Garantir proteção, saúde e bem-estar aos animais de companhia

A harmonia entre pessoas e animais que promova uma sociedade saudável é um dos focos da Câmara Municipal de Cascais à qual a pandemia colocou algumas dificuldades. A prestação de assistência médico-veterinária a munícipes com animais de companhia e se encontrem em situação de carência socioeconómica é a solução apresentada pelo município, como nos esclarece o Vereador Nuno Piteira Lopes em entrevista à Revista Business Portugal.

A Câmara Municipal de Cascais tem uma política pró-ativa em relação aos animais de companhia. Nesse sentido, vai abrir brevemente um Curso de Tratador de Animais em Cativeiro. Em que consiste este projeto e quais os seus principais objetivos?

Em Cascais a nossa política é centrada nas pessoas, mas consideramos que uma sociedade saudável e moderna é aquela que promove uma harmonia entre pessoas e animais. Por essa razão temos investido e inovado bastante nas políticas de proteção animal. Este curso, que junta duas necessidades – bem-estar animal e criação de emprego jovem – é mais um bom exemplo da inovação que temos trazido para o nosso concelho.

Nuno Piteira Lopes, Vereador

Esta formação pretende contribuir, de forma visível e pragmática, para a construção de uma sociedade, cujo nível de desenvolvimento e grandeza se possa medir pela forma como os animais são tratados. No entanto, queremos ir mais longe. Para nós, faz todo o sentido ligar esta ambição aos jovens, formando-os e dotando-os com as melhores ferramentas para que possam desenvolver uma carreira de futuro na área. É, por isso, fundamental transmitir-lhes sólidos conhecimentos, através de docentes altamente especializados. Acreditamos que só com uma boa aprendizagem, é que será possível darmos aos nossos formandos uma carreira de qualidade e de longa duração. 

Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento exponencial pela procura e adoção de animais de companhia. No entanto, há cada vez mais famílias com animais de companhia que se encontram numa situação de carência sócio económica. Foi criado algum apoio para esta situação de emergência?

Quando falamos em adoções de animais de estimação, existem dois tipos de dificuldades. A primeira é as pessoas escolherem animais para os quais não têm condições para tratar – por vezes por falta de espaço e outras por falta de tempo. A outra dificuldade prende-se com a alteração com a situação financeira das famílias, que, infelizmente, em muitos casos se agravou com a pandemia.

Para estes dois tipos de dificuldades a Associação São Francisco de Assis tem resposta. Todas as adoções feitas na Associação são avaliadas por técnicos competentes que verificam as condições dos adotantes e aconselham os mesmos para o tipo de animal mais adequado às características avaliadas. Para a segunda dificuldade, o Município de Cascais já tinha como prática, de vários anos, dar apoio para a prestação de assistência médico-veterinária a munícipes detentores de animais de companhia, que se encontrem em situação de comprovada carência socioeconómica.

Desta forma, mesmo antes da Pandemia, era já possível suportar despesas inerentes ao reforço de apoio à comunidade e famílias em situação dificuldades financeiras que se veem impedidas de garantir o bem-estar higio-sanitário e de saúde dos seus animais de companhia. Neste sentido, o Município de Cascais presta o apoio necessário à garantia da proteção, saúde e bem-estar dos animais destes munícipes, suportando as despesas com os cuidados médico-veterinários.

A pandemia da Covid-19 trouxe novos problemas a toda a sociedade civil, desde logo a limitação à mobilidade, nomeadamente aos mais idosos e aos que prestam diariamente no terreno auxílio às populações, como profissionais de saúde, elementos da proteção civil e forças de segurança. Que medidas tomou a autarquia de Cascais para ajudar estas pessoas? 

Ainda Portugal não tinha registo de um único caso Covid-19, e já a autarquia montava um plano de ação para defender os cascalenses de uma pandemia que sabíamos que iria chegar mais cedo ou mais tarde. Essa proatividade foi essencial para antecipar cenários e preparar terreno para os elementos que compõem a chamada “linha-da-frente”. Assumimos o combate à Covid-19 com uma postura de TODOS POR TODOS, onde ninguém fica para trás. 

Criámos, por isso, condições para que todos os operacionais da “frente de combate” pudessem executar o seu trabalho sem as normais preocupações de pessoais. Criámos protocolos com entidades hoteleiras para acolher os profissionais de saúde, que não podiam ir a casa; abrimos espaços para acolher os filhos dos trabalhadores enquanto estes estavam em horário laboral; criámos, através da Associação São Francisco de Assis, uma parceria com um hotel canino, de forma a prestar apoio aos animais dos profissionais de saúde que, por motivos profissionais, tinham de estar ausentes.

Mas o auxílio não se esgotou com os profissionais da “linha da frente”. Muitos cidadãos, principalmente os de idade mais avançada, ficaram, por culpa do confinamento, impedidos de passear os seus animais. Criou-se, por isso, a Bolsa de Voluntários pelo Bem-estar Animal que, em articulação com as Juntas de Freguesia do Concelho de Cascais e com os Serviços de Ação Social do Município, fundamentais na identificação destes casos, asseguraram os passeios dos animais de estimação daqueles que não podiam sair de casa.

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