Das terras à maré: a caminhada da Berlengatur

Desde Peniche até às águas cristalinas que banham a Ilha das Berlengas, a história da Berlengatur é um testemunho vivo da resiliência e da capacidade de adaptação empresarial. Lina Ferreira e Sérgio Ferreira são os rostos da empresa, que se tornou fundamental para o turismo no Oeste de Portugal, estabelecendo novos padrões de sustentabilidade e qualidade no setor.

 

 

Sérgio Ferreira e Lina Ferreira, Administradores

 

Uma transformação sazonal

Sérgio Ferreira recorda como tudo começou: “Nós viemos da agricultura, mas estávamos a enfrentar dificuldades com as vendas. Foi aí que surgiu a ideia de explorar as potencialidades turísticas das Berlengas”. O amor pelo mar e pelas atividades ao ar livre foi o fator decisivo: “Um amigo sugeriu, quase como brincadeira, que comprássemos um barco e mudássemos de vida. E foi assim que tudo começou”, sublinhando a origem casual do negócio.

Desde então, a Berlengatur transformou-se numa das principais operadoras turísticas da região, que opera de forma sazonal. “Começamos na Páscoa e terminamos em outubro, mas o clima às vezes impõe-nos desafios”, explica Lina Ferreira, apontando a natureza imprevisível do clima como um fator que afeta diretamente o negócio. Apesar desses desafios, a empresa consegue atender cerca de 110 passageiros por viagem, proporcionando transporte e experiências enriquecedoras.

Sérgio destaca que “o compromisso com a qualidade” é o principal diferencial da Berlengatur. Esse compromisso está presente em todas as etapas do serviço, desde a travessia até à estadia na ilha. Uma vez que, a equipa da Berlengatur se dedica para que cada cliente tenha uma experiência memorável.

Guias experientes acompanham os visitantes, oferecendo visitas guiadas às grutas e uma variedade de atividades, como pesca desportiva e passeios culturais. Lina acredita na importância de proporcionar uma experiência completa, que inclua tanto a beleza natural da ilha quanto a rica história e cultura de Peniche: “Fazemos passeios costeiros, contamos a história de Peniche. Não nos limitamos à Berlenga, queremos que os nossos visitantes tenham uma experiência completa”. Dessa forma, a Berlengatur inclui diferentes aspetos turísticos da região, oferecendo um serviço abrangente e de alta qualidade.

 

 

 

 

Diversificação e expansão

A diversificação dos serviços tem sido fundamental para o sucesso da Berlengatur. “Quando começámos, a temporada de verão era curta. Hoje, graças à diversificação e à melhoria das nossas embarcações, conseguimos operar durante quase seis meses”, orgulha-se Sérgio. “A nossa divulgação e a qualidade das nossas embarcações são muito superiores ao que existia antes. Isso permite-nos não só competir, mas liderar no mercado”.

Para a empresa o maior desafio é “proporcionar às pessoas um dia diferente, uma boa experiência na ilha da Berlenga. Mas nem sempre o tempo nos favorece, preferimos cancelar a dar uma má experiência aos nossos visitantes”. Além disso, destaca que o feedback positivo dos clientes é crucial para o seu trabalho: “recebemos sempre um bom feedback de quem cá vem e é isto que nos faz melhorar cada vez mais”.

Um turismo em evolução

Nos últimos anos, a empresa tem visto uma mudança interessante no perfil dos turistas: “este ano está a haver um turismo que antes não aparecia, o turismo italiano”. Essa diversidade de visitantes reflete não só a crescente popularidade da região, mas também a eficácia das parcerias estratégicas da Berlengatur, que ajudam a ampliar o seu alcance e visibilidade. “Temos vários hotéis e alojamentos com quem trabalhamos, o foco não é só em Peniche, também temos o concelho da Lourinhã”, realça Lina.

Sérgio Ferreira viu na beleza da Ilha da Berlenga uma oportunidade de negócio, mas também uma responsabilidade de preservação. Desde o início, a Berlengatur adotou práticas inovadoras para minimizar o seu impacto ambiental. Uma das iniciativas pioneiras foi a redução das viagens diárias para a ilha, tendo como objetivo a eficiência operacional, mas também a preservação do ambiente. “Nós fomos um dos primeiros a sugerir essas duas viagens diárias. Antigamente, era um despejo de pessoas na ilha, o que não achávamos correto. Com o tempo, perceberam que seria mais sustentável dessa forma”, afirma.

 

 

 

 

 

Desafios e inovações

Além disso, destaca o desafio de implementar tecnologias mais limpas, como embarcações elétricas, mas aponta a falta de apoio adequado como um obstáculo significativo. “Os subsídios para embarcações elétricas são insuficientes para cobrir os custos das baterias. Precisamos de mais apoio do Turismo de Portugal e de fundos comunitários para avançar nessa direção”, remata Lina Ferreira.

Ao refletir sobre o impacto da evolução turística em Peniche, Sérgio reconhece o apoio do Turismo de Portugal na modernização da frota da Berlengatur. Contudo, critica a falta de infraestrutura adequada no porto local para acomodar embarcações de recreio, o que, segundo ele, limita o crescimento turístico da região. “Temos uma Marina obsoleta aqui em Peniche. Precisamos de aproveitar melhor esse espaço para atrair mais turistas e embarcações de recreio”.

Visão para o futuro

Olhando para o futuro, Sérgio revela a sua ambição de expandir ainda mais os horizontes da Berlengatur. Sonha com uma embarcação elétrica que ofereça uma experiência silenciosa e sustentável aos visitantes, representando um passo em direção a um turismo mais ecológico. “Atravessar o mar sem ouvir nenhum barulho seria excelente. Mas para isso, precisamos de mais apoio e sensibilização para questões ambientais”.

A Berlengatur é uma empresa de turismo que se destaca por combinar sucesso empresarial com responsabilidade ambiental. Sob a liderança de Sérgio Ferreira e Lina Ferreira, a empresa molda o turismo em Peniche, oferecendo viagens à Ilha das Berlengas que respeitam e preservam o meio ambiente.

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