Sanofi: Líder mundial na indústria farmacêutica
A Sanofi é um dos líderes mundiais na indústria farmacêutica, com forte representação em Portugal. Numa edição com destaque à saúde e inovação, entrevistamos Victor Marques, o rosto principal da unidade de negócio Diabetes Franchise Lead.
A Sanofi já opera num mercado de 100 países, sendo um dos maiores líderes mundiais na área da saúde. Sendo um profissional a operar neste grupo reconhecido, como avalia a sua experiência na empresa?
A Sanofi tem no seu código genético uma forte componente de inovação e diversidade. Isto significa investigar, produzir e distribuir medicamentos que sejam soluções para os problemas de saúde em diferentes realidades políticas, económicas e sociais, nas diferentes geografias onde operamos. Continuamos a apostar em ultrapassar fronteiras, não só as físicas ou geográficas, mas as que se podem traduzir em abrir novos caminhos na investigação e desenvolvimento de medicamentos e no contributo para a melhoria da qualidade de vidas das populações. Enquanto profissional, tem sido fantástico trabalhar numa companhia como a Sanofi. É muito gratificante e sinto um orgulho imenso por fazer parte desta companhia cheia de excelentes profissionais que todos os dias fazem um enorme esforço, muitas vezes em detrimento da sua vida pessoal e familiar, para poderem dar o seu melhor em benefício de milhões de pessoas em todo o mundo.
A aposta do grupo em I&D é representativa em Portugal, nomeadamente no que diz respeito à diabetes?
A Sanofi é uma das companhias que mais investe em I&D e em Portugal estamos claramente focados em continuar a investir. Desde 2014, o nosso país aumentou 10 vezes a sua participação em processos de feasibility tendo vindo a conquistar um número crescente de ensaios clínicos, o que possibilita aos nossos investigadores e doentes o acesso a medicamentos inovadores. Temos um pipeline robusto e estabelecemos parcerias globais para a investigação e desenvolvimento de novos medicamentos, soluções em diabetes e também em doenças genéticas, oncologia e imunologia os quais esperamos que cheguem ao nosso país brevemente.
A diabetes afeta quase um milhão de portugueses. Como é que a Sanofi tem contribuído para fazer face a esta realidade? Quais os principais avanços que pode destacar que foram ou estão a ser desenvolvidos pela Sanofi, neste campo?
A diabetes é uma epidemia crescente a nível mundial e levanta enormes desafios à sociedade. Cerca de 415 milhões de pessoas vivem hoje com diabetes em todo o mundo, de acordo com dados da IDF, prevendo-se que aumente para 642 milhões em 2030. Em Portugal, os números apontam para cerca de 13 por cento de prevalência, ou seja mais de um milhão de pessoas com diabetes. De acordo com os dados do INE, estima-se em quatro mil o número de mortes diretamente atribuíveis à diabetes, por ano, em Portugal. Face a estes números, para além de tratar acreditamos que apostar na prevenção, educação e formação é fundamental. Na Sanofi, temos contribuído, através de diversas parcerias com programas de alerta e de educação em diabetes. Lançámos recentemente no mercado uma App que é um jogo divertido e inovador com mensagens educativas adaptadas a crianças (MISSION T1D) em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica (SPEDM). Trabalhamos com a SPEDM num programa de desenvolvimento de competências ‘Para além da Universidade’ destinado a jovens especialistas de endocrinologia. Desenvolvemos também com a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) um programa de formação centrado no uso da insulina para médicos e enfermeiros dos cuidados primários. Em Portugal, o racio de utilização de insulina é muito baixo quando comparado com a média europeia e temos apostado em desmistificar, educar e melhor utilizar as insulinas, de forma a permitir que as pessoas com diabetes obtenham níveis de controlo glicémico e possam diminuir o risco de complicações a médio ou longo prazo. Globalmente destacamos a parceria com a Google (OnDuo) para a procura de novas soluções em diabetes.
Viveram-se anos de forte tensão entre o Governo e as empresas farmacêuticas, com cortes fortíssimos na despesa pública com medicamentos. Na sua opinião, de que forma o setor foi abalado? Quais as principais consequências para os utentes?
A indústria farmacêutica tem sofrido, sob diferentes perspetivas, o impacto das medidas implementadas para controlar a despesa com medicamentos. Estas medidas e as suas consequências têm levado a algumas decisões de desinvestimento. Temos assistido a uma diminuição da autonomia de gestão em Portugal, traduzida no agrupamento de companhias em ‘clusters’ de países, com um impacto directo e imediato na diminuição do emprego e na diminuição do investimento e da contratação de serviços em Portugal. Hoje em dia, muitas multinacionais a operar em Portugal deslocaram os seus órgãos de decisão e concentraram a compra de serviços em empresas sedeadas noutros países, tendo diminuído de forma sensível o headcount em Portugal, através de reorganizações e reestruturações para garantir a sustentabilidade futura. Nunca é demais lembrar que em Portugal temos preços ao nível dos mais baixos na Europa e que existe um sistema de preços de referência que assegura uma contínua e anual revisão desses preços.
No que diz respeito à diabetes, o mercado dos genéricos é viável para o utente e sustentável para a Sanofi?
A Sanofi é em Portugal um dos principais players, sendo a companhia líder no mercado ambulatório e tendo uma posição de grande destaque no mercado hospitalar. No que diz respeito aos genéricos a Sanofi está presente em Portugal com a Zentiva, a nossa unidade de negócios de genéricos que é um dos principais players neste segmento. A Zentiva tem vindo a crescer no mercado dos genéricos com uma forte aposta na expansão e diversificação do seu portefólio incluindo moléculas na área da diabetes. Adicionalmente a Sanofi tem vindo a seguir uma estratégia de criar sinergias internamente entre as suas cinco unidades de negócio, de modo, a proporcionar um valor agregado aos profissionais de saúde e à sociedade.
Qual é, no seu ponto de vista, o maior problema da indústria farmacêutica em Portugal?
Eu diria que a indústria farmacêutica necessita de transparência e previsibilidade. É frustrante sentir que não temos tido a capacidade de lançar em Portugal a inovação, nomeadamente na área da diabetes. A indústria tem feito um enorme esforço de cooperação com as autoridades da saúde e com o governo para contribuir para um Sistema Nacional de Saúde sustentável, mas tem simultaneamente sofrido com decisões imediatistas, não previsíveis e de grande impacto para a garantia de sustentabilidade das companhias em Portugal. Estou confiante que conseguiremos encontrar mecanismos que garantam um equilíbrio entre a pressão dos orçamentos e o desenvolvimento científico e tecnológico. A indústria farmacêutica é um parceiro que deve ser visto como um contribuidor chave para a economia e para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade.