Farmácia Matias Pereira: Um negócio de família

Tudo começou com a matriarca da família que, mais tarde, passou a paixão pela área da Farmácia às filhas. Entre Mões e Parada de Ester, Susana e Catarina gerem as farmácias que são mais que um mero negócio.

Mões e Parada de Ester. Duas freguesias de Castro de Daire que, juntas, tem cerca de 2600 habitantes e estão unidas não só por fazerem parte do mesmo concelho, mas também porque a família Matias Pereira as uniu de uma forma muito particular. Foi a mãe da Dra. Susana e da Dra. Catarina, a Dra. Palmira, que começou esta aventura há cerca de 40 anos, sem saber que, mais tarde, teria as duas filhas a trabalhar na mesma área e seriam responsáveis de duas farmácias que se tornaram o negócio de família e o motivo de orgulho para todos.
A Dra. Susana Pereira é responsável pela Farmácia Matias Pereira, em Mões. De sorriso no rosto, explica que aquele espaço nem sempre foi o que é hoje. “Isto iniciou-se como um posto de medicamentos, que estava associada à farmácia em Parada de Ester, na outra extremidade do concelho que liga a Arouca”. Essa distância entre o posto de medicamentos e a farmácia Costa, em Parada de Ester e criada em 1977, acabou por ser uma das razões para a abertura e alargamento da farmácia em Mões. “Na altura, os médicos deslocavam-se pelas aldeias para ver as pessoas, por isso, a minha mãe achou que seria necessário criar uma farmácia neste lado”. Explica a entrevistada.

O alargamento do negócio
Susana Pereira, licenciada em Farmácia em 2002, seguiu as pisadas das outras familiares e tornou-se responsável pela segunda farmácia que veio a abrir em 2010. “O posto de medicamentos que era mais pequeno e, na altura, não precisava de uma farmacêutica, bastava um responsável. Foi crescendo, a população foi aumentando, por essa razão, houve a necessidade de efetuar esta alteração, em 2010. Mal me formei, vim logo trabalhar para aqui e a minha mãe, na época, era a responsável pela outra farmácia. Mais tarde, a minha irmã também se formou nesta área. Eu fiquei aqui e a Catarina ficou na outra”, explica Susana. Passados quase dez anos, desde a abertura da farmácia em Mões, Susana faz um balanço muito positivo do trabalho desenvolvido até aos dias de hoje. “Estar numa zona rural é muito diferente de trabalhar numa zona citadina. Eu costumo dizer que é muito engraçado trabalhar aqui”, confessa Susana e reforça “nós conhecemos as pessoas todas e todos nos conhecem”.

A relação farmacêutica – cliente
A farmacêutica de Mões diz que, em zonas pequenas como a que está, é normal criar uma relação de familiaridade com os utentes e de uma confiança diferente da que se cria em zonas maiores e com mais pessoas. Para Susana Pereira é normal andar na rua e ser abordada pelos habitantes das redondezas. “Acontece, muitas vezes, eu estar na rua e as pessoas virem ter comigo a pedir conselhos e ajuda para coisas mais do dia a dia”, refere. A simpatia e a humildade dos habitantes da sua terra são os aspetos que mais destaca. Estagiou durante quatro meses em Viseu e diz que, sendo uma cidade grande, acabou por não conseguir criar uma relação de proximidade com quem atendia todos os dias. “As pessoas não se dão tanto. Existe mais reboliço”, por isso prefere estar em Mões onde conhece toda a gente e todos a conhecem. Criar uma relação de confiança entre farmacêutica e os utentes, para Susana Pereira, é essencial. “Há muitas coisas que os doentes não falam com o médico e acabam por nos confessar.”. É através das conversas que têm com os seus utentes e das informações que vai recolhendo que, mais tarde, se torna a intermediária entre os pacientes e o médico.
Susana Pereira explica que muitos dos habitantes não estão habituados e não gostam de ir ao médico, por isso, recorrem à sua farmácia para resolver os problemas que vão aparecendo. “Eu conto muitas vezes esta história. Há muita gente que entra aqui, nós aconselhamos a ir ao médico e eles dizem que não estão bem vestidos para lá ir (ao médico) e que nós, aqui na farmácia, conseguimos resolver-lhes o problema. Ainda existe esse distanciamento”.

Serviços Prestados
Na farmácia Matias Pereira prestam-se vários serviços como dar injeções, medição de colesterol, tensões, glicemia, tratam feridas e acompanham, individualmente, todos os utentes. Apesar de os serviços ao domicílio não estarem incluídos na lista, Susana Pereira explica que, por vezes, também o fazem. “Quando as pessoas necessitam dos nossos serviços ou de medicação, nós vamos a casa e prestamos esse serviço. Fazemo-lo pela proximidade e amizade, apesar de não ser um serviço que esteja englobado na nossa atividade”. Com quase três mil utentes das freguesias de Mões, Moledo e Ribolhos, Susana Pereira também trabalha com a Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire. “Acabamos por trabalhar com muita gente e de ter algum trabalho”. Esclarece.
Trabalham das 9h às 12h30 e das 14h às 19h, mas a disponibilidade da Dra. Susana não fica restrito ao horário da farmácia. Explica que, mesmo depois de fechar, o seu contacto fica na porta para que, se alguém tiver alguma emergência, a possam contactar. “Não acontece muitas vezes ser contactada fora da hora de expediente. Antigamente, quando isto era o posto de medicamentos, não era obrigatório ter um horário de disponibilidade como agora, por isso, as pessoas habituaram-se a esperar pelo dia seguinte”. Susana Pereira explica, também, que as pessoas “têm a tendência a fidelizar-se à farmácia que mais frequentam. Muitas vezes, mesmo em situação de urgência, as pessoas esperam pela abertura da sua farmácia para virem comprar os medicamentos que necessitam”. A farmacêutica, dez anos depois, não mudaria nada do que fez até aos dias de hoje. A familiaridade que estabeleceu com os habitantes de Mões, a confiança que foi ganhando e o trabalho que desenvolveu são motivos de orgulho para si.

O Futuro
Quando questionada sobre a abertura de uma terceira farmácia da família, Susana Pereira diz que não está nos planos, mas que, no futuro, quer continuar a ter este negócio que tanto as faz feliz. Continuar a ter uma boa relação com as outras farmácias de outras freguesias, desenvolver um bom trabalho, ter mais utentes, ajudar todos aqueles que lhe aparecem e, o mais importante, trabalhar na sensibilização da prevenção das doenças, são algumas das metas que Susana Pereira tem para a sua farmácia num espaço de dez anos. Por último, a farmacêutica diz que “se continuarmos da forma como estamos agora, não estamos mal. Há uns anos foi difícil para todas as Farmácias, mas, felizmente, temos muita sorte com quem nos visita e com quem vive por cá”, conclui Susana Pereira.

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