Agromontenegro: Onde a qualidade vem em primeiro lugar

Fundada em 1989, a “Agromontenegro produz a melhor castanha do mundo” e quem o diz é Dinis Pereira, o proprietário da empresa. Em entrevista à Revista Business Portugal, explica como é a profissão de produtor de castanhas e como é gerir uma empresa onde a qualidade é a prioridade.

A Agromontenegro é uma empresa familiar ligada ao mundo rural e à agricultura. A empresa para além de ter uma vertente de produção própria, também produz castanha, maçã, cereja, entre outros produtos. Um apaixonado do castanheiro e da castanha, Dinis Pereira, foi, ao longo dos anos, dinamizando o setor, com novos serviços como o fornecimento, aos agricultores de fertilizantes, adubos e, uma coisa que os difere de tantas outras empresas, a recolha do produto, que é essencialmente a amêndoa e a castanha.
Numa zona que antigamente era produtora sobretudo de batatas e cereais, ao longo dos anos, a região foi mudando e tornando-se cada vez mais um souto porque a “região tem condições muito próprias para a produção de castanha, então acabou por se transformar quase em monocultura”.
Em Trás-os-Montes e Alto Douro situa-se a Serra da Padrela, pertencente aos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, e é onde Dinis Pereira afirma estar a maior mancha contínua de castanha judia da Europa e acrescentou, sem receio, que “não há ninguém que nos consiga desmentir porque é a melhor castanha do mundo”. A principal missão é escoar a produção agrícola da região e, para isso, a empresa disponibiliza aos clientes produtos agrícolas tradicionais transmontanos. A Agromontenegro possui quatro variedades de castanha: a castanha judia, castanha longal, castanha lada e castanha cota.
Apesar de terem vários produtores, só aqueles que cuidam bem e com qualidade o castanheiro e a castanha é que entram no armazém, e por esse motivo o empresário, afirma que “quem ganha é o mercado porque disponibilizamos um produto de excelente qualidade”.

As dificuldades de um produtor de castanhas

As pragas são a principal causa que torna a produção da castanha difícil, “desde a vespa asiática, ao cancro americano e principalmente a tinta que é um dos maiores flagelos que mata muitas árvores”, afirma o produtor. No entanto, não são só as pragas que podem prejudicar os castanheiros, o “mal manuseamento por parte de quem está no terreno também pode afetar muito a saúde destas árvores”.
Apesar das pragas já estarem a ser combatidas biologicamente, essa operação demora cerca de cinca a seis anos a dar resultados e Dinis Pereira, apesar de se intitular de “otimista por natureza”, pensa que a castanha vai “atravessar um período de dificuldades”.
As quedas de produção, devido a estas causas, podem chegar aos 80 por cento, o que “conduz ao abandono dos terrenos e, por consequência, ao desenvolvimento de outras pragas que vão afetar as plantações dos castanheiros e o setor. Defendo que o Governo devia tomar algumas medidas para apoiar eventuais perdas de rendimento dos produtores”.
A mão-de-obra sazonal também é um problema na vida de quem tem soutos. “A que existe provém, na maioria, de pessoas reformadas, com idades entre os 60 e os 70 anos. Para colmatar a situação recorre-se à mão-de-obra de vários países estrangeiros, desde Búlgaros a Romenos”.

O mercado

Em 2018, em média, a Agromontenegro exportou cerca de 76 por cento e os restantes 24 por cento foram para o mercado interno. A empresa exporta essencialmente para o Brasil, Estados Unidos, Canadá, Espanha, França, Itália, etc. Em Portugal, encontram-se produtos da Agromontenegro essencialmente, nas superfícies comerciais “Continente”. Um dos apelos que Dinis Pereira faz aos portugueses, é que “comam a castanha nacional” e acrescenta que “comer castanhas nacionais contribui para fixar uns milhares de portugueses no país e ajuda a economia nacional”.

 

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