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Em entrevista à Revista Business Portugal, Carlos Morgadinho, Diretor-Geral da CIMD, salienta o contributo da empresa para a empregabilidade no território e também para a dinâmica económica e social da região, e reafirma o orgulho no trabalho desenvolvido, ao longo de mais de três décadas, nomeadamente no esforço contínuo de inovação, dinâmica e espírito empreendedor.

Carlos Morgadinho, Diretor-Geral

A localização da CIMD num território de baixa densidade, como é o caso da cidade do Fundão, tem constituído uma desvantagem em relação às empresas que se localizam no litoral do país?

A CIMD está localizada numa cidade de média dimensão do interior de Portugal e integrada numa geografia que agora se designa como “território de baixa densidade.” Perante esta evidência não poderei dizer que não existem dificuldades de contexto pelo facto da nossa empresa estar localizada no Fundão. Mas também, em abono da verdade, devo afirmar que esta questão nunca se constituiu como uma desvantagem em relação a outras empresas situadas no litoral. Antes pelo contrário, este território que é o meu lugar de afetos, um espaço de memória e também um desígnio de vida, foi sempre alimento para o caminho que temos trilhado ao longo de mais de três décadas, superando obstáculos e alcançando metas e resultados. Neste período de desenvolvimento e consolidação da CIMD nunca senti o fator da interioridade como uma dificuldade. Em função do nosso trabalho e resiliência fomo-nos afirmando no setor como produtores de excelência de componentes de alta precisão para a relojoaria de luxo. Encaramos sempre as dificuldades como oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Para além disso, entendemos que não podemos olhar para os problemas da interioridade com uma perspetiva fatalista. Por isso, assumimos a nossa responsabilidade e compromisso com o território e seus atores no sentido de acrescentarmos valor. Com a nossa participação no mercado internacional do setor, julgo que podemos e devemos contribuir para que a nossa geografia seja mais coesa, solidária e competitiva. Em termos de balanço global, devo dizer que há mais de três décadas, tomei a decisão de vir para Portugal quando o sentido migratório era inverso. Foi um tempo difícil de esvaziamento dos territórios da interioridade. As pessoas procuravam melhores condições de vida no estrangeiro, nomeadamente em França, enquanto eu regressava. Hoje, estou muito feliz com essa decisão que à época nem a minha família e amigos compreendiam muito bem. Esta era a minha missão. É com enorme gosto e felicidade que a estou a cumprir.

A CIMD está comprometida em ser uma empresa responsável. Qual o impacte da vossa empresa no tecido económico, social e cultural na região em que estão inseridos? 

A nossa empresa assume a responsabilidade social como uma prioridade. Temos vindo, paulatinamente, a adotar comportamentos e a assumir posicionamento que vão no sentido da devolução à sociedade o que dela também retiramos, procurando que a nossa empresa esteja alinhada com o futuro e, em particular, com a Agenda 2030.

Temos consciência do impacte que o exercício da nossa atividade tem na região. Por um lado, garantimos um nível de empregabilidade, de âmbito local e regional, bastante significativo, facto que, em si, representa um contributo para a dinâmica económica e social, nomeadamente num território de baixa densidade.

Por outro, a nossa política de aquisição de bens e serviços privilegia os fornecedores, a nível local e regional, de forma a poder contribuir para o reforço do tecido económico e social da nossa região.

Entre muitas outras coisas, organizamos eventos que envolvem a comunidade local. Celebramos protocolos de cooperação em diversas áreas, procurando estabilizar e formalizar compromissos de entreajuda. Apoiamos o tecido associativo, cultural e desportivo, procurando minimizar os efeitos da interioridade, criando e reforçando laços afetivos com os diversos atores sociais da comunidade em que estamos inseridos. Procuramos ajudar a construir em conjunto, estimulando o espírito de solidariedade e entreajuda.

Tendo em conta o elevado grau de especialização que o recrutamento da vossa empresa exige, como contorna as lacunas existentes ao nível da oferta formativa? Tem alguma ideia de como se pode mudar o panorama atual?

