Cantinho Algarvio: Uma família que se constrói de histórias, momentos e pessoas
1987 marca o início do que viria a ser uma grande família. O Cantinho Algarvio é um restaurante, em Lagos, gerido outrora pelo pai de Carlos Ramos que deixou, posteriormente, o negócio ao filho, que aproveita para dar asas à sua imaginação.
É em conjunto com a sua mulher, Maria Regina, uma “autêntica fada da cozinha” que modernizam o espaço imprimindo uma essência mais jovem e de sucesso. “A minha primeira experiência na restauração aconteceu numa tasca, onde servíamos bifanas ao balcão. O meu pai reabriu, mais tarde, este restaurante, que acabou por crescer e, quando ele decidiu abrir um segundo negócio, eu assumi o Cantinho Algarvio. Fui fazer formações, para abrir mentalidades e para melhorar a nossa qualidade de oferta. Foi aí que fiquei responsável por este estabelecimento e que comecei a desafiar-me e a sair zona de conforto”.
2014 foi o ano onde conquistaram um novo patamar ao serem recomendados no Guia Michelin. “Hoje, estamos num patamar mais elevado e fazemos pratos que, no início, nem pensávamos fazer. Foi um processo de evolução e de aprendizagem constante”, conta.
Os horários estão bem estipulados e enraizados e ao fim de todos os anos de atividade: Carlos Ramos continua a sair de casa às sete da manhã para ir buscar os produtos aos seus produtores de confiança. “Este restaurante é a nossa vida e é difícil desapegar dos problemas e das situações. Ao domingo de manhã, o nosso dia de fecho, eu venho sempre cá fazer a ronda para ver se está tudo bem. Não dá para desligar”, explica.
Dinamizar o Algarve em época baixa
É sabido por todos que a região algarvia é sazonal. Porém, o proprietário não baixa os braços. Nos meses de dezembro e janeiro tem a porta fechada, mas os restantes meses de época baixa são dinamizados de forma a manter grande parte das mesas repletas das melhores iguarias.
Foi nas noites temáticas que viu uma ótima solução para a resolução do problema. São as tapas, a culinária gourmet, os jantares vinícolas e as demais ideias que enchem as noites de quem visita o restaurante. “Gosto do que faço e quero estar sempre a fazer coisas diferentes dos outros. No início, riam-se das minhas ideias, mas agora já não o fazem e tentam, inclusive, replicar algumas delas”.
O encontro feliz com a gastronomia
Os produtos são a maior preocupação e é através das alianças com os melhores produtores locais que se honra de servir os seus clientes com a melhor qualidade possível.
Os pratos são variados. Para os apreciadores de marisco existem iguarias como cataplanas de marisco, peixe e também de carne, espetadas, lavagante, sapateira, entre outros. É na ameijoa do Alvor que confiam para concretizar alguns dos seus pratos. No entanto, nem só de mariscos e peixes se completa a carta e, assim sendo, existem também opções para os amantes de massas e carnes.
As sobremesas tem também um papel importante. Confecionadas por Maria Regina e Carlos Ramos podem ser degustadas tartes, cheesecakes, doce de figos com gelado e mel, entre outras doçuras de fazer crescer água na boca.
O papel dos vinhos algarvios
“Tentamos privilegiar vinhos algarvios e, principalmente, aqueles que não estão nos supermercados, mas o mercado dos vinhos está a desenvolver-se, estão cada vez mais presentes e são cada vez mais reconhecidos, felizmente”, conta. Barranco Longo, Monte do Além, Cabrita e Alvor são os privilegiados. Porém, fazem parte da carta: vinhos verdes, rosé, brancos e tintos provenientes de todos os cantos do país. Há também espaço para espumantes e sangria que fazem as delícias dos clientes.
No Algarve também se sabe receber bem os clientes
Durante muitos anos, existiu a ideia de que os Algarvios não sabiam receber, porém, tal não é verdade, ou, pelo menos, não se aplica na totalidade. “Temos clientes muito fiéis e que nos acompanham há muitos anos, que recebem as nossas ideias com ânimo e que nos visitam e confiam em nós a cada passo que damos. Os nossos clientes conhecidos até entram na nossa cozinha para cumprimentar a minha mulher. Não é em todos os restaurantes que os clientes podem ver a cozinha e as condições de confeção do que comem. Isto é uma segurança e uma forma de confiança no nosso trabalho. Os clientes são uma parte da nossa família”, afirma.
A capacidade máxima é de 60 pessoas sentadas e, na maior parte das vezes, é através de reservas que funcionam devido à frequente lotação da sala. O restaurante é visitado por portugueses e estrangeiros provenientes de todos os cantos do país e do mundo.
São 11 os colaboradores que, a par dos proprietários, promovem uma experiência e uma viagem pelos sabores e aromas. O proprietário faz questão de afirmar que “todos juntos somos uma equipa confiável e estável. Nós somos exigentes porque quem trabalha connosco tem de ser uma pessoa que quer crescer connosco, que quer ser melhor e estar sempre em evolução. É complicado arranjarmos pessoas assim. Nós investimos muito neste espaço para depois não correspondermos na forma como atendemos os nossos clientes. Temos de cativar os clientes porque se isso não acontecer eles não saem de casa para ter estar experiências”.
São as boas experiências que fazem com que os clientes voltem. “Eu digo muitas vezes que o sorriso é o mais importante. Não sabes falar francês, não sabes falar inglês, mas sabes sorrir. Usa o sorriso”.
Um projeto de vida e para a vida
‘Família’ é a palavra que usa para descrever o cantinho que é a sua vida. Aproveita também para deixar uma mensagem a todos o que tornam a família mais completa e mais forte. “Não sabemos qual é o futuro, mas posso aproveitar para agradecer o que temos agora e para isso tenho de valorizar os nossos colaboradores e clientes, que me dão alento para continuar e que fazem com que todo o esforço valha a pena. Ao longo destes anos fui-me rodeando de pessoas que realmente merecem que eu continue a lutar por este projeto. A minha mulher e o meu filho são a minha maior força. O resto, com o tempo, vamos conquistando, passo a passo”, remata.