Portugal, desafios e competitividade

Ao longo do ano, nas diversas intervenções e debates em que tenho participado um tema recorrente tem-se centrado nos desafios que o futuro próximo reserva para o País e, em particular, para as empresas.

Qualquer reflexão sobre o tema requer uma especial atenção sobre os desenvolvimentos recentes.

É bom lembrar que o ano de 2018, prestes a terminar, marca precisamente uma década desde o início da crise económica e financeira mundial, cujos efeitos fizeram-se sentir de forma profunda e prolongada em Portugal, tendo conduzido a uma forte contração da atividade e a uma subida do desemprego.

Em resultado, em grande parte, do enorme esforço do nosso tecido empresarial, assistimos à recuperação da economia e a uma evolução muito positiva no mercado de trabalho, traduzida, nomeadamente na forte redução da taxa de desemprego.

Para este ano prevê-se um aumento do PIB, em termos reais, de 2,3% e de 2,2% para 2019. É bom, mas é ainda muito pouco!  É insuficiente para Portugal convergir rapidamente com o nível de desenvolvimento médio europeu – não podemos nem devemos negligenciar que, desde o início deste milénio, Portugal observou o terceiro pior crescimento económico acumulado, a seguir à Grécia e Itália.

Para um melhor desempenho económico sustentável é fundamental prosseguir com a intensificação do processo de internacionalização da economia, elevando ainda mais o peso das exportações no PIB e atraindo investimento, nacional e estrangeiro, que permita, entre outros aspetos, inovar e, consequentemente, melhorar a produtividade.

A evolução das exportações depende muito da capacidade competitiva das empresas. Os ganhos de quota de mercado alcançados são um claro sinal do reconhecimento da qualidade e diferenciação das nossas empresas nos mercados internacionais.

Quanto ao investimento, teremos que aproveitar a “onda positiva” que coloca Portugal entre os melhores destinos de investimento estrangeiro, segundo os resultados de um estudo da EY “EY’s Atractiveness Survey – Portugal”.

Num ambiente globalizado e marcado por uma complexidade crescente e em acelerada mudança, o risco associado ao negócio empresarial é uma variável menos controlada pelas empresas. Aos habituais riscos associados à evolução do preço das commodities, das taxas de juro, das taxas de câmbio, do dinamismo dos mercados (abrandamento, recuperação lenta ou mesmo recessão), surgem (ou ressurgem) agora outros, como os “Cyber ataques”, o “Roubo e fraude de dados” (ambos potenciados pela “democracia digital”), o agravamento de tensões geopolíticas, as mudanças regulatórias e a adoção de medidas protecionistas a nível global.

As incertezas são muitas. Por isso, como enfatizava o Professor Jorge Vasconcellos e Sá na brilhante intervenção que proferiu na 2ª Conferência Internacional da AEP, “Business On the Way”, realizada em novembro, “O melhor era não prevermos o futuro”.

Porém, em termos de futuro, como foi apontado nesta mesma Conferência pelo Dr. Pedro Rodrigues, Adjunto do Secretário de Estado da Internacionalização, há quatro importantes desafios para Portugal: aumentar as exportações; aumentar o número de exportadores; diversificar os mercados; e alcançar maior valor acrescentado.

Comungo totalmente quanto a tais desafios. O comércio internacional é uma fonte de ganhos de bem-estar global. Acredito que o País, em particular as empresas, com o envolvimento das associações empresariais, conseguirão mais uma vez responder à chamada. Este, é um dos meus desejos para 2019!

 

Paulo Nunes de Almeida

Presidente da AEP (Associação Empresarial de Portugal)

 

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