Casa Ermelinda Freitas, uma história de amor

Leonor Freitas, Diretora

Leonor Freitas, em entrevista à Business Portugal, revela como o futuro da sua casa está garantido, entregue à quinta geração da família e salienta a entrega, a dedicação e o amor que colocam em tudo o que fazem.

 

Que análise faz do ano de 2021 para a Casa Ermelinda Freitas?

Em temos comerciais, podemos afirmar que é um dos melhores anos de sempre da Casa Ermelinda Freitas, sem esquecer o impacto causado pela pandemia mundial da Covid- 19. Apesar de estar preocupada com a economia, estou muito mais preocupada com as pessoas. Quando estivermos bem, lutaremos pela economia, agora vamos lutar pelas pessoas e, por isso, produzimos álcool gel, comprámos máscaras e oferecemos. Demos também formação a todos os colaboradores para que cada um pudesse ser o seu próprio agente de saúde.

 

Quinta de Canivães

Recentemente apostaram em vinhos da região do Douro. Já tem resultados relevantes?

Desde que visitei o Douro, emocionei-me ao ver como é difícil trabalhar as terras nesta região. Passei a apreciar a sua beleza de outra forma.

Em 2018, acabei por adquirir a Quinta de Canivães, em Foz Coa. Era o sonho que acalentava e, hoje, é com grande orgulho um complemento dos vinhos da Casa Ermelinda Freitas da Península de Setúbal, onde estão as minhas origens. A Quinta de Canivães tem um total de 50 hectares, 20 hectares de vinha de diversas idades, compostos pelas mais nobres castas tintas, e 4,5 hectares de olival de onde se obtém azeite de elevadíssima qualidade. Esta possui características ímpares para a produção de azeites e vinhos de alta qualidade. Elaborado com base na variedade “Cobrançosa”, e com um toque de “Picual” e “Negrinha de Freixo”, usando o processo de extração a “frio”, apresenta-se um azeite elegante e delicado, que se vende na adega da Casa Ermelinda Freitas em Fernando Pó. Já o vinho vai estar brevemente no mercado, constituindo uma continuidade da grande parceria com o enólogo Jaime Quendera.

A aquisição da Quinta do Minho, não estava programada, mas fiquei encantada com os Vinhos Verdes, únicos no mundo.  Esta conta com 40 hectares, nasceu em 1990 em Póvoa do Lanhoso, tendo resultado da fusão de duas das mais antigas quintas ali existentes: Quinta do Bárrio e a Quinta da Pedreira. A casa principal remonta ao séc. XVIII e tem vindo a ser gradualmente recuperada para apoio a atividades ligadas ao turismo vitivinícola. Com um terroir típico do Alto Minho, o seu vinho elegante e fresco tem por base a casta Loureiro, rainha desta região.

Em suma, estas duas quintas vêm complementar o portfólio e oferecer ao consumidor vinhos únicos e diferentes. Portugal é um país pequeno, mas tão diferenciador e maravilhoso, em que cada região tem o seu terroir dando vinhos diferentes.

 

E quanto aos prémios conquistados?

Foi um ano em cheio para a Casa Ermelinda Freitas. Uma vez mais, vimos os nossos vinhos serem reconhecidos em prestigiados prémios internacionais. Da Coreia aos EUA, passando por França, Hong Kong, Brasil ou Itália, sucederam-se as medalhas de ouro e prata, as pontuações quase perfeitas, que acabaram por destacar diversas marcas que fazem parte do nosso portfólio. A satisfação dos clientes que, todos os dias, saboreiam os vinhos Casa Ermelinda Freitas é o prémio mais precioso que podemos receber. Não ficamos indiferentes aos inúmeros prémios que vamos recebendo um pouco por todo o mundo, sem vaidade, sentimos que representam o reconhecimento do trabalho de toda uma equipa que está comprometida com a qualidade e a excelência.

 

A adega propriamente dita, em Fernando Pó, é cada vez mais local de encontro de figuras e eventos nacionais. Como é que um espaço relativamente distante da cidade consegue ser central desta forma?

Falar de vinha e vinhos, é forçosamente falar de enoturismo. Trata-se do contato direto com a natureza, a nossa realidade, a nossa história de família, bem como com as nossas vinhas e o próprio vinho. A aposta na fidelização do nosso produto e o enoturismo leva a que o visitante, quando está a beber o nosso vinho, perceba que não é um simples vinho. Ele representa o terroir, o trabalho, a história das gerações e representa o amor que todos lhe dedicaram.

O enoturismo já é uma realidade na Casa Ermelinda Freita, mas vamos investir mais nesta área, porque é através dela que o consumidor conhece a história, a família, vive o espaço real onde tudo se faz e vê como tudo é feito.

As nossas visitas, são compostas por visita à vinha pedagógica, onde mostramos as mais de 30 castas e suas características, visita ao centro de vinificação (zona de vinificação, filtragem, linhas de engarrafamento, sala de estágio), seguida de  visita ao “Espaço de Memórias e Afetos” (Museu), onde estão patentes as gerações passadas, objetos de trabalho utilizados nas vinhas, antiga adega, terminando com um prova de quatro vinhos (2 tintos, 2 brancos e o famoso Moscatel de Setúbal), acompanhados por produtos da região: pão, enchidos, queijo de Azeitão, compota e biscoitos.

