Lia Gonzalez de Oliveira lidera transformação da Nobre
A propósito da consolidação da Nobre, enquanto uma marca alimentar abrangente, e das estratégias de comunicação muito bem pensadas, planeadas e executadas, com o objetivo de tornar esta marca mais relevante e, cada vez mais, presente na mesa dos consumidores, estivemos à conversa com a Diretora de Marketing da marca que assume um papel muito importante no dia a dia dos portugueses.
Sendo uma mulher líder num setor competitivo, quais foram os maiores desafios que enfrentou ao longo da sua carreira e como os superou? De que forma a sua experiência moldou o seu estilo de liderança e as decisões estratégicas dentro da Nobre?
Comecei o meu percurso na consultoria ligada às marcas e à comunicação e esse caminho ajudou-me a perceber como é que as pessoas são impactadas pelo marketing e pela comunicação e como as marcas servem as empresas e as fazem crescer. A passagem pela consultoria é fulcral na minha construção como profissional, uma vez que trabalhar setores tão distintos como alimentação, energia ou distribuição implica o contacto com realidades e necessidades totalmente distintas, o que é muito enriquecedor, já que promove um olhar diversificado sobre os negócios e esse olhar é algo que enriquece a minha forma de encarar os problemas e arranjar soluções até hoje.
O meu primeiro grande desafio surge quando sinto a vontade de implementar no dia-a-dia as recomendações que desenvolvia para as marcas nos projetos de consultoria, mas que já não estavam sob a minha alçada por em prática. A vontade de dar continuidade a essas estratégias de marca e ver os resultados nos negócios promoveu em mim uma vontade de passar para o lado do cliente e é assim que se dá a minha entrada na Nobre.
Na Nobre, o desafio passa por fazer a transformação da marca de uma marca de charcutaria para uma marca alimentar. O desafio não estava apenas em criar novos produtos, mas, e acima de tudo, em transformar a perceção do consumidor e, simultaneamente, dos nossos primeiros embaixadores – as nossas pessoas. Esta experiência leva-nos a criar uma cultura e um ambiente de proximidade, muito colaborativo e baseado no exemplo e na liderança da Nobre. Acredito no poder de rodearmo-nos das melhores pessoas para as funções certas e no crescimento conjunto. Como líderes, não temos que ter as respostas para todas as perguntas, temos que saber quem nos vai ajudar a ir buscá-las e fazê-lo em equipa.
Esta forma de trabalhar, colaborativa, foi fundamental para que, como equipa Nobre, evoluíssemos continuamente como marca cada vez mais relevante para as pessoas que impactamos todos os dias.
A Nobre tem-se destacado pela sua capacidade de inovação – passando de uma marca de charcutaria para uma marca alimentar. Quais foram as decisões-chave que marcaram essa transformação?
A transformação da Nobre começa com uma profunda compreensão do mercado e da antecipação das necessidades dos consumidores, que estão em constante evolução. Percebemos que se o papel da Nobre é ser relevante no desdramatizar das refeições dos portugueses, então como decisão estratégica teríamos que diversificar a nossa oferta para incluir produtos para todos os gostos e todas as ocasiões de consumo, oferecendo opções práticas e saborosas. Essa clareza permitiu não só desenvolver produtos inovadores, como também reposicionar a marca para que fosse vista como uma aliada no dia a dia das famílias e lares em Portugal. Sejam refeições prontas, produtos vegetarianos e veganos, snacks ou opções mais equilibradas dos nossos produtos mais icónicos, estes desenvolvimentos marcaram os primeiros passos desta mudança.
Como a comunicação da Nobre evoluiu ao longo dos anos, principalmente com a mudança no posicionamento da marca? O que considera ser o principal diferencial da empresa em termos de comunicação e como liderou essa transformação?
A nova forma de comunicar da Nobre começou pela criação deste novo posicionamento, de estar ao lado das famílias em Portugal para descomplicar a hora e preparação das refeições, fazendo com gosto e oferecendo soluções práticas, saborosas, de qualidade e para todos os gostos, a todos os tipos de consumidores. Para podermos ter uma base de comunicação e de trabalho comum e para podermos efetivamente chegar aos nossos consumidores como marca alimentar, ganhando reputação neste novo território mais abrangente, é necessária muita consistência e coerência nas mensagens e em todos os pontos de contacto da marca com os portugueses, sejam em comunicação tradicional, seja na criação de experiências de marca relevantes, como a presença que tivemos no Rock in Rio 2024 ou Festival do Continente. A estratégia de marketing e comunicação da Nobre, também reflete o seu propósito – “Inspirar o Nobre sabor da vida” – transversalmente noutras áreas de atuação da marca, nomeadamente, no apoio à cultura, e no teatro, uma vez que, enquanto marca líder, temos a responsabilidade de devolver algo à comunidade.
