Liderança na Exploração Florestal e Embalagens Sustentáveis

Numa conversa, Ricardo Pinto, Gestor da Madeiras Afonso, dá-nos a conhecer uma empresa que se destaca na exploração florestal e na produção de uma linha de packaging alimentar inovadora e sustentável.

Ricardo Pinto, Gestor

Como surgiu a ideia de fundar a Madeiras Afonso, e como é que a empresa se desenvolveu ao longo dos anos?

A Madeiras Afonso, Lda. surge do fascínio desde criança do Sr. André Afonso pela exploração florestal. Em 1981, e com 18 anos, realizou em nome individual o seu primeiro contrato anual de abastecimento de madeira numa das unidades de produção de pasta de papel próximas. O negócio aumentou, ao longo dos anos, e em 1998 é constituída a Madeiras Afonso, Lda. em sociedade com familiares. Em 2018, sofre alterações estruturais, passando o Sr.  André Afonso, em conjunto com a sua esposa, a serem os únicos sócios e detentores da mesma. Hoje, a segunda geração da família incorpora a gestão da Madeiras Afonso e outras duas empresas que nela gravitam, representando um volume de negócios de cerca de 22 milhões de euros e dando emprego a 125 colaboradores diretamente e cerca de meia centena indiretamente. Além da gestão e exploração florestal, elaboramos aluguer de terrenos, serração de madeiras, tratamento e comércio de madeira para a agricultura e construção, comércio de biomassa, estilha e casca de pinho.  Dedicamo-nos também à mais recente atividade da empresa, fabricação de uma linha de packaging alimentar, que consiste na produção e comércio de cuvetes de madeira de choupo.

Ana Catarina Afonso, João Afonso, André Afonso, Luís Afonso e Ana Paula Afonso

Pode contar-nos mais sobre essa nova linha de packaging alimentar inovadora e os seus benefícios sustentáveis?

Esta linha de packaging alimentar disruptivo diferencia-se desde logo do plástico, cartão e alumínio, pois tem a capacidade de poder ser levada a forno, micro ondas e congelação, desde 40 a 240º C. Cumpre todas as normas exigidas para o setor alimentar, e nelas é possível preparar, cozinhar, apresentar e consumir diretamente o seu pão, bolo, lasanha, arroz, massa, entre outros, sem necessidade de utilizar qualquer outro recipiente evitando o desperdício de água. Também podem ser utilizadas para acondicionar biscoitos, frutos secos, bolachas ou frutas. É um produto bastante versátil e com excelente apresentação. É uma solução inovadora, natural, sustentável, inesgotável, reciclável e compostável, que contribui consideravelmente para acelerar a transição de produtos à base de plástico e de alumínio, extremamente poluentes e provenientes de recursos esgotáveis. Desafiamos qualquer fabricante de outro tipo de segmento de embalagem a provar que a pegada ecológica na fabricação dos seus produtos seja inferior à nossa. Registámos recentemente a marca WOOD&OVEN, nome pelo qual queremos criar notoriedade ao produto e a outros artigos em madeira para cozinha que pretendemos fabricar. Possuem certificado PEFC e Vegan Friendly.

Qual a missão da Madeiras Afonso e como contribuem para um planeta mais verde e sustentável?

A Madeiras Afonso, Lda. tem como missão trabalhar e valorizar a madeira, em detrimento de recursos esgotáveis e de economias lineares. Este fator por si só já é uma grande contribuição para o planeta, pois ao contrário de produtos como o cimento, plástico, aço, entre outros, é um produto natural, sustentável e inesgotável se assim for a vontade do ser humano. As florestas limpam a nossa água, filtram o ar, protegem-nos das alterações climáticas, fornecem alimentos, medicamentos, combustível, abrigam uma infinidade de biodiversidade terrestre, desempenham um papel fundamental nas nossas vidas, e são cada vez mais um ecossistema em risco. Na nossa organização, investimos em floresta, plantamos árvores, e extraímos valor de todo o material explorado, desde a raíz aos ramos e folhas das árvores.

Quais os principais produtos derivados da madeira oferecidos e como garantem a qualidade e competência na sua produção?

