“Acredito que qualquer mulher consegue alcançar o sucesso profissional”

Carina Vicente Correia, Fundadora da CVC Advogados, partilha em entrevista à Revista Business Portugal, a sua visão de liderança no feminino, ressalvando a importância do espírito de equipa no sucesso alcançado, ao longo do seu percurso.

Carina Correia, Fundadora

Como fundadora da CVC Advogados, pode partilhar a sua visão e inspiração por detrás da criação deste escritório de  advogados?

Começando por explicar o motivo para abrir um escritório de advogados, a decisão foi muito simples, estar próxima dos meus filhos, porque pretendia ter a possibilidade de os levar à escola, acompanhar o seu dia a dia e por isso decidi deixar de trabalhar no centro de Lisboa e abrir um pequeno escritório na vila onde resido. E assim começou tudo.

Abri o escritório, inicialmente, sozinha tendo vindo acompanhar-me o meu antigo patrono de estágio o Dr. José Perez, a quem deixo desde já o meu grande agradecimento, porque tudo o que hoje sei a nível do Direito devo a ele e, hoje em dia, é um grande amigo.

Comecei com pouquíssimos clientes e isso assustou-me bastante, porque tinha contraído na altura um empréstimo para a abertura do escritório. Foi um início bastante difícil, o tempo que queria ter para a família acabei por não ter, para conseguir construir uma carteira de clientes suficiente para manter o escritório sozinha.  Chegava a entrar bastante cedo e a sair tardíssimo já os meus filhos estavam a dormir e, assim, foi durante bastante tempo, tendo feito bastantes sacrifícios pessoais (que apenas foram possíveis pela ajuda que tive a nível de estrutura familiar). O início foi de facto muito duro, com bastante sacrifício tanto da minha parte como da minha família que são o pilar da minha vida, sem eles nada teria sido possível. Atualmente, o escritório está em crescimento e temos uma equipa extraordinária a quem devo agradecer sempre, porque sem eles não seria possível. Acredito que este espírito de equipa é o que nos define.

Considerando a interseção da sua identidade como mulher, advogada, empresária e líder, gostaria de saber como é que articula as diferentes facetas da sua vida, equilibrando os requisitos da esfera pessoal, social e profissional para alcançar um padrão eficaz de liderança num ambiente profissional dinâmico e desafiador?

Creio que enquanto mulher advogada o momento mais difícil do meu percurso foi quando, conjugando com a Advocacia, decidi candidatar-me ao TAD (Tribunal Arbitral do Desporto) que é um mundo predominantemente de homens, até porque a maior parte dos processos no TAD são do futebol e a estatística aqui é muito matemática. A percentagem de mulheres no TAD no primeiro mandato pelo menos era uma percentagem muito menor. Tendo conseguido entrar e permanecer pelo primeiro mandato foi um privilégio, sempre conjugando esta parte da minha vida com a gestão do escritório de Advocacia e da minha vida pessoal, até porque nesta fase já tinha dois filhos (hoje em dia tenho  três que são a minha vida). Nesta altura, saía muitos dias de casa para o escritório, organizava o dia e seguia para o TAD em Lisboa e do TAD novamente para o escritório, porque tinha de compensar as horas que tinha estado fora.

Dado que o cenário em que a liderança no mundo corporativo está em constante evolução, como é que vê o papel da liderança feminina na transformação desses paradigmas e na promoção da igualdade de género no ambiente empresarial?

Sinceramente, creio que hoje em dia já existe um equilíbrio muito maior em termos de igualdade de género e quero acreditar que isso se mantém para o futuro. Tenho duas filhas e um filho e acredito que eles irão ter um futuro com as mesmas oportunidades. Acredito num futuro promissor e com esperança.

Neste momento, quais são as áreas do Direito a que o vosso escritório mais se dedica?

Nos primeiros anos, praticávamos uma advocacia mais generalista e, apesar de hoje em dia, mantermos este padrão, todas as profissões têm áreas privilegiadas e nichos da atividade profissional a que dão mais atenção e a Advocacia não é diferente. Neste momento, trabalhamos mais em dois nichos de mercado, o da nacionalidade e do registo civil, o Direito Imobiliário, representando os clientes de vários países nos seus investimentos em Portugal porque, cada vez mais, existe uma grande demanda na procura de investimentos imobiliários em Portugal, e o Direito Comercial.

A representatividade é um elemento crucial para inspirar outras mulheres a ingressarem em posições de liderança. Com a sua experiência, como é que lida com os desafios da representatividade e quais são as estratégias que acredita serem eficazes para motivar e orientar outras mulheres a destacarem-se nas suas carreiras?

Acredito que qualquer mulher consegue alcançar o sucesso profissional. O que vai determinar esse sucesso são na minha opinião alguns fatores que, necessariamente, têm de ser em conjunto: o espírito de sacrifício e a determinação, a resiliência e, acima de tudo, o espírito de equipa. Quando falo de espírito de equipa, refiro-me no sentido mais amplo, tanto na equipa com quem trabalhamos diariamente, como os nossos clientes. Trabalho diariamente de pessoas para pessoas, enfrentando todos os dias os desafios e superando-os a cada segundo, envolvendo a equipa num projeto comum. Por outro lado, tendo os nossos clientes como parceiros e, essencialmente, estar sempre à distância de um telefonema com a mesma disponibilidade e transparência como no primeiro dia. Acredito que com estes fatores, todos alcançamos os nossos objetivos e sucesso profissional.

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