Pastelaria Fidalgos: A casa das ferraduras

Há quase 50 anos, na Moita nasceu a primeira pastelaria das redondezas, criada por Amândio Campos em sociedade com a irmã. Uma pastelaria pioneira, com muita história e tradição, a Pastelaria Fidalgos, conhecida pela casa das ferraduras é, ainda, nos dias de hoje, uma paragem obrigatória para os amantes deste doce único e não só.

 

 

Amândio Campos, Gerente

 

Aos 11 anos, Amândio Campos abandonou o Alentejo e rumou até à cidade, como era comum naquela época, os jovens deixavam para trás as suas terras e partiam em busca de uma vida melhor. A vida de Amândio deu uma reviravolta quando a sua irmã veio viver para a Moita, e juntos decidiram abrir uma pastelaria: “Após a chegada da minha irmã, percebemos que não existia nenhuma pastelaria na Moita, então vimos isso como uma oportunidade e, em sociedade, abrimos a primeira pastelaria da Moita”.

Na altura, o gerente da Pastelaria Fidalgos vendia muitos pastéis de nata, mas ambicionava fazer sucesso com outros bolos e ter mais reconhecimento. Assim, começou a fazer os claudinos que se vendiam razoavelmente bem, mas mesmo assim ficavam aquém do que queria. “Quase como numa brincadeira nasceram as ferraduras, foram bem aceites, era uma receita que adaptei e moldei ao meu gosto e ao fim de quase 50 anos ficou conhecido como bolo típico local. A ferradura da Pastelaria Fidalgos é diferente do comum, trata-se de um bolo com doce de ovos ao contrário da normal que é mais seca”, refere, sublinhando que os bolos de destaque que podemos descobrir na pastelaria são as típicas ferraduras, os claudinos e o pastel de nata.

Amândio fala com o maior carinho sobre a sua atividade e sobre o processo de fabrico dos seus produtos, defende que um bom pasteleiro é aquele que trabalha com carinho e delicadeza e, que acima de tudo, se preocupa com a composição do seu bolo. O gerente tem como principal preocupação a qualidade dos seus produtos, “claro que não deixam de ser bolos, têm gorduras como a margarina, mas tudo da forma mais controlada possível, temos muita atenção também ao açúcar que colocamos nos nossos produtos”, destaca, acrescentando que nenhum dos seus bolos tem aditivos, são todos cremes feitos da forma mais natural possível, sem aditivos nem conservantes, assumindo-se uma pastelaria orgulhosamente tradicional.

Os clientes da Pastelaria Fidalgos podem contar com a melhor qualidade, a comprová-la também estão as certificações obtidas, como lembra Amândio: “Temos a certificação de alguns bolos, no âmbito do projeto PORTUGAL SOU EU, no sentido de serem bolos mais naturais e com fácil identificação de ingrediente, tenho quatro bolos certificados neste momento, a ferradura, o pastel de nata, os claudinos e em processo o éclair de fabrico artesanal”.

 

 

 

 

A Pastelaria Fidalgos tem participado em vários concursos a nível nacional e Amândio refere: “É tudo muito bonito e tem corrido tudo bem, embora algumas classificações não contem, porque vamos concorrer e aparecer num grupo de todas as zonas do país. Há sempre um almoço ou um jantar, e é tudo muito bom. Quando há classificações tenho ficado entre os primeiros, mas nunca conquistei uma vitória, o mais perto que estive foi num concurso de pastéis de nata que alcançámos o segundo lugar”. Contudo, Amândio considera que estes concursos são uma verdadeira janela para o reconhecimento dos bolos da Pastelaria Fidalgos. “Após esse concurso tive um cliente que me encomendou cerca de 1200 pastéis de nata, o que foi muito bom, deu uma grande evidência à casa”, lembra. Esse destaque fez com que o gerente pensasse na expansão do negócio: “Efetivamente, já pensei expandir o negócio e a sua dinâmica, mas as rendas fora daqui são muito altas, seria impensável, decidi que era melhor cá ficar”.

Em relação ao futuro da casa, no geral, Amândio demonstra-se bastante receoso: “Temo pelo futuro da pastelaria tradicional, pois quando acabarem os pasteleiros mais antigos, provavelmente, toda a gente se vai dedicar à pastelaria industrial, tudo pré-feito, que vem num saco que é mais fácil de fazer, vai-se perder o encanto e temo que a pastelaria tradicional vai acabar por cair no esquecimento e acredito que vá mesmo desaparecer. Mesmo no ensino da pastelaria os próprios professores tendem já a ensinar técnicas mais industrializadas e eles próprios defendem que o futuro é esse”. Para prevenir isso, o gerente da Pastelaria Fidalgos defende que “deveria ter havido um acompanhamento mais intenso para evitarmos este desfecho, se os jovens tivessem tido um melhor acompanhamento, talvez houvesse aqui uma continuidade da pastelaria tradicional”.

Para Amândio, o importante será continuar a defender a pastelaria tradicional, para isso investe muito na sua própria formação, e naqueles que o rodeiam, recentemente tirou uma formação em nutrição. “Achei bastante importante, invisto sempre na minha formação, devo ser a pessoa com mais formações a nível de pastelaria na Moita. Em relação à formação em nutrição, olho para ela como uma mais-valia, quero fazer boa pastelaria e o mais saudável possível, invisto na minha formação para que os meus clientes saibam que podem confiar em nós”.

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