Reconhecemos que o facto de nos dedicarmos à produção de componentes de microprecisão para a relojoaria de luxo dificulta o recrutamento muito para além das dificuldades de contexto. Esforçamo-nos muito para encontrar colaboradores jovens e menos jovens para, com recurso à capacidade formativa que possuímos, irem ao encontro das nossas necessidades de produção. Infelizmente, as ofertas de formação profissional existentes estão mais direcionadas para o combate ao abandono e insucesso escolar do que em formar para as necessidades efetivas dos territórios que se debatem com a necessidade de mão de obra qualificada. Por isso, entendo que os empresários deviam ser mais ouvidos para que se ajustassem os mecanismos formativos às necessidades de quem está absolutamente disponível para empregar e dar estabilidade à mão de obra qualificada, para enfrentar os desafios do futuro. Se estas circunstâncias não se alterarem, os empresários continuarão a debater-se com a procura de recursos humanos, incluindo no estrangeiro, suportando a seu cargo a formação específica a nível laboral, linguística e até promovendo o seu enquadramento social. Teria todo o gosto em dar oportunidades aos jovens do concelho do Fundão e região envolvente. Mas para que isso acontecesse era necessário existirem, no território, jovens com as qualificações necessárias. Não havendo, temos de procurar fora os recursos que aqui não temos, situação que lamento.

O nível de empregabilidade que a CIMD tem gerado é valorizado pelas instituições e pela comunidade em geral? 

Neste momento, a CIMD conta com cerca de 140 colaboradores que encontram na nossa empresa um índice remuneratório acima da média da região, com incentivos à produção, regalias e prémios diversos. Para além da garantia da estabilidade, os nossos colaboradores podem desenvolver e consolidar carreiras em patamares de progressão em permanência. Para além deste fator que, na minha perspetiva, é um grande contributo para a coesão económica e social do concelho do Fundão e região envolvente, cumprimos com gosto a nossa responsabilidade e compromisso com o território, atuando e intervindo em diversas áreas de relevante interesse coletivo. Julgo que a comunidade reconhece o nosso esforço e, naturalmente, o nosso contributo. Não fazemos nada para obtermos recompensas ou honrarias. Fazemos o que devemos fazer para, no quadro da nossa missão empresarial, podermos ir mais além, contribuindo para a valorização da nossa comunidade. Estamos sempre a recrutar em função do desenvolvimento do nosso projeto empresarial. Mas, como se sabe, faltam recursos humanos e, sobretudo, faltam qualificações ajustadas às nossas necessidades. A este nível dou-lhe um exemplo concreto: desde há dois anos que a CIMD tem um potencial de negócio na ordem dos 3 milhões de euros que não se concretiza por falta de mão de obra que garanta a produção em conformidade. Esta dificuldade condiciona a dinâmica, de forma muito significativa, o crescimento económico e desenvolvimento da empresa. Por outro lado, e também em função da nossa experiência de mais de três décadas, julgo que podíamos contribuir mais, se fossemos auscultados, em matéria de política fiscal e empresarial e, naturalmente, na organização de setores produtivos, sempre no sentido de podermos fazer a diferença, melhorando as dinâmicas existentes.

Considerando o histórico de sucesso da CIMD e a sua posição no mercado, como antevê o futuro da empresa?

Ao longo dos anos, a CIMD superou diversos obstáculos e desafios, muitos deles provocados por conjunturas externas. Também aprendemos muito com isso. Na atualidade, o nosso foco, para além dos fatores de produção e de conexão com o mercado, é o esforço permanente de melhorarmos os nossos procedimentos para planearmos melhor e anteciparmos cenários. Neste percurso, estivemos sempre atentos às necessidades dos nossos clientes. Tivemos sempre capacidade para responder, em tempo oportuno, a todas as suas exigências. Esse esforço constitui, em certa medida, a base da nossa força e prestígio. Contamos muito com a coesão das nossas equipas, o profissionalismo e empenho de todos na superação de dificuldades que vão surgindo no caminho. Por isso, olho para o futuro com esperança na medida em que tenho muita confiança nas nossas equipas de forma a podemos dar continuidade à trajetória de sucesso que temos vindo a trilhar.

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