 

E no que toca ao campo da sustentabilidade?

Qualquer empresa responsável tem de ter como um dos seus principais objetivos a sustentabilidade. A nossa primeira preocupação começa com a plantação da vinha e todos os tratamentos que fazemos, aplicando produtos amigos do ambiente que respeitam a fauna da nossa região (Península de Setúbal). Na bordadura das parcelas de vinhas mantemos os refúgios existentes para conservar a biodiversidade. Isto, além de poupar o ambiente, a fauna e a flora, também nos permite ter uma uva mais estável e, por consequência, um produto final mais natural. Quando compramos uma máquina temos em atenção os gastos de energia e de água, bem como a utilização de produtos menos agressivos possíveis para o ambiente. A nossa preocupação vem desde o início visto que temos uma ETAR a tratar as águas residuais, de modo a que elas tenham as condições necessárias para serem lançadas na rede. Na Casa Ermelinda Freitas a energia elétrica utilizada, 50 por cento é proveniente de painéis solares fotovoltaicos, que se encontram no telhado do nosso centro de vinificação e que nos ajudam também a seguir o rumo da sustentabilidade e da poupança, utilizando menos energias fósseis. Também assumimos a preocupação com todos os materiais utilizados promovendo a reciclagem dos mesmos como: cartão, vidro, plástico, rolhas e paletes. Aproveitamos tudo o que é nacional, utilizando as rolhas de cortiça naturais, onde foi envolvida a estrutura celular inigualável da cortiça com tecnologia sofisticada, respeitando simultaneamente o trabalho notável da natureza e a integridade plena deste material.  Ao fazermos isto, mantemos a sustentabilidade dos sobreiros e dos cortiçais que, para continuarem a crescer, necessitam que se vá retirando a cortiça, permitindo a continuação dos mesmos. Todos os restantes materiais são reciclados e estabelecemos um protocolo com o Ponto Verde, no qual contribuímos com uma taxa para que seja feita essa reciclagem, permitindo a reutilização de todos estes elementos. Em todos os nossos contrarrótulos e caixas fazemos questão de colocar os logótipos do ecoponto e reciclagem, de modo a incentivar todos os consumidores a terem a mesma atitude.

A atividade à qual nos dedicamos como é agrícola naturalmente tem uma ligação maior a práticas sustentáveis a médio e longo prazo. A nossa preocupação é sempre que possível e onde for possível usar métodos/processos sustentáveis.

 

Quinta do Minho

O futuro da Casa Ermelinda Freitas antevê-se risonho?

A Casa Ermelinda Freitas tem na sua gestão atualmente a quarta geração, todas estas gerações aprenderam a lutar, a conquistar, a perder e a ganhar sob o mesmo lema: nunca desistir. Isto tem sido passado para a quinta geração, os meus filhos (João e Joana), que já se encontram a trabalhar e em parte a gerir a Casa Ermelinda Freitas. Digo, orgulhosamente, que a minha continuidade está assegurada e que a Casa Ermelinda Freitas será sempre uma referência do que melhor que se produz em Portugal, quer na qualidade, quer na relação afetiva com as pessoas, bem como com a região Península de Setúbal onde está inserida.

Continuará a ser uma empresa rural, com a paixão da terra, e das pessoas que nela trabalham. Aproveito para prestar um agradecimento permanente aos consumidores que têm preferido os vinhos da Casa Ermelinda Freitas e, assim, ajudado a que esta seja o que é hoje e certamente melhor no futuro.

Azeite Casa Ermelinda

Prémios em destaque:

“Selections mondials des vin canadá 2021”

Medalha de grande ouro:

. Casa Ermelinda Freitas Moscatel de Setúbal roxo superior 2010

 

“Escolha da imprensa 2021”

Grande Prémio “a escolha da imprensa”:

. Casa Ermelinda Freitas Pinot noir & Merlot 2019

Prémio “a escolha da imprensa”:

. Casa Ermelinda Freitas Sauvignon Blanc & verdelho 2019

 

“Prodexpo 2021”

prodexpo star:

. Casa Ermelinda Freitas Sauvignon blanc & verdelho 2019

 

“Decanter World Wine Awards 2021”

Medalhas de ouro:

. Casa Ermelinda Freitas Moscatel de Setúbal superior 2009

 

“Korea wine challenge 2021”

Melhor vinho de Portugal:

. Sand creek tinto 2020

 

“50 Great White Wines of the World 2021”

Medalha de ouro:

. Dona Ermelinda reserva branco 2019

 

“Mundus vini 2021 – edição de verão”

Casa Ermelinda Freitas eleita:  “melhor produtor de portugal”.

Medalhas de ouro:

. Casa Ermelinda Freitas syrah reserva 2019

 

“Cathay – Hong Kong International wine & spirit competition”

Melhor vinho de Portugal de 2021:

. Vinha do Fava reserva 2020

Medalhas de ouro:

. Casa Ermelinda Freitas Alicante Bouschet reserva 2019

 

“XXI Concurso de vinhos da Península de Setúbal”

Melhor vinho branco península de setúbal:

. Terras do pó Chardonnay & Viognier 2017

 

TOTAIS EM MEDALHAS em 2021:

 

Ouro: 112

Prata: 96

Bronze: 26

 

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