Gonçalo Regalado, Presidente do Banco Português de Fomento (BPF), foi o orador e convidado de honra do almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal, que teve lugar no dia 14 de outubro, no Sheraton Lisboa Hotel & Spa. A sua intervenção, subordinada ao tema “Banco de Fomento: Estratégia do Banco Soberano de Portugal no apoio à Economia”, destacou a transformação do banco e o papel essencial que este desempenha no financiamento da economia portuguesa.

O presidente do BPF revelou que, até ao final de 2025, o banco deverá atingir 7.000 milhões de euros em financiamento, entre garantias, instrumentos de capital, dívida e fundos de investimento — um valor catorze vezes superior ao montante mobilizado em 2024. “Multiplicar 14 vezes o que se fez o ano passado parece pouco ou fácil, mas não é nem pouco nem fácil”, sublinhou Gonçalo Regalado.
Recordando os desafios encontrados à sua chegada ao banco, no início de 2025, o presidente referiu que o BPF estava “completamente desestruturado” e “cheio de resistências”. Explicou que o seu trabalho inicial passou por dinamizar a instituição, com cerca de 600 colaboradores, e por colocar os empresários e as empresas no centro da missão do banco, que designou como o seu “santo graal”.

O responsável destacou ainda o crescimento da atividade: “Fazemos mais por mês agora do que se fez o ano passado inteiro”. Para 2026, o objetivo é atingir 10.000 milhões de euros de financiamento, equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Entre as novas prioridades do BPF está também o lançamento de instrumentos financeiros destinados a apoiar as autarquias na construção de habitação acessível e social.
Questionado sobre a dificuldade de atrair profissionais do setor financeiro para o BPF, Gonçalo Regalado reconheceu as limitações salariais: “É difícil e apenas os consigo convencer pelo impacto que o seu trabalho tem no país, pois os salários são os equivalentes aos diretores da função pública, o que é muito baixo para quem vem da banca comercial e seguradora.” Acrescentou ainda: “Eu sou o presidente mais mal pago do sistema financeiro, os meus administradores são os mais mal pagos”, defendendo que deveria ser possível pagar “o mesmo salário médio dos últimos três anos”.
Antes de assumir a presidência do Banco Português de Fomento, Gonçalo Regalado foi diretor no BCP. Durante a sua intervenção, o presidente do BPF considerou também que a banca comercial portuguesa demonstra falta de coragem no financiamento à economia, argumentando que fatores como a regulação e a idade média elevada dos decisores dificultam a propensão ao risco: “É difícil pedir a pessoas com carreiras de 40 anos que arrisquem agora nos últimos três anos de vida ativa.”
O Banco Português de Fomento, detido a 100% pelo Estado português, tem como missão promover a modernização das empresas e o desenvolvimento económico do país, apoiando o investimento através de financiamentos, garantias e participações de capital. A instituição é também responsável pela gestão de recursos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).




