Identificação e incidência do Carcinoma Espinocelular Cutâneo (CEC)

Dra. Maria José Passos, Médica Oncologista do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa

O Cancro Espinocular Cutâneo em Portugal, nas palavras de quatro especialistas.

 

O Carcinoma Espinocelular Cutâneo (CEC) é uma patologia praticamente desconhecida da opinião pública. Resumidamente, como caracteriza esta doença?

O carcinoma espinocelular (CEC), também denominado carcinoma pavimento celular (CPC) é a neoplasia maligna das células escamosas da epiderme, caracterizada pelo crescimento acelerado e anómalo destas células. É o 2º tumor cutâneo maligno mais frequente nos caucasianos e o mais frequente na raça negra. O CEC corresponde a cerca de 20 por cento de todos os cancros de pele.  Tal como o basalioma (BCC) é mais frequente nos doentes idosos e imunodeprimidos e está relacionado com a exposição crónica a radiação ultravioleta (UV). No entanto pode ter um comportamento biológico mais agressivo que o BCC, com capacidade de crescer rapidamente e metastizar a distância (gânglios e órgãos nobres), podendo ser fatal.

Na clínica o CEC pode ter várias formas de apresentação, sendo frequente o aparecimento de manchas avermelhadas escamosas, feridas de difícil cicatrização, pele áspera, espessa ou lesões semelhantes a verrugas salientes com uma depressão central. Por vezes podem formar crostas com prurido (comichão) ou até sangrar.

Surgem com maior frequência em áreas expostas ao sol, como a face, orelhas, pescoço, lábios e dorso das mãos. Podem desenvolver-se sobre cicatrizes antigas (queimaduras) ou feridas crónicas da pele em qualquer parte do corpo, incluindo os órgãos genitais.

São exemplos clássicos as lesões labiais dos fumadores de cachimbo e as queimaduras da face dos pescadores e trabalhadores rurais com exposição solar crónica.

Felizmente o CEC é curável em > de 95 por cento dos casos com Cirurgia/Radioterapia.

 

A incidência de CEC tem vindo a aumentar nos últimos anos. A que se deve este aumento?

O cancro da pele é o tipo de cancro mais frequente. Dado que os cancros cutâneos não melanoma são muito frequentes e muitas vezes curáveis os dados estatísticos são apurados por estimativa e os casos isolados não são registados.

Os casos de CEC não constam das bases nacionais de dados epidemiológicos e por isso a verdadeira incidência da doença não é conhecida. Nos EUA as estimativas mais recentes apontam para uma incidência de cerca de 1.000.000 de casos/ano, que continua a aumentar. Atualmente a relação CEC/CBC parece aproximar-se, dado o aumento de incidência do CEC. No entanto a taxa de mortalidade tem vindo a diminuir nos últimos anos, com cerca de 2000 mortes por ano por CEC e basalioma. Apesar do prognóstico geralmente favorável do CEC a elevada incidência traduz-se num aumento de morbilidade e mortalidade, sobretudo à custa da população envelhecida e dos doentes imunodeprimidos (HIV+, doentes transplantados).

 É importante também ter em consideração os fatores de risco, que aumentam a probabilidade de desenvolver um cancro cutâneo (exposição solar, solários, imunidade deficiente, tipo de pele com baixo fototipo, loiros, ruivos, sardentos, idade, género, raça, tratamentos prévios com radioterapia, antecedentes de cancro cutâneo, HPV, entre outros).

É crucial que a população esteja alerta para a necessidade de realizar vigilância dermatológica regular, com destaque para as populações de alto risco. Se detetar alguma lesão suspeita na pele contacte o seu médico!

 

 

Existem diferente formas de CCNM, sendo o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular cutâneos os mais comuns.

 

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