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É tempo das empresas se comprometerem com a natalidade

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Portugal enfrenta um dos maiores desafios demográficos da sua história recente: a acentuada queda na taxa de natalidade. Em 2024 nasceram 84.650 bebés em Portugal, menos 1,2% do que no ano anterior1. A taxa de fecundidade manteve-se nos 1,44 filhos por mulher2 – muito aquém dos 2,1 necessários para garantir a reposição geracional.

 

Rita Reis, Value, Access, Government and Public Affairs, Senior Director Merck Portugal

 

 

Este problema não é novo, mas tornou-se urgente. E exige soluções inovadoras e colaborativas, capazes de dar resposta às novas necessidades de quem deseja constituir família. Independentemente do caminho, o objetivo é comum: reduzir as taxas de infertilidade para, com isso, contribuir para o aumento das taxas de natalidade – que há muito deixaram de ser uma mera questão estatística, passando a representar um imperativo estratégico.

Se por um lado o desafio é nacional, por outro as soluções podem (e devem) começar à escala de cada organização. O Movimento +Fertilidade, promovido pela Associação Portuguesa de Fertilidade, pela Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e pela Ordem dos Médicos, reconhece precisamente essa urgência: a de mobilizar o tecido empresarial para criar um ecossistema mais favorável à parentalidade, com políticas inclusivas e amigas da família.

Num país onde a parentalidade é cada vez mais adiada, o envolvimento das empresas é essencial. Não podemos continuar a olhar para este problema umas vezes com o olhar de cidadão preocupado e outras com o olhar de empresário, focado apenas na redução de custos, na produtividade ou mesmo sem qualquer olhar sobre as necessidades de quem connosco colabora.  Apoiar os colaboradores no caminho para a parentalidade é uma aposta no futuro coletivo – e um compromisso que mais empresas devem assumir.

Existem hoje exemplos claros de medidas que fazem a diferença: licenças parentais alargadas para além do legalmente exigido, horários flexíveis durante o período de amamentação, creches ou tickets de infância, benefícios monetários no nascimento da criança, colónias de férias ou dias adicionais para a família, ou mesmo o famoso teletrabalho seja pontual, seja regularmente definido. O impacto destas políticas é visível – não só no bem-estar das equipas, mas também na sua motivação e na capacidade das empresas atraírem e reterem talento.

Na Merck, acreditamos que este é um compromisso que deve estar no centro da cultura organizacional. Por isso, decidimos alargar a Portugal o programa global “Benefícios de Fertilidade”, que passa agora a cobrir 98% da nossa população mundial de colaboradores. Este programa oferece apoio financeiro a todos os nossos profissionais e seus parceiros, independentemente do estado civil ou orientação sexual, para tratamentos de fertilidade e preservação da fertilidade. Um passo que procura dar resposta a um dos maiores obstáculos à parentalidade: os custos e a imprevisibilidade associados a este processo.

Mas a nossa abordagem é mais ampla. Inclui um seguro de saúde extensível ao agregado familiar, modelos de trabalho flexíveis e a comparticipação da análise à hormona AMH nas consultas de rotina da medicina do trabalho para mulheres até aos 35 anos – contribuindo para aumentar a literacia e a antecipação de decisões sobre fertilidade. Sabemos que estas medidas fazem a diferença. E sabemos também que não podem ser exceção.

A realidade é que muitas mulheres continuam a sentir que têm de escolher entre a progressão na carreira e o desejo de serem mães. Persistem discriminações silenciosas, pressões implícitas e uma escassez de soluções reais no local de trabalho. É por isso que defender a parentalidade é também combater desigualdades. Passa por mudar mentalidades, repensar práticas laborais e garantir que todos os colaboradores, em todas as fases da sua vida, se sentem apoiados.

Este é um desafio global que a todos tem de convocar.

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1 Instituto Nacional de Estatística – Estatísticas Vitais: 2024,
Disponível em https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=701627622&DESTAQUESmodo=2
2 Instituto Nacional de Estatística – Estatísticas Demográficas: 2023. Lisboa : INE, 2024. Disponível na www: <url:https://www.ine.pt/xurl/pub/439488367>. ISSN 0377-2284. ISBN 978-989-25-0688-3

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