Inovação e conhecimento

Em entrevista à Revista Business, Jorge Antunes, CEO da TecnoVeritas, dá a conhecer um pouco do universo de uma das empresas auditoras de energia mais antigas do país.

Engº Jorge Antunes, CEO

Que balanço traça do percurso da TecnoVeritas e que valores têm norteado o seu crescimento?

A TecnoVeritas tem valorizado desde sempre as necessidades da indústria, pois tais necessidades têm sido os principais precursores das inovações que temos levado a cabo. É necessário também um certo “atrevimento”, ser capaz de arriscar e investir, mas também perceber quais as áreas de conhecimento que são necessárias em cada instante para a realização dos objetivos que nos propomos atingir. De braço dado está sempre o estudo científico das diversas áreas que envolvem cada projecto. A TecnoVeritas tem engenheiros das seguintes áreas: naval, automação, microelectrónica, química, electrotecnia, ambiente, energia e hidráulica, somos 20! O grande lema da TecnoVeritas, é que “todos juntos sabemos mais que eu!”, é a capacidade de nos agregarmos, de trabalhar em conjunto. Desde 2013, quando ainda mal se ouvia falar de “Cloud” que a TecnoVeritas que a TecnoVeritas tratou de ter a sua própria, para nela ter as suas “ferramentas” de monitorização, podemos dizer que fomos pioneiros naquilo a que hoje se chama IIOT, ou “Industrial Internet Of Things”. O BOEM (Blue Overall Efficiency Monitoring) desde 2013 que monitoriza a energia, as emissões atmosféricas e produção de fábricas e de navios, estes últimos com desafios muito complexos em termos de comunicações, dadas as localizações remotas onde podem operar. Hoje, monitorizamos a frota de navios da “Mystic Cruises” e não só, que operam em latitudes tão elevadas como a Antárctida, perto dos 90 graus Sul.

Acreditámos numa embarcação de superfície para patrulha das águas nacionais, e nasceu o projecto UOPV, apresentado na NATO em dezembro de 2019, e que foi lançado à água em março de 2022. Preparado como plataforma para guerra anti-submarina ou simplesmente para missões científicas, move-se com a energia das ondas e pode permanecer no mar por mais de seis meses, enviando para terra a informação que capta, ou por exemplo lançando uma balsa salva-vidas.

A empresa desenvolve e fornece soluções de gestão de energia e de manutenção para o sector naval e industrial…

A TecnoVeritas, é uma das empresas auditoras de energia mais antigas do país e, porventura a uma das mais ativas, tendo técnicos acreditados pela DGEG, mas também tem outras acreditações como a norma ISO 14 065, para a verificação das emissões de carbono, em navios sendo também particularmente ativa nesta área. Dispões ainda do LabTecno, um laboratório de combustíveis e lubrificantes, acreditado de acordo com a norma ISO 17 025, realizando testes a gasóleos, combustíveis pesados e a óleo lubrificantes.

O LabTecno produz trabalho não somente para o mercado nacional como internacional, cooperando com diversas empresas petrolíferas, como a PRIO com o seu bio-combustível marítimo o B15, uma nova oferta para a descarbonização, o qual foi amplamente testado pelo nosso laboratório, mas também trabalha em investigação e desenvolvimento com a maior petrolífera do mundo a Saudi Aramco da Arábia Saudita, no desenvolvimento de uma nova tecnologia para a dessulfurização de crude e com a TOTAL no âmbito do espalhamento de filmes de óleo de baixo atrito. O LabTecno lidera e realiza ainda um trabalho de Investigação e Desenvolvimento no âmbito da armazenagem de hidrogénio em líquidos, os denominados LOHC’s (Liquid Oil Hydrogen Carriers).

 

A aposta recente na tecnologia de mapeamento laser e impressão 3D tornou a empresa mais competitiva?

As ferramentas de mapeamento laser permitem à TecnoVeritas não estar dependente de terceiros e produzir os seus estudos e projetos com a qualidade e rapidez necessárias.

Em colaboração com a Marinha, estamos com base destas ferramentas a realizar o estudo da modernização do NTM “CREOULA”. Esta ferramenta permite ao milímetro desenhar todo o interior do navio, e assim podermos arranjar a solução de espaço para acomodar os nossos Catalisadores Selectivos Catalíticos para a redução das emissões de NOx de navios e centrais, um das nossas principais áreas de negócio a nível internacional.  Quanto à impressão 3D, essa é uma nova experiência que espero seja uma solução fundamental para a concorrência com os fabricantes asiáticos, com os quais não podemos concorrer.

 

A TecnoVeritas foi distinguida com oEstatuto Inovadora Cotec 2022”. O que significa para a empresa e quais os objetivos para o futuro?

Trata-se somente de uma distinção, mas na realidade, não se traduziu ainda em nenhum acontecimento digno de ser mencionado a não ser o reconhecimento.

Os objetivos para o futuro passam por continuar no mercado em boas condições financeiras, crescer dentro das nossas áreas de competência, nomeadamente no âmbito das IIOT´s, do hidrogénio e da engenharia para a proteção do ambiente marítimo e terrestre.

Em termos de progresso, era importante que o Estado, fosse célere e menos burocrático, pagasse no tempo previsto e não aplicasse tantos impostos sobre o trabalho, pois esse é um fator muito limitativo, pelo menos para quem produz valor científico e tecnológico para o país. Seria ainda importante que existisse menos burocracia nas candidaturas a programas de apoio.

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