Isabel Barros tem impulsionado um modelo inovador na prestação de cuidados de saúde na Clínica Privada de Guimarães, apostando na personalização, integração multidisciplinar e otimização da experiência do utente. Em entrevista, a Co-Fundadora e Diretora Executiva, explica os fatores diferenciadores que têm consolidado o crescimento da clínica, os princípios de liderança que considera essenciais e a sua visão para o futuro da saúde privada em Portugal.

A Clínica Privada de Guimarães tem vindo a consolidar-se como uma referência na prestação de cuidados de saúde. Quais considera serem os fatores diferenciadores que têm impulsionado este crescimento?
O posicionamento diferenciado da Clínica Privada de Guimarães fundamenta-se em três pilares estratégicos que respondem às tendências do mercado da saúde: personalização baseada em valor, integração multidisciplinar e otimização da experiência do utente.
Primeiramente, implementamos um modelo assistencial cujas intervenções seguem os princípios de value-based healthcare, onde o sucesso é medido não pelo volume de procedimentos, mas pelos resultados clínicos e pela perceção de valor do utente – metodologia cuja evidência científica tem demonstrado superior relação custo-efetividade e melhor desempenho a longo prazo.
O segundo diferencial reside na verdadeira integração multidisciplinar. Contrariamente à justaposição de especialidades comummente observada, desenvolvemos sinergias clínicas, maximizando a eficiência terapêutica e económica. Esta abordagem responde diretamente à crescente complexidade epidemiológica e expectativa dos pacientes em soluções integradas e holísticas.
Finalmente, priorizamos a experiência do utente como ativo estratégico, reconhecendo a sua correlação direta com resultados clínicos e fidelização. Investimos num atendimento personalizado, para garantir um acompanhamento de qualidade e priorizando o utente como o elemento central da atividade. A Clínica Privada de Guimarães tem consolidado um crescimento sustentável, com indicadores de desempenho que superam as médias setoriais em rentabilidade e satisfação, demonstrando que excelência clínica e eficiência económica não são objetivos antagónicos, mas complementares.
Como fundadora e Diretora Executiva da Clínica Privada de Guimarães, quais são os princípios de liderança que considera essenciais para construir e gerir uma instituição de saúde de excelência?
Acredito que, para consolidar uma cultura de excelência em saúde, existem quatro princípios: gestão direcionada para a maximização do valor, com sustentabilidade (utentes, profissionais, colaboradores), dualidade estratégica (excelência clínica e eficiência de processos), gestão ambidestra (equilíbrio entre aperfeiçoamento e inovação) e liderança com participação ativa dos colaboradores, escutando e motivando a equipa, garantindo o equilíbrio entre hierarquia e cooperação. Com estes pressupostos reunidos é possível atingir uma elevada qualidade dos serviços, de forma harmoniosa, qualidade essa que é sentida pelo utente.
Qual a sua visão para o futuro da saúde privada em Portugal?
O setor privado em Portugal evoluirá para um modelo value-based healthcare, onde a remuneração estará vinculada a resultados clínicos mensuráveis, transcendendo o atual modelo transacional fragmentado. Esta transição responde à crescente sofisticação e exigência dos consumidores e pressões macroeconómicas sobre a despesa e financiamento em saúde, resultando no aumento dos out-of-pocket payments, que segundo a OCDE já representam 30,5% da despesa em saúde, em Portugal. A sustentabilidade do setor dependerá da capacidade de demonstrar valor percebido (impacto na redução da morbilidade) e custo-efetividade, sendo também importante a perceção do utente em relação ao setor que lhe traz maior retorno do seu investimento em saúde. Acresce a importância do setor privado, devido às dificuldades na acessibilidade ao setor público (SNS) e 3º setor e das suas respostas pouco equitativas, pelo que estou certa de que o setor de saúde privado vai continuar a crescer, em Portugal.