A Igreja Paroquial de Santiago de Bougado implanta-se no centro do Vale de Bougado que corresponde, de forma aproximada, aos limites da sua antiga freguesia. Este lugar, centro agrícola de toda a paróquia, é marcado pelas divisões de parcelas minifundiárias que formam o mosaico bocage caraterístico do Entre-Douro-e-Minho. Santiago de Bougado foi um reguengo e, pelo menos, desde 1800, nele observamos uma quantidade assinalável de casas de lavoura abastadas dispostas pelos lugares da Lagoa, Outeirinho, Bairros, Samogueira, Lantemil, Trofa Velha, Cedões e Cidai, entre outro(a)s de menor dimensão. Estas casas, unidades agrícolas de produção e consumo, apresentam uma arquitetura tradicional que possui os mesmos elementos tipológicos das casas de Matosinhos, Maia e Vila do Conde, que, em muitos casos, através das suas fachadas com portais em arco, demonstram as pretensões sociais das famílias proprietárias.
A ideia de construir uma igreja nova em Santiago de Bougado está associada à aplicação dos rendimentos que D. Diogo Mourato (1670-1749) usufruiu como abade da paróquia em 1709, já que, depois de nomeado Bispo da Sé de Miranda do Douro, em 1739, continuou a gozar dos benefícios desta freguesia. Homem das letras e de cultura artística, referem os registos que possuiu uma biblioteca de 927 livros, foi personagem ativa em várias dioceses num dos períodos mais interessantes do panorama arquitetónico português, o joanino, assim como num ciclo temporal de maior importância para a diocese do Porto: a Sede Vacante.

Em 1748 constituiu o Deão da Sé do Porto, D. Jerónimo de Távora Noronha Leme Cernache, como seu procurador para edificar uma nova igreja em Santiago de Bougado. D. Jerónimo foi quem trouxe Nicolau Nasoni de Malta para Portugal e também que lhe veio a encomendar a Igreja dos Clérigos. Consequentemente, o mesmo Deão sub-rogou no abade de Santiago de Bougado, Rev. Dr. Tomaz Barbosa de Sousa Vieira, a procuração que lhe fora concedida. A obra foi encomendada no mesmo mês, agosto de 1748, por escritura, ao mestre-pedreiro António Rodrigues, de Minhotães, Barcelos, com a condição de ser vistoriada e acompanhada por Nicolau Nasoni. A obra projetada nunca chegou a ser concluída. Segundo António Cruz, «o mestre-pedreiro António Rodrigues enganou-se nos cálculos que fêz, pois as fundações da igreja ficaram muito caras devido a não ter encontrado rocha mas sim camadas de terra e areia (…) e daí o ver-se obrigado a abandonar a obra, depois de nela haver gasto os seus próprios haveres». O mesmo investigador refere-nos que as torres nunca foram concluídas, pois as existentes são construídas em tijolo e não em pedra, tal como os remates dos cantos e pirâmides que tanta graça davam às construções da época. A inauguração deu-se em 1762.

Trata-se de um edifício de planta longitudinal, de uma só nave, com a capela-mor virada a norte flanqueada pela sacristia a leste e pela sala da fábrica a poente, com o batistério no lado do evangelho, no topo sul, sob a arcaria que sustenta o coro alto. A sua fachada é voltada a sul, compreendendo os