Nuno Furtado Mendonça, o responsável máximo da Audi Portugal, apresentou à Revista Business a realidade da Audi City Lisbon, um novo conceito para a presença da marca no retalho automóvel premium, um primeiro passo que deverá permitir uma mudança global no posicionamento da Audi na sua proximidade com o cliente.
Como é que a Audi City Lisbon traduz, de forma tangível, a visão da marca para o futuro do retalho automóvel premium, especialmente num contexto urbano e digitalizado?
A Audi City Lisbon materializa a visão “Living Progress” que a Marca desenvolveu para a representação física dos seus showrooms. Tendo como ponto de partida um edifício localizado numa das mais emblemáticas Avenidas da capital, desenvolvemos este showroom de 450 m² que equilibra design sofisticado, tecnologia de ponta e consultoria personalizada. Como elementos de destaque temos algumas peças de mobiliário que nos ajudam a traduzir algumas mensagens, tais como a mesa de boas-vindas “Nexus”, a “Library” de consultoria e o “Stage” de apresentação dos produtos que se unem a pontos digitais interativos, criando assim uma narrativa imersiva que coloca o cliente no centro do universo Audi.
O conceito assenta também na digitalização total da jornada, isto porque, ao invés de termos muitos modelos em exposição física, a plataforma multimédia permite de igual modo o acesso à gama com a vantagem de permitir configurar inúmeras combinações de acordo com a pretensão do cliente. Este conceito reduz o footprint logístico e ambiental, reforçando o posicionamento urbano e sustentável da marca numa capital altamente digitalizada.
Em que medida o conceito de Progressive Retail implementado na Audi City Lisbon influencia a jornada do cliente – desde a descoberta até à decisão de compra – e como se articula com a estratégia global da marca em termos de digitalização e personalização da experiência?
Com o conceito Progressive Retail da Audi a experiência do cliente é permitida em diferentes etapas do processo de compra: numa primeira fase, o cliente “descobre” a Marca através de uma imersão emocional no universo Audi por meio de zonas temáticas e experiências de lifestyle. Num segundo momento, a equipa comercial da Audi efetua uma configuração individualizada através de tablets ou computador com projeção num grande ecrã, algo que em muito facilita o processo de decisão de compra. Segue-se a fase de simulações, preços e financiamentos, e todas estas fases que decorrem no showroom reforçam a personalização e a humanização da experiência de venda, algo que muito valorizamos na Audi.

A Audi City Lisbon integra tecnologias imersivas e interativas para substituição da exposição física tradicional. Como é que esta abordagem impacta os indicadores de performance, como taxa de conversão ou satisfação do cliente, face aos concessionários convencionais?
A Audi City Lisbon foi inaugurado no passado mês de junho, pelo que a nossa Concessão SOAUTO ainda está numa fase inicial de utilização deste espaço inovador. Neste sentido, ainda não dispomos de métricas específicas consolidadas que nos possibilitem tirar grandes conclusões. Contudo, os resultados globais obtidos em outros mercados onde o conceito Audi City já foi implementado mostram um aumento de vendas unitárias onde o conceito está aplicado, um importante crescimento das vendas em clientes que não eram da marca, bem como um aumento relevante na venda de equipamento opcional.
Estes indicadores refletem o poder das tecnologias imersivas em substituir a exposição física, acelerando decisões e elevando a satisfação do cliente ao oferecer um processo mais fluido e digital.
Como é que a Audi articula a presença da Audi City Lisbon com a sua estratégia de sustentabilidade – quer a nível de design e construção do espaço, quer na forma como promove a mobilidade elétrica e consciente junto do consumidor urbano?
A sustentabilidade é, efetivamente, um valor fundamental da estratégia da marca e, inclusive, um dos pilares da visão que temos da Audi para Portugal. Neste sentido, o nosso foco na sustentabilidade esteve sempre presente neste projeto, quer na forma como reutilizámos o espaço existente reduzindo o impacto da construção, quer aplicando o conceito “digital-first” onde reduzimos o número de veículos físicos em exposição (logo, em circulação e por isso diminuindo as emissões de transporte). Neste espaço procuramos, também, promover as soluções e-tron da Audi de forma a incentivarmos o cliente a adotar um estilo de mobilidade (elétrica) consciente e sustentável. Mas outros elementos foram considerados tais como, e entre outros, a utilização de materiais e acabamentos escolhidos segundo critérios de durabilidade e reciclabilidade, reforçando o compromisso ambiental da marca, e a escolha de um sistema de iluminação do espaço onde a eficiência energética seja garantida.
Num ecossistema automóvel em rápida transformação, como se posiciona a Audi City Lisbon como laboratório de inovação e centro de experimentação estratégica para o futuro do retalho da marca?
O Audi City Lisbon funciona como centro de experimentação estratégica ao testar novos interfaces digitais que nos permitirão recolher a opinião dos clientes e padrões de comportamento que nos podem ajudar no futuro a melhorar os espaços que iremos introduzir em Portugal. Neste espaço da SOAUTO queremos também validar novos formatos de ativação da marca em ambiente urbano que, mais tarde, podem ser replicados noutros territórios da marca.
Considerando o perfil do consumidor da capital e da região da Grande Lisboa, e as especificidades do mercado português, que lições têm sido retiradas da operação da Audi City Lisbon que possam ser escaladas para outras cidades em Portugal?
No âmbito da Visão Audi para Portugal, que apresentámos ao mercado em 2023, a implementação do conceito Progressive Retail em todos os showrooms da marca em Portugal é uma prioridade.
Neste momento temos em curso diversos outros projetos já em fase de implementação e iremos, naturalmente, incorporar todas as aprendizagens que formos retirando da experiência adquirida do Audi City Lisbon e será normal que tenhamos num futuro próximo, a título de exemplo, um Audi City Cascais ou um Audi City Porto, sempre num movimento de réplica deste conceito para os espaços em que estamos presentes.