CUCP: 150 anos de história, confiança e reinvenção

Data:

Partilhar

“O segredo? Nunca baixámos os braços”. É assim que Maria Luísa Borges, CEO da Companhia União de Crédito Popular (CUCP), resume a impressionante trajetória de uma instituição que completa 150 anos em 2025. Fundada em 1875, a CUCP atravessou crises, reinventou-se após um desfalque histórico nos anos 30, sobreviveu a um roubo milionário em 2008 e, ainda assim, mantém-se como uma referência nacional no setor dos penhores e ourivesaria. Nesta entrevista exclusiva, Maria Luísa revela os marcos que moldaram a história da companhia, os desafios enfrentados com resiliência e a visão de futuro que aposta na inovação sem nunca perder de vista os valores que fizeram da CUCP um símbolo de confiança para gerações de portugueses.

 

 

 

 

 

A Companhia União de Crédito Popular (CUCP) celebra 150 anos de história. Quais foram os marcos mais importantes que moldaram a trajetória da empresa ao longo desses anos, e o que representa este marco na história da CUCP?

De 1875 a 1930, a CUCP era uma instituição bancária com 96 agências de Norte ao Centro do país, e que, os seus administradores deram um desfalque. Depois dos trâmites legais, dois depositantes, Aurélio Santos e Porfírio Barbosa tomaram a iniciativa de continuar com a CUCP, mas agora só com a indústria de penhores.

Após 1930, reergue-se a Companhia, destacando-se entre tantos colaboradores de grande valor, o importante papel de António Ribeiro Barbosa, sobrinho de Porfírio Barbosa, e Manuel Aleixo Ferreira, que trabalharam na companhia desde 1933 e 1943 a 2002 e 2018, respetivamente. O primeiro era o guarda-livros, título do contabilista da altura, e o segundo o pregoeiro, responsável pelos leilões. Aleixo sempre se diferenciou pela sua ousadia e empreendedorismo, tendo iniciado a venda de eletrodomésticos – “Electrodomésticos Carlos Alberto”, área que, segundo consta, libertou muita liquidez para os penhores, assim como a venda de ouro numa pequena parte da loja, o que se viria a transformar numa ourivesaria.

Na década de 70, fruto de uma grande cumplicidade, integridade e profissionalismo destes dois colaboradores, inicia-se uma nova fase na CUCP. Por sugestão de Aleixo, a Companhia centra o seu foco no empréstimo sobre ouro, jóias, pratas e relógios, abandonando lentamente o empréstimo sobre “farrapos” (peças de vestuário, electrodomésticos, pequenos objetos do quotidiano, entre outros).

A CUCP foi crescendo em termos de aprendizagem na área dos empréstimos sobre ouro, terminando definitivamente em 2004 os empréstimos sobre diversos.

Com a entrada em 2015 do novo decreto-lei que rege a atividade, o “prego” passa a chamar-se prestamista e os penhores passam a chamar-se contratos, o que conferiu uma conotação menos depreciativa ao nosso setor de atividade.

Com uma longa experiência no ramo de ourivesaria e penhores, quais foram os maiores desafios que a empresa enfrentou e como conseguiu superar as dificuldades e adaptar-se às mudanças do mercado?

Após se ter reinventado depois do desfalque em 1930, a Companhia sofreu novo revés no início do século XXI. Fomos vítimas de um avultado roubo em 2008, mais de 350kg de ouro, com prejuízos que ascenderam a cerca de 35 milhões de euros a pagar aos clientes. De facto, poucas terão sido as empresas em Portugal que mesmo assim continuaram no mercado como a CUCP.

Nunca baixámos os braços. Todos juntos lutamos para manter o prestígio que temos. Somos vaidosos porque sabemos que o que fazemos, fazemos bem tendo sempre como alvo: o cliente.

A confiança e a qualidade são essenciais no setor em que a CUCP atua. Como é que a empresa tem conseguido garantir a satisfação dos seus clientes ao longo dos anos e manter-se fiel aos seus princípios?

Na CUCP privilegiamos os Clientes. Eles são a razão da nossa existência e continuidade. Sempre nos pautamos pela integridade e profissionalismo. Acreditamos que o valor que emprestamos por grama seja dos melhores do mercado. Não aplicamos juros de mora sobre os juros atrasados e avisamos os clientes quando estão a ficar em atraso, para evitar que os bens sejam levados a leilão. Temos o cuidado de informar que se tiverem os juros em dia podem, em qualquer momento, amortizar um pouco a dívida e pagar menos juros. Relembramos que os juros nos prestamistas são 15% mais baratos do que os que se pagam pelo uso do cartão de crédito.

A CUCP oferece uma vasta gama de serviços, como avaliações de metais preciosos, penhores e leilões. Como é que a empresa se tem adaptado às novas exigências do mercado, mantendo os principais diferenciais que a tornam uma referência no setor?

Cada atividade tem as suas especificidades e temos investido em formação para todos os colaboradores, garantindo a sua certificação.

Relativamente aos valores penhorados pelos nossos clientes, ao fazerem um contrato connosco sabem que somos quem menos taxas lhes cobra. Após o empréstimo, priorizamos o pagamento de juros e amortização da dívida, em vez de avançar para a venda precoce dos mesmos − o que acontece apenas após 9 a 12 meses de juros em atraso. Neste momento com o ouro em alta, é uma pena os clientes venderem o que lhes pode fazer falta, face a alguma necessidade inesperada.

É sempre a mesma realidade: trabalhar para o cliente com os olhos postos no futuro.

A história e tradição da CUCP são elementos fundamentais para a identidade da marca. Como a empresa tem equilibrado a preservação desse legado com a necessidade de inovar e se modernizar ao longo do tempo?

Modernizamos os sistemas de informação, para que a celeridade de processos rentabilize o tempo de todos. Temos rotação zero de capital humano. Um dos colaboradores está connosco há 55 anos e outros entre os 20 e os 30 anos de casa. Penso que uma das razões é a proximidade da administração com trabalhadores e clientes. Somos mesmo uma família. Reina a união e respira-se felicidade.

Comemorando 150 anos, qual é a visão da CUCP para o futuro? Que inovações ou mudanças podemos esperar para os próximos anos, e como a empresa planeia expandir ou modernizar os seus serviços para continuar a atender às necessidades dos seus clientes?

Nos empréstimos sobre bens de ouro; jóias; e relógio de ouro é grande a dificuldade em inovar. Tal seria fácil, se os bens tivessem incorporado como que um bilhete de identidade. A CUCP tem projectos que podem vir a ser concretizados no médio prazo. Apenas dizemos, que estamos a trabalhar para melhorar a nossa atividade. Queremos ser sempre os melhores de entre os melhores. É estarem atentos. Visitem-nos em www.cucp.pt e sejam nossos clientes.

Newsletter

Últimas Edições

Artigos Relacionados

PUB