Desafios e avanços em fertilidade

No âmbito do Mês da Consciencialização para a Fertilidade, tivemos a honra de entrevistar o Prof. João Luís da Silva Carvalho, Diretor Clínico do CETI, que partilhou perspetivas sobre os avanços mais recentes em tratamentos de fertilidade, os desafios enfrentados pelos casais que procuram realizar o sonho de ter filhos e as novas tecnologias que estão a revolucionar este campo.

 

 

Prof. João Luís da Silva Carvalho, Diretor Clínico

 

O Mês da Consciencialização para a Fertilidade procura alertar para um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Qual é o principal desafio para a sociedade em relação à infertilidade e quais são as ações mais importantes para o combater?

Para a baixa natalidade contribuem fenómenos políticos, económicos, sociais e numerosos casos de infertilidade, de que se verifica uma progressão crescente. Estando com eles relacionados, cabe dar relevo ao atrasar da primeira gravidez para idades tardias na vida da mulher (mais de 35 anos), o que pode comprometer séria e definitivamente a sua fertilidade. A magnitude do problema é tal, que alguns pensam que o importante aumento do número de casais inférteis não é devido à crescente incidência de causas e riscos, mas apenas a uma progressiva tendência de adiamento da primeira gravidez para a 4ª década da vida. De facto, verifica-se uma indiscutível diminuição da fecundidade da mulher a partir dos 30 anos, com um declínio que se acentua marcadamente a partir dos 35, atingindo-se níveis mínimos aos 45 anos de idade. Assim,conceder prioridade cronológica a aspetos de satisfação económica e profissional pode, por vezes, comprometer o que para muitas mulheres é o seu principal desígnio de realização pessoal e familiar.

Neste contexto, os meios de comunicação social podem desempenhar um importante papel pela divulgação e transmissão de conhecimentos. Um estudo que realizei mostra que sendo a informação escassa, a principal fonte são os meios audiovisuais (66,5%) e jornais/revistas(24,6%). A aquisição de informação e de conhecimentos através de médicos ronda apenas os 20%.

Que avanços mais significativos ocorreram nos últimos anos no campo da infertilidade e como é que o CETI contribui para essa evolução?

Posso realçar a vitrificação de ovócitos e embriões ou a implementação de um sistema de cultura embrionária com monitorização contínua do desenvolvimento que nos permite selecionar os embriões de melhor qualidade. No que nos diz respeito, este ano foram-nos atribuídos no Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução um prémio pela melhor comunicação livre “Quantificação de microRNAS no liquido folicular para prognóstico de sucesso da PMA na endometriose” e uma bolsa para o trabalho “Inteligência Artificial e Embriologia: Parceria para o Futuro”. O prémio do melhor trabalho científico clínico foi concedido a uma investigação realizada num hospital público mas coordenado por um dos nossos principais colaboradores, o Prof. Rui Miguelote, intitulada “Unraveling the Overlap of Functional Hypothalamic Amenorrhea and Polycystic Ovary Syndrome with Polycystic Ovarian Morphology: A Comprehensive Cluster Analysis Approach”.

O CETI completou 25 anos em 2023. Esta larga experiência acumulada no estudo, investigação, diagnóstico e tratamento da infertilidade é uma vantagem competitiva para o vosso centro?

De facto, o CETI desde que foi criado, em 1998, tem acompanhado os principais desenvolvimentos científicos e tecnológicos. Entre outros, o prémio de GFIGrant que nos foi atribuído em 2012 que é um prémio de inovação na área da infertilidade. Mas, para além da investigação e da experiência, a nossa maior riqueza é podermos contar com uma equipa multidisciplinar de especialistas altamente credenciados e certificados, com reconhecimento oficial e interpares, a nível nacional e internacional, de ginecologistas, andrologistas, embriologistas, geneticistas, psicólogos entre outros, que se empenham na preservação e desenvolvimento dos nossos valores: verdade e respeito, excelência, empatia e foco na saúde do cliente.

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