Através do know-how de vários anos de experiência no setor e da maquinaria de topo utilizada na exploração florestal, aliado a recursos humanos altamente qualificados. Quanto aos produtos, fornecemos toros e estilha de eucalipto a várias fábricas em Portugal e no estrangeiro, produtoras de papel e pasta de papel. No que diz respeito ao comércio de madeira tratada para agricultura, trabalhamos com madeira redonda de pinho marítimo, as nossas reconhecidas estacas para vedações de terrenos, de autoestradas, viticultura e pomares. Fabricamos também postes telefónicos em madeira. A nossa serração de madeira permitiu uma aposta cada vez mais forte nas madeiras serradas, tratadas ou em branco, desde ripas de telhado, tábuas, barrotes, vigas e deck para a construção, a bancos, mesas, pérgulas, floreiras e papeleiras para o mobiliário urbano. Além das já mencionadas cuvetes de madeira para alimentação, queremos abrir o leque a novos utensílios de madeira para a cozinha, tábuas de madeira, faqueiros de cozinha entre outros, poderão surgir no nosso portfólio. Temos ainda subprodutos importantes, tais como a estilha e biomassa passado pela casca e serradura de pinho.

Quais os planos e estratégias da empresa para se tornar referência nacional na exploração florestal e na oferta diversificada de produtos derivados de madeira?

Na exploração florestal, já somos uma referência no setor. Somos uma das empresas, senão a empresa, mais capacitada para a compra, exploração e comércio de madeira a nível nacional. Desde maquinaria para corte, rechega e transporte de madeiras, estilha ou biomassa conseguimos satisfazer os nossos clientes com qualidade e rapidez, dependemos de outrém somente e a nível da exportação via terreste ou marítima para geografias mais distantes. Já identifiquei alguns dos produtos que pretendemos lançar, para atingir esse fim, antes de mais queremos manter-nos fiéis a nós próprios, com ambição, positivismo, espírito inconformado, resiliência, respeito pelo cliente, e qualidade no produto. Futuramente, pretendemos reforçar a nossa equipa de I&D, apostar cada vez mais em marketing, incorporar novos e bons talentos que acompanhem o crescimento da empresa e olhar para o mapa mundo com ambição de colocar os nossos produtos em todos os continentes.

Event MAKoppers

A responsabilidade social é um valor importante para a empresa. Quais os projetos de responsabilidade social desenvolvidos pela Madeiras Afonso?

Nós administramos 4000 ha de floresta, partindo daí temos consciência que temos uma responsabilidade social enorme. Procuramos cumprir com todas as boas práticas florestais, respeitar a natureza e o nosso entorno, contribuir para o aumento de mancha florestal, que nos permite usufruir de tudo de bom que nos pode dar. Colaboramos com coletividades envolventes à comunidade onde estamos inseridos, através de donativos ou patrocínios. Pretendemos levar o nome do município de Pombal e do distrito de Leiria onde quer que vamos, e temos projetado na freguesia do Carriço – Pombal, a constituição de um parque de lazer elaborado com as nossas madeiras, para servir a população. Quando à igualdade de género gostaríamos de poder fazer mais, mas o sector não é muito propício a isso, na medida que exige bastante a nível físico e apesar de termos algumas senhoras a trabalhar no chão de fábrica, não são tantas como gostaríamos. No escritório, por exemplo, as senhoras estão em maioria, também temos a conduzir camiões e em alguns postos intermédios de responsabilidade, senhoras a desempenhar igual ou melhor que os homens.

Como a empresa procura ativamente novos mercados para expandir os seus negócios e fortalecer as suas parcerias com sucesso?

The Navigator Company, Grupo Altri, Sonae Arauco, Finsa, Altice, DS Smith, Koopers, Grupo ENCE,  são alguns  exemplo de multinacionais de grande dimensão com as quais temos relações comerciais que consideramos parcerias. Estamos atentos às oportunidades de mercado não só a nível nacional como internacional. Acompanhamos de perto o setor a nível global, através de sites da especialidade, redes sociais, feiras internacionais, visitas comerciais, e investindo em projetos de internacionalização. Trabalhamos o Pinus Pinaster e Eucalyptus Globulus que são espécies florestais de valor acrescentado cuja qualidade é reconhecida em todo mundo, tal qual como o nosso sobreiro por exemplo, que felizmente encontram no nosso clima condições favoráveis ao seu crescimento, o que por si só atrai bastante os mercados. É preciso continuar a investir no setor florestal, com critério, pois pode e deve ser, um dos pilares fundamentais da base da nossa economia e que claramente tem sido negligenciado.

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