alguém que depende de nós. O ritmo muda, e exige uma reorganização de prioridades”, salienta Andressa.

Longe da rede de apoio que tinha no Brasil, o desafio tornou-se ainda maior. “Aqui em Portugal somos, essencialmente, eu, o meu marido e a nossa filha. Conciliar a vida pessoal e profissional é uma tarefa exigente, especialmente para as mulheres, que muitas vezes acumulam uma carga mental significativa”, enfatiza.

O papel das mulheres no direito

Para Andressa, o Direito está a transformar-se, e as mulheres têm tido um papel essencial nesse processo. “Tradicionalmente visto como um meio masculino e frio, hoje o Direito está mais humanizado. E é nesse contexto que as mulheres têm mostrado uma capacidade extraordinária de escuta, empatia e resolução de conflitos”, sublinha.

Realça ainda que, muitas vezes, as mulheres são quem está por detrás da gestão de escritórios e equipas jurídicas, mesmo quando não estão em destaque. “É preciso olhar para além do que as redes sociais mostram. Muitas vezes, quem verdadeiramente está no comando são mulheres”.

Expandir e inspirar

Com os olhos postos no crescimento, Andressa Frigo Pimenta tem planos claros e ambiciosos. “Quero expandir o meu escritório para outras regiões de Portugal, sobretudo para o norte, onde ainda tenho pouca presença. No Brasil, desejo estabelecer novas parcerias para além da região norte, onde já atuo”, partilha.

Além disso, tenciona retomar o seu doutoramento e investir na área académica. “Gostava de lecionar em universidades, trazendo uma abordagem comparativa entre o Brasil e Portugal, algo que considero essencial no contexto atual de internacionalização do Direito”, refere.

Para quem sonha seguir uma carreira no mundo jurídico, mas ainda hesita, Andressa deixa uma mensagem clara: “A dor é inevitável, o sofrimento é opcional. O início é sempre difícil, mas é passageiro. Vai doer, sim, mas se é aquilo que queres, se é o teu sonho, não deixes o medo paralisar-te. Ninguém começa com tudo perfeito, começa-se com o que se tem, e vai-se ajustando. O importante é dar o primeiro passo”.

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