A Nobre tem assumido um forte compromisso com a sustentabilidade e ações sociais, como o projeto “Nobre Casa de Cidadania”. Como consegue conciliar os desafios do marketing com as exigências de sustentabilidade e responsabilidade social?
A sustentabilidade é parte integrante da estratégia da Nobre. Não vemos responsabilidade social e ambiental como algo separado do negócio, mas como um pilar que reforça a nossa relevância. Projetos como a “Nobre Casa de Cidadania” mostram como podemos alinhar os nossos valores de marca – partilha, cidadania e confiança – com iniciativas que beneficiam a comunidade. Conciliar marketing com sustentabilidade envolve fazer escolhas estratégicas conscientes, como reduzir o impacto ambiental nas embalagens ou apoiar eventos que promovam valores culturais. Cada ação é guiada pelo compromisso de criar impacto positivo para os consumidores e para a sociedade.
Enquanto Diretora de Marketing da Nobre, como garante que a marca se mantém relevante e diferenciadora no mercado? Quais os fatores que guiam as suas decisões?
A relevância da marca é assegurada pelo constante foco no consumidor. Monitorizamos constantemente as tendências de consumo e trabalhos diariamente para antecipar as necessidades dos consumidores. As decisões estratégicas são sempre guiadas pelo nosso propósito, pela qualidade dos produtos e pela inovação. Além disso, apostamos na consistência da comunicação e na criação de experiências marcantes que reforcem a conexão emocional com os portugueses.
Que avaliação faz de 2024, em termos de desafios e conquistas para a Nobre? Quais são as metas e projetos para 2025?
2024 foi um ano de consolidação do nosso posicionamento como marca alimentar e de reforço do compromisso com o papel de desdramatizar as refeições dos portugueses. Apesar de desafios económicos, conseguimos lançar produtos inovadores e fortalecer a nossa comunicação.
Para 2025, a meta é continuar a cimentar este papel relevante junto dos lares portugueses, expandir ainda mais a nossa oferta, antecipando as tendências de consumo, sempre com o consumidor no centro de tudo o que fazemos. Continuaremos a investir em inovação e na criação de experiências que aproximem os consumidores da marca. Liderar esta evolução requer flexibilidade e foco nas pessoas – consumidores e equipa.
Como vê o impacto da presença de mulheres em posições de liderança na transformação e no futuro das marcas em Portugal? Quais são os principais obstáculos que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho e o que podemos fazer para ultrapassá-los?
Ter opiniões, e formas distintas de pensar em posições de liderança, traz diversidade de soluções, abordagens mais variadas e, por isso, mais ricas quando temos que tomar decisões. Esta diversidade é fundamental para criar marcas e negócios mais sustentáveis, humanos e relevantes.
Ainda todos enfrentamos desafios muito claros em equilibrar vida profissional e vida pessoal e esse é um tema que a Nobre leva muito seriamente, promovendo ativamente uma cultura de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Como concilia a liderança da equipa da Nobre com as responsabilidades pessoais e familiares? Que conselhos daria a outras mulheres que aspiram a cargos de liderança, especialmente aquelas que procuram equilibrar a carreira com a vida familiar?
Conciliar a vida profissional e a familiar requer planeamento e priorização. Também exige respeito entre as pessoas dentro das equipas. Se todos tivermos claro que só atingimos o pleno quando estamos realizados e felizes, nas várias vertentes da nossa vida, então trabalhamos para que esse equilíbrio exista. E a melhor forma de o conseguir é estarmos alinhados sobre o facto de que essa é a melhor forma de viver. Esse é o conselho que trago comigo e que trabalho diariamente para contagiar todos com quem me cruzo. Para mim, ser feliz não é uma busca de algo intangível, é ser feliz no dia a dia, no trabalho, em família e com amigos, nas pequenas coisas, nos pequenos momentos, na nossa autenticidade, respeitando a autenticidade dos outros. Se o fizermos, a liderança não é mais do que sermos autênticos e inspirar outros a fazer o mesmo, com um objetivo comum, para o qual todos vão contribuir.