A nova geração de profissionais

 

 

 

 

«O futuro presente da profissão» foi o tema escolhido para as celebrações deste ano do Dia do Contabilista, a 21 de setembro. Este marco foi assinalado numa altura muito particular: está em curso o processo de renovação geracional na profissão. Até ao momento em que escrevo estas linhas, foram cerca de 5 500 os candidatos que se submeteram aos dois primeiros exames de acesso (a 19 e 26 de outubro), à luz do novo estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC). Estes milhares de candidatos que sonham e ambicionam aceder à OCC são um sinal de que esta profissão é atrativa e que o “sangue novo” vai permitir dar um novo impulso a uma profissão algo envelhecida.

Com a questão demográfica a suscitar, no mercado laboral, acesa competição entre as profissões para atrair os jovens, a de contabilista certificado deu, uma vez mais, a prova de que atrai e interessa às gerações mais novas. A chamada «geração Z» tem características muito especiais: para estes jovens o salário já não está no topo da prioridade. A maioria exige trabalho híbrido e a definição clara do seu papel na organização. Mais do que nunca, não abdicam do sentimento de pertença. Para além disso, não abrem mão de contrabalançar a vida pessoal, com as obrigações profissionais.

É neste peculiar contexto que os empregadores estão obrigados a constituir as suas equipas. É também neste enquadramento de escassez de talento que é preciso porfiar no processo de desconstrução em curso da imagem da profissão de contabilista certificado.

Em primeiro lugar, ao contrário do que se diz, esta profissão tem capacidade para atrair muitos e bons talentos. Em segundo lugar, a sofisticação tecnológica – em que a chamada inteligência artificial tudo domina – também ao contrário do que se apregoa, será um aliado da profissão e dos profissionais. Finalmente, e talvez o ponto mais relevante, a contabilidade está muito longe de ter os dias contados. A parceria estratégica e de aconselhamento entre os contabilistas e os empresários jamais conseguirá ser feita por qualquer máquina. Em suma, as notícias da morte da contabilidade são um manifesto exagero.

Há, contudo, um paradigma que urge modificar. Gradualmente, mas sem nunca baixar a guarda: esta nova geração de contabilistas, que agora começa a trilhar o seu percurso, terá de possuir uma carteira de clientes mais reduzida e auferir avenças compatíveis com o seu trabalho. Esta transformação é crucial para o futuro, para continuarmos a ser a classe profissional que faz a diferença nas empresas e na economia do país.

A pandemia foi uma prova de fogo ultrapassada com distinção. Tratou-se de uma inesquecível demonstração de competência e vitalidade, mas que já faz parte do passado. O trabalho de credibilidade, segurança e transparência é cimentado diariamente, da mesma forma como se edifica uma casa. Com o permanente e inestimável apoio da OCC, providenciando apoio técnico e uma oferta formativa ampla, diversificada e de qualidade, continuaremos a ter a garantia de esta ser uma classe profissional que contribui para que as empresas produzam riqueza e criem postos de trabalho. Condições fundamentais para que o crescimento económico do país caminhe, de mãos dadas, com o bem-estar e a paz social. Portugal e os portugueses podem e devem confiar nos contabilistas certificados.

 

Paula Franco

Bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados

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