A felicidade como motor para a prosperidade

Em entrevista, Beatriz Madureira, Chief Happiness Officer e Coach de Alta Performance, realça que se as organizações se focarem na felicidade dos seus colaboradores, o resultado mais provável será a prosperidade na sua plenitude.

Beatriz Madureira, Chief Happiness Officer e Coach de Alta Performance

Quem é a Beatriz Madureira? Como surgiu a aposta na área da felicidade no trabalho?

Primeiro que tudo sou mulher. Também sou mãe, esposa, filha, irmã, amiga. Ironicamente, a felicidade no trabalho entrou na minha vida há uns anos, quando me senti verdadeiramente infeliz no trabalho. Em comparação com outras experiências laborais que tive, onde me sentia bem, era reconhecida e com ótimo ambiente de trabalho, foi claro para mim que não queria mais continuar a sentir-me infeliz – a semana era um suplício, vivido num ambiente tóxico, não me reconhecia e o meu comportamento e disposição afetavam-me negativamente, bem como à minha família.

Nessa altura, já se começava a falar sobre Felicidade no Trabalho em Portugal. Decidi tomar as rédeas da minha vida, explorar o tema e certifiquei-me como Chief Happiness Officer, com o objetivo de ajudar as organizações a criarem as melhores condições para que os seus colaboradores se sintam o mais feliz possível.

Hoje em dia, agradeço esse acontecimento fraturante, que me permitiu crescer, desenvolver-me e ser a pessoa que sou hoje: feliz e realizada.

 

A Beatriz criou a metodologia “Felicidade no trabalho para atingir a prosperidade”. Em que consiste?

Entendo a prosperidade como uma consequência e não como objetivo. Se as organizações se focarem na felicidade dos seus colaboradores, o resultado mais provável será a prosperidade na sua plenitude: felicidade; sucesso e realização financeira, pessoal e profissional; bem-estar físico e psicológico para todos.

É sabido que passamos grande parte do dia a trabalhar (seja remotamente ou nas instalações físicas da empresa) – se durante essas horas pudermos estar rodeados de Pessoas – onde incluo colegas com quem nos damos bem e constituímos uma verdadeira equipa que tem os mesmos objetivos; Líderes que nos inspiram e incentivam, reconhecem e confiam; num ambiente fisicamente harmonioso e saudável e com uma cultura onde tudo o já referi faz parte da sua identidade então, a vivência diária e consistente destes quatro pilares na vida de uma organização vai orientá-la em direção à prosperidade.

Ccriou programas, cursos e formações, contribuindo para a consciencialização do poder e importância da Felicidade no sucesso das pessoas e empresas. Como se estruturam esses programas?

Desenvolvi formações para as empresas – sejam palestras, onde introduzo o tema da felicidade no trabalho, workshops práticos sobre vários subtemas direcionados aos colaboradores e depois, um programa de avaliação da Felicidade no Trabalho. Esta avaliação é composta por 4 fases: primeiro, é fundamental ter-se clareza sobre as questões ou desafios já identificados pela empresa, mas obviamente não podemos ficar por aqui. Assim, o segundo passo é fazer um diagnóstico, ao nível de felicidade atual dos colaboradores, através de um questionário anónimo que versa sobre os 4 pilares: Pessoas, Liderança, Cultura & Ambiente e Espaço Físico, para perceber os pontos fortes e aqueles a melhorar. Seguidamente, as respostas são analisadas e é proposto um plano com ações de implementação. A partir daqui, é feito um acompanhamento da implementação das ações escolhidas e uma (re) avaliação periódica dos resultados obtidos. Só com avaliação frequente e auscultação dos colaboradores é que se atingem os resultados pretendidos.

Apercebi-me que, muitas vezes, os colaboradores têm a necessidade de fazer um trabalho interior que vai potenciar a sua felicidade no trabalho. É aqui que entra o Coaching de Alta Performance, que vai ajudar o (a) coachee a colocar em prática os hábitos que as pessoas com sucesso acima da média têm de forma consistente e a longo prazo: procurar clareza, produzir energia, aumentar a sua produtividade, demonstrar coragem e desenvolver a sua influência – todos estes hábitos em conjunto vão também encaminhá-lo (a) à prosperidade.

Considera que as organizações estão cada vez mais recetivas ao conceito de felicidade organizacional?

Felizmente, em Portugal, já há muitas empresas recetivas ao conceito de felicidade organizacional e muitas já o aplicam com bastante sucesso. Muitas empresas já entenderam que, para além da componente salarial, o chamado salário emocional tem mais peso – se os colaboradores se sentirem reconhecidos, se os líderes tiverem a capacidade de identificar o melhor em cada colaborador e estimularem esses pontos positivos, se o ambiente de trabalho for harmonioso, inclusivo e der resposta às necessidades dos colaboradores, estes não só permanecerão felizes, como os resultados financeiros surgirão naturalmente. E essa pode ser a vantagem competitiva das empresas portuguesas – saber cativar os colaboradores, oferecendo-lhes a melhor experiência de trabalho, fazendo deles (as) seus embaixadores.

You may also like...