Uma farmácia para todos

A Farmácia Oliveira pretende ser a farmácia de serviço para todas as necessidades e oferecer aos clientes o melhor serviço possível. Em entrevista à Revista Business Portugal, Ana Fernandes, Gerente, revela-nos as características diferenciadoras da farmácia e os principais desafios para 2021.

 

Com o que podem contar os clientes quando procuram o vosso serviço?

Ana Fernandes, Proprietária e Diretora Técnica

Eu penso que somos uma equipa não só profissional, como coesa e acolhedora. Sendo uma farmácia de uma cidade relativamente pequena, acabamos por criar laços de amizade com os nossos utentes e até, por vezes, vivenciamos os seus problemas pessoais. No fundo, somos uma equipa bem-disposta e informada, o que penso que transparece e tentamos sempre solucionar qualquer problema que possa surgir. O nosso mote é que ninguém deve sair das nossas instalações, insatisfeito ou com dúvidas. Dispomos também de um gabinete de atendimento personalizado para situações em que o utente sinta a necessidade de maior privacidade. De uma forma geral, sentimo-nos também acarinhados pelos nossos utentes, dão-nos muitos miminhos. Recebemos tartes, bolos, legumes e frutos biológicos da “hortinha”, o que nos preenche a alma e nos diz que estamos no bom caminho.

 

Na Farmácia Oliveira, o cliente tem ao seu dispor técnicos especializados que o podem informar e ajudar na área da estética e nutrição. É esta atenção nos serviços que garante o vosso sucesso?

 O sucesso é sempre relativo… na minha perspetiva, manter a farmácia aberta, apesar dos percalços que temos tido, conseguir satisfazer os nossos utentes e estarmos felizes no nosso local de trabalho já é um sucesso. É muito bom sentirmo-nos realizados na nossa profissão e termos um ambiente de trabalho que nos proporciona alegria. Claro que termos técnicos especializados em certas áreas é uma mais valia para qualquer farmácia, pois ao oferecermos um maior leque de serviços atingimos um maior número de população. Mas também é importante mantermo-nos atualizados, quer a nível de novas gamas/produtos que surjam no mercado, quer a nível profissional, através de cursos e formações. É uma área em que podemos sempre aprender algo mais.

 

Considera que as farmácias devem ter um papel ativo e informar o utente do que é melhor para ele no que à medicação se refere, ou este papel deve ficar reservado apenas aos médicos?

O farmacêutico não prescreve, essa área é da responsabilidade dos médicos. No entanto, nós somos de mais fácil acesso e, como tal, é a nós que muitas vezes os utentes reportam primeiro uma reação adversa ou uma pioria na sua patologia. Quando tal acontece, aí torna-se nossa obrigação verificar se poderá ser resultado de uma nova medicação ou se é um efeito já verificado para alguns doentes. E, caso encontremos alguma correspondência, pedimos ao utente para se dirigir ao seu médico para avaliar a situação. Penso que se encontra em fase de estudo a possibilidade de o farmacêutico se tornar mais interventivo no processo de diagnóstico e prescrição de algumas patologias minor, uma vez mais pela fácil acessibilidade do utente às farmácias, o que diminuiria o tempo de resposta no combate a essas patologias. No entanto não sei se passará de estudo para projeto.

 

Como caracteriza a população que procura os vossos serviços? Nesse sentido, tendo presente as novas tecnologias aplicadas ao sector farmacêutico, qual a recetividade às receitas eletrónicas?

A Farmácia Oliveira não tem definida uma faixa etária. Temos utentes mais idosos, mas também temos uma faixa etária mais jovial, talvez devido à vasta gama de dermocosmética de que dispomos. A nossa proximidade a um hipermercado também nos traz todos os dias pessoas de passagem e de aldeias próximas.

Relativamente às receitas eletrónicas convém antes explicar que existem três processos. A receita eletrónica que nos é fornecida em papel, a receita a que se acede via telemóvel pelos códigos enviados e a possibilidade de aceder à receita através do cartão de cidadão. Este último processo raramente é utilizado, aliás se bem me lembro, a única vez que utilizei este método foi para efetuar um vídeo, a pedido da ANF, para demonstrar este processo ao Dr. Manuel Teixeira, secretário de Estado da Saúde em 2015. Qualquer um dos outros dois métodos são largamente utilizados e, por norma, bem aceites pela população em geral, vista a possibilidade da prescrição de um maior número de medicamentos, o que facilita a vida aos doentes crónicos. Assim não têm de se dirigir tantas vezes aos seus médicos e/ou centros de Saúde para prescrição de nova receita. No entanto, para a população de uma faixa etária mais elevada, e menos hábil no que concerne os telemóveis, este processo por vezes pode tornar-se moroso e confuso. As receitas fornecidas via telemóvel não especificam ao utente quais os medicamentos que contêm, pelo que, se o utente tiver diversas receitas prescritas por esta via, temos de verificar no nosso sistema uma a uma, até encontrarmos a que tem o medicamento de que o utente precisa. E por vezes, já nem tem nenhum medicamento disponível e não se tinha apercebido desse facto. As receitas eletrónicas vieram facilitar a prescrição e a dispensa de medicamentos, mas temos de ter uma maior sensibilidade para corresponder os métodos adequados à faixa etária em questão.

 

 

A pandemia afetou todos os negócios de uma forma global. De que forma a crise afetou a área da saúde, e farmacêutica, em particular? Como perspetivam o ano 2021?

Este ano realmente tem sido difícil, pela pandemia em si e por todas as alterações que tivemos de adotar no nosso dia-a-dia. Afetou económica e socialmente toda a população. Em termos globais de saúde, acho que se estão a atrasar muitos diagnósticos. Quer pelo medo das pessoas se dirigirem aos centros médicos, hospitais e centros de saúde, quer pelas alterações, devidas ao Covid, que os mesmos tiveram de implementar, em termos de números de utentes, horários disponíveis e até mesmo por quarentenas. O surto que surgiu no Hospital José Joaquim Fernandes, aqui em Beja, provocou desmarcações de consultas e cirurgias. Muitas consultas dos médicos de família têm sido via telefónica e marcar exames tem sido um processo mais moroso.

Na área farmacêutica também tivemos alterações, foi necessário implementar novas regras, adquirir equipamentos de proteção e organizar planos de contingência. Durante um mês e meio trabalhámos com a equipa em “espelho”, ou seja, quatro funcionários trabalhavam num dia e no seguinte seriam outros quatro. Foi extenuante, tivemos de reduzir o horário de funcionamento da farmácia, pois não podemos trabalhar mais de oito horas diárias, e provocou uma quebra nas vendas. Mas na altura, por questões de saúde e visto estarmos com um surto maior em Beja, considerei que era o mais correto a fazer.

Para 2021 tento ser otimista. Sei que estamos à beira de uma crise económica, sei que terei de ser mais cautelosa na gestão da farmácia, continuar a parceria com a Finanfarma, que nos tem ajudado muito a nível de tesouraria, e esperar que, com o nosso melhor, continuemos a ajudar profissional e socialmente a nossa população e, assim, podermos garantir a nossa perspetiva de sucesso.

You may also like...