Na intersecção entre língua, cultura e futuro profissional, o Goethe‑Institut Portugal reforça há mais de seis décadas a ponte entre Portugal e a Alemanha. Em entrevista, Anne Nicklich, Vice‑Diretora do Instituto e Diretora do Departamento de Línguas, destaca como o ensino do alemão se tornou um instrumento estratégico de diálogo intercultural, inovação formativa e competitividade para empresas e profissionais num mercado europeu cada vez mais global e digital.
Como define a missão do Goethe-Institut Portugal no contexto das relações culturais e linguísticas entre Portugal e a Alemanha?
A missão do Goethe-Institut Portugal é promover o diálogo intercultural e fortalecer os laços entre Portugal e a Alemanha. É através da língua alemã e da cooperação cultural internacional que atuamos, há mais de 60 anos, como uma ponte entre os dois países, seja oferecendo formação linguística, fomentando parcerias educativas e culturais, apoiando a criação de redes entre pessoas e instituições ou contribuindo para uma compreensão mútua mais profunda.

Que papel desempenham os cursos de alemão na construção de pontes entre empresas portuguesas e o universo económico e cultural alemão?
Acreditamos que o domínio das línguas é fundamental para promover o entendimento intercultural e alcançar o sucesso em contextos globais. Cada vez mais empresas procuram profissionais que dominem a língua alemã, por isso, os nossos cursos abrem portas para novas oportunidades, tanto em Portugal como no estrangeiro. Temos muito orgulho em formar turmas que se preparam para estudar ou trabalhar na Alemanha. E, com o aumento do investimento de empresas alemãs em Portugal, o domínio do alemão também se tornou um diferencial competitivo no país.
Através dos nossos cursos de alemão para empresas, facilitamos a integração em contextos profissionais com ligação à Alemanha e preparamos equipas para uma comunicação eficaz no mercado internacional.
De que forma o Goethe-Institut tem ajustado a sua oferta formativa às necessidades linguísticas e interculturais das empresas que operam em contextos internacionais?
O Goethe-Institut tem adaptado a sua oferta formativa às necessidades das empresas internacionais com foco no mercado português e também nas empresas alemãs que procuram trabalhadores em Portugal. Posso destacar, por exemplo, a colaboração de longa data com o hospital Herzzentrum de Munique. Nos últimos 10 anos, temos organizado cursos de alemão para enfermeiros, que lhes dão as competências linguísticas para o contexto de trabalho hospitalar na Alemanha e para o reconhecimento das suas qualificações profissionais, através dos certificados internacionais Goethe-Zertifikat. Já no contexto português, oferecemos soluções personalizadas para equipas multinacionais, preparando os colaboradores para a aprendizagem da língua alemã em situações do quotidiano, num contexto de trabalho cada vez mais internacional.

Que vantagens competitivas considera que o domínio do alemão pode oferecer aos profissionais e organizações portuguesas no cenário empresarial europeu?
O alemão é a língua mais falada na União Europeia e uma das mais relevantes nos setores industrial, tecnológico e científico. Profissionais que dominam o alemão têm acesso privilegiado a oportunidades de carreira em empresas de língua alemã, tanto em Portugal como na Alemanha, na Suíça, na Áustria e no Luxemburgo. Para as organizações, contar com equipas capazes de comunicar diretamente com parceiros alemães aumenta a eficiência, reduz barreiras culturais e linguísticas e fortalece a confiança empresarial internacional.
Como tem evoluído a procura por cursos corporativos de alemão em Portugal, e que tendências observa nesse campo?
Nos últimos anos, observamos um aumento na procura de cursos de alemão para empresas, impulsionado pelo crescimento das relações comerciais luso-alemãs. As empresas procuram cada vez mais formações adaptadas à sua realidade, com foco em vocabulário técnico, comunicação empresarial e fluência prática. Há também uma crescente procura por cursos de alemão online, que oferecem maior flexibilidade e permitem chegar aos trabalhadores em regime de trabalho remoto. As aulas são síncronas, os alunos acompanham o manual do curso e recebem acompanhamento regular.

Que iniciativas ou parcerias recentes destacaria como exemplos do compromisso do Goethe-Institut com a promoção do diálogo e da cooperação entre os dois países?
Uma das iniciativas que melhor exemplifica este compromisso do Goethe-Institut é o programa de bolsas de estudo, que permite tanto a docentes como a jovens portugueses viajar para a Alemanha, potenciando o conhecimento da língua e cultura alemãs e, ao mesmo tempo, fomentando o intercâmbio educativo bilateral. Além disso, temos estabelecido parcerias com instituições de ensino superior, com programas de cooperação universitária DLL, que apoiam a formação de docentes de alemão em escolas portuguesas.
No contexto europeu, destacaria o programa Culture Moves Europe, que promove a mobilidade de artistas e profissionais da cultura em toda a Europa, reforçando o papel do Goethe-Institut como facilitador de redes criativas e interculturais.
De forma mais abrangente, apoiamos o contacto e o intercâmbio entre especialistas de diversas áreas da sociedade e das artes – jornalistas, tradutores, autores – criando espaços de diálogo.
Como imagina a evolução das relações culturais luso-alemãs numa era marcada pela digitalização e pela crescente mobilidade internacional?
O Goethe-Institut aposta na inovação tecnológica para criar novas formas de aprender línguas e ampliar o intercâmbio cultural. Num futuro em que as competências humanas – comunicação, criatividade, colaboração e pensamento crítico – ganham protagonismo, aprender línguas torna-se uma chave para desenvolver essas competências do futuro. Além do impacto profissional, o domínio de outras línguas enriquece também as relações humanas.
A Roboteca, em Lisboa – a primeira do género no país – e o Coding & Deutsch, curso para crianças que combina alemão com programação, são exemplos desta abordagem inovadora. Através de soluções digitais e parcerias estratégicas, promovemos a mobilidade internacional e fortalecemos as relações culturais entre os dois países.




