“Adoro trabalhar com pessoas”
Benedita Miranda, General Manager da Sitel, em conversa com a Business Portugal, revela como tem sido gerir países com grandes volumes de negócio e culturas tão diferentes.
Licenciada em Psicologia e Marketing, rapidamente se interessou pela área do Customer Experience Management, à qual está ligada há mais de 20 anos. O que é que a apaixona nesta profissão?
Integrei o mundo profissional relativamente cedo. Ainda estava a estudar, quando comecei a trabalhar no grupo Espírito Santo. Com 26 anos, já chefiava uma equipa com mais de 200 pessoas. Posteriormente, saí para uma empresa de BPO, a Transcom, onde exercia a função de diretora de contas internacional, e mais tarde fui directora do centro do Porto. juntei-me à Sitel em 2010, onde estou desde então. Comecei enquanto site director e, decorridos três anos, fui promovida a country manager e atualmente sou General Manager. Numa fase inicial geria apenas Portugal, atualmente tenho mais três países a meu cargo: Espanha, Grécia e Itália. O que eu mais gosto nesta área é o facto de poder trabalhar com pessoas das mais variadas áreas e background, Gosto de liderar e gerir grandes equipas. Paralelamente, aprende-se muito em termos de comunicação e de relação com o cliente. E claro, o facto de durante estes anos ter tido a oportunidade de trabalhar com grandes marcas a nível internacional tem sido igualmente gratificante para mim.
Neste momento, a Benedita é General Manager para Portugal, Espanha, Grécia e Itália? Quais são os principais desafios que um cargo desta dimensão acarreta?
Um dos principais desafios é gerir um volume de negócios tão grande , uma vez que estamos a falar de mercados diferentes, com estratégias de crescimento definidas e com pessoas com culturas e perfis diferentes. Além disso, trabalhamos com marcas globais que são premium nas respetivas áreas e, por isso, ter que gerir clientes que têm esta dimensão e que são muito bons naquilo que fazem, é um grande desafio. Trabalhamos com o objetivo de estar ao nível de exigência dos nossos clientes.
Como se descreve enquanto mulher e profissional? Alguma vez sentiu que o seu género fosse um impeditivo para alcançar algum objetivo? Qual a sua opinião sobre a paridade de direitos entre homens e mulheres em Portugal?
A componente humana é muito importante para mim. Procuro ouvir sempre a opinião de cada um dos colaboradores e consigo juntar pessoas com diferentes personalidades e fazer com que elas formem uma boa equipa. Sempre me interessei por trabalhar com equipas multidisciplinares e o facto de ser diretora-geral permite-me “tocar” em diferentes áreas de negócio, tais como, a vertente financeira, o contacto com os clientes, a gestão de pessoal, entre outros.
Sobre a paridade de direitos entre homens e mulheres, na minha opinião, é fundamental. Não estamos onde deveríamos estar e ainda há um longo caminho a percorrer. No entanto, eu considero que o papel da mulher no mundo empresarial tem vindo a mudar nos últimos anos e, apesar de ainda existir algum preconceito em relação à liderança no feminino, são cada vez mais as pessoas que aceitam e valorizam a mulher no mundo do trabalho. Existem diferenças entre a liderança no feminino e no masculino, mas ambas as perspetivas devem ser entendidas e valorizadas. Para que haja uma mudança de paradigma é importante que os processos e planos de carreira sejam desenhados tendo em conta essas diferenças, o que implica que se abandonem planos de progressão de carreira que estavam desenhados apenas para homens. É importante oferecer condições, criar oportunidades e customizar a função de liderança de forma adaptada (também) ao sexo feminino. No meu caso em concreto, posso dizer que tive que lutar mais por ser mulher para chegar onde cheguei. Não tem a ver com as empresas onde eu trabalhei, mas sim com a sociedade em geral. O meu caminho não foi tão fácil como teria sido se eu fosse um homem. Por isso, é fundamental que, ao nível da empresa se conte com uma equipa que apoie e que confie nas nossas competências e qualidades de liderança e que na vida familiar se tenha uma estrutura de apoio que permita partilhar responsabilidades e tarefas. Ainda assim, para as mulheres progredirem nas suas carreiras, é necessário que outras assumam este papel de liderança e isso tem-se visto, pois muitas já são uma referência hoje em dia. Por isso, acho que estamos a conseguir mudar mentalidades e criar oportunidades para mostrar a nossa capacidade de liderança e o Sitel Group é exemplo disso, pois é uma empresa que oferece igualdade de oportunidades aos seus colaboradores, sejam eles do sexo masculino ou do sexo feminino, em termos de progressão de carreira. No que diz respeito à liderança no feminino, o Sitel Group lançou o “WeLead – Women’s Empowerment Program”, um programa que pretende promover a liderança no feminino, junto de mulheres que já têm um cargo de chefia intermédio, disponibilizando ferramentas, workshops e sugestões para melhorar as suas capacidades de liderança, dando oportunidades de progressão de carreira e de empowerment dentro da própria empresa. Apostamos cada vez mais nas nossas pessoas, no seu crescimento, no seu bem-estar e ter mais mulheres em cargos de liderança faz parte da nossa estratégia de crescimento. Tanto é asssim, que este ano a Sitel foi premiada por ser uma das melhores companhias do mundo para mulheres.
Qual o balanço que faz de todos estes anos de carreira? E relativamente ao futuro, quais são as suas perspetivas?
O balanço é extremamente positivo. Quando eu entrei em 2010, a Sitel tinha cerca de 270 colaboradores em Portugal. Hoje em dia são mais de 4000 colaboradores, pelo que foi um crescimento enorme. Estou a gerir quatro países em que um deles é novo, a Grécia, e no período de um ano já crescemos imenso. Relativamente ao futuro, espero continuar a evoluir dentro da organização. No que diz respeito à Sitel pretendemos continuar a crescer nos vários mercados onde atuamos e a apostar nos nossos colaboradores, que são o espelho da empresa e, por isso, contamos com eles para continuar a contribuir para o sucesso dos nossos clientes.