“A qualidade é subjetiva”, exceto na Dona Dorinda
Dona Dorinda, conhecida pela produção de vinhos de alta qualidade e pela sua abordagem sustentável, tem conquistado o paladar dos apreciadores de vinho em todo o mundo. Numa entrevista exclusiva, conversamos com Victor Conceição, o enólogo responsável pela produção de vinhos na propriedade vinícola localizada no Alentejo, Portugal.

Victor Conceição, Enólogo
A história da Dona Dorinda começa quando o casal Mark e Dorinda, grandes entusiastas de Portugal, decidiram adquirir uma propriedade no país. Após encontrarem uma quinta abandonada que pertencia ao Marquês do Funchal, iniciaram o processo de reconstrução e revitalização da propriedade. E, foi nesse momento que Victor entrou em cena, convidado a trabalhar no projeto em 2006. “Começámos com dois hectares de vinha e crescemos constantemente, sempre com foco na agricultura biológica”, afirma Victor.
A Dona Dorinda foi pioneira na região, e hoje em dia, muitos vizinhos também adotaram práticas sustentáveis. A produção diferenciada da Dona Dorinda é o resultado de um rigoroso controlo de qualidade, evitando-se a massificação e os grandes volumes de vinho. A agricultura biológica não compromete o sabor, mas garante a qualidade através da rigorosa seleção das uvas. “Fazemos a vindima durante a noite, entre a meia-noite e as oito da manhã, para proteger as uvas do calor. Escolhemos cacho por cacho e procuramos produzir a máxima qualidade possível”, revela Victor. O enólogo destaca ainda a importância do trabalho no solo e na vinha, incluindo o plantio de culturas que ajudam a preservar a fertilidade do solo e a capturar nutrientes.
A Dona Dorinda disponibiliza os seus produtos através do seu site e de pequenos distribuidores. O seu público-alvo são os restaurantes, especialmente com estrelas Michelin, onde o vinho é apreciado em conjunto com uma experiência gastronómica de alta qualidade. Victor Conceição enfatiza que a marca não procura a venda em supermercados: “Um bom vinho precisa de estar num restaurante que valorize a sua qualidade, acompanhado por um serviço adequado”.
A vinícola recebe visitantes diariamente e oferece passeios e degustações, onde o objetivo é transformar cada visitante num embaixador da marca, encantando-os com a história, a filosofia e a qualidade dos vinhos. Victor Conceição menciona a forte concorrência e a dificuldade de posicionar os seus vinhos num mercado onde o preço dos vinhos médios é baixo. No entanto, acredita que há margem para crescer e atrair um público que valorize a qualidade e esteja disposto a pagar um preço justo por ela. Apesar de não procurarem por medalhas, a Dona Dorinda tem recebido solicitações e elogios de distribuidores e degustadores. Victor vê isso como um reconhecimento e um incentivo para continuar o seu trabalho de excelência.
O enólogo também comenta sobre o crescente investimento estrangeiro no sector dos vinhos em Portugal, mostrando-se a favor desses investimentos, pois acredita que impulsionam o desenvolvimento do sector, criam empregos e promovem a evolução das propriedades vinícolas. Por fim, expressa otimismo em relação ao futuro da Dona Dorinda, acreditando que a empresa tem potencial para produzir até 100 mil garrafas, mas ressalva que a qualidade está diretamente relacionada à equipa qualificada, às instalações apropriadas e aos investimentos necessários para expandir o negócio.
Embora a Dona Dorinda ainda não tenha recebido prémios, o reconhecimento e o interesse gerados pelos degustadores são indícios promissores. Victor está confiante no impacto positivo que a marca tem sobre as pessoas, transformando-as em admiradores e futuros clientes.
No Alentejo, onde a tradição e a modernidade se encontram, a Dona Dorinda destaca-se como uma vinícola comprometida com a produção sustentável e a qualidade excecional dos seus vinhos. Com uma abordagem focada na natureza, a vinícola procura oferecer aos apreciadores de vinho uma experiência única e autêntica, onde a paixão e o cuidado são evidentes em cada garrafa produzida.