Uma liderança ousada
A resiliência é o fator-chave para o sucesso profissional e uma característica inata da mulher, aliada à calma e persistência, que também caracterizam Ana Gomes, CEO da agência imobiliária da Sofprime, um projeto que surgiu com o intuito de “fazer diferente” num mercado imobiliário padronizado.
Criatividade, inovação e multitasking estão entre as características que, atualmente, definem as mulheres líderes e empresárias com carreiras de sucesso, com cargos de direção nas organizações. Em retrospetiva, revê nestas características a razão para o seu sucesso, tanto profissional e pessoal?
A resiliência é de facto a palavra-chave para qualquer sucesso, sendo que penso ser uma das características mais marcantes no género feminino. Uma mulher com um cargo de direção ou em qualquer outra posição numa empresa não deixa de ser mãe, esposa, dona de casa, amiga… logo a multifuncionalidade faz parte do nosso ADN. As empresas precisam cada vez mais de pessoas multifuncionais e que não sejam um quebra galho, talvez por isso haja a cada dia mais mulheres em cargos de direção. Evidentemente uma pessoa multifuncional tem de ser criativa e inovadora em simultâneo, pois a interligação é constante, ou de outra forma nunca seria omnipresente, sem o ser presencialmente. A nossa equipa tem de sentir que estamos sempre lá, mesmo que à distância, exatamente como com os nossos filhos, isto é ser mulher em todos os sectores da nossa vida. Assim me revejo na minha vida pessoal e profissional.
Num mercado exigente e com um ritmo de mudança cada vez mais rápido, a capacidade de competir das empresas depende de um líder com essas mesmas características. Para si, no mercado imobiliário, que particularidades femininas são determinantes?
Sem dúvida a liderança omnipresente, como um elemento da equipa e não a “chefe”. É necessário antecipar o mercado, as suas tendências, a sua instabilidade, logo a observação, calma, persistência e planeamento são características fundamentais e femininas.
Há, felizmente, em Portugal muitas mulheres exemplos de Liderança de sucesso com cargos de direção e de empreendedorismo nacional, um grupo no qual a Ana Gomes se insere. Como surge o projeto Sofprime?
Surge exatamente com o intuito de fazer diferente. O mercado imobiliário trabalha, na sua maioria, com um mesmo padrão de ação, que infelizmente descredibiliza o sector. É necessário mudar esse padrão e criar uma maior confiança nos clientes, através da transparência e de profissionais dotados de capacidade teórica e pró-ativos.
É muito habitual um consultor imobiliário não ter noção alguma de direito de imobiliário, fiscalidade e afins, o que por vezes acarreta problemas futuros gravíssimos para os clientes.
Localizada em Famalicão, a Sofprime atua no mercado de habitação, sobretudo no investimento, sendo os distritos de Braga e Porto o principal foco. Trabalham o investimento nacional, através de pequenos e grandes investidores, bem como o investimento estrangeiro?
Sim, temos a capacidade de trabalhar todo o mercado nacional. Atualmente há entrada de capital estrangeiro em Portugal, embora muitos desses investidores procurem apenas os mercados do Porto e Lisboa, que estão já por si só muito valorizados, portanto é fundamental mostrar a esses investidores que o nosso país tem muito mais a oferecer, mas isso não depende apenas dos consultores imobiliários, é um trabalho conjunto com as autarquias e dos ministérios competentes. Talvez fosse interessante uma fusão de forças, o país teria muito a ganhar. Fica a dica!
Quando surgiu o projeto, pretendia que fosse diferente, dos demais, na atuação, na abrangência de mercado e na relação com o comprador, procurando sempre a transparência. Os acordos e as parcerias adequadas vão ao encontro desse diferencial?
Sem dúvida alguma! Houve momentos em que tivemos de rescindir parcerias, anular negócios, uma vez que os mesmos não estavam de acordo com a visão e os valores do projeto SOFPRIME.
A pandemia veio alterar rotinas e mentalidades nas famílias, o teletrabalho revolucionou a forma de se encarar o dia a dia e iniciou-se uma procura incessante por uma maior qualidade de vida. Quais serão os maiores desafios dos líderes no futuro?
O teletrabalho é um grande desafio! Durante os períodos de confinamento funcionou, mas as famílias e mentalidades não estão preparadas para isso, seja porque as rotinas não o permitem, seja porque o espaço casa não está configurado dessa forma. Os arquitetos e construtores têm a “dura” tarefa de mudar o layout dos espaços. Por outro lado, as empresas terão de dar mais autonomia e consequentemente maior responsabilidade aos colaboradores que podem estar em teletrabalho. Obviamente os trabalhadores terão de ser tão ou mais produtivos, do que quando presencialmente nas empresas. A arquitetura dos espaços empresas e casas irá sofrer alterações significantes, a curto médio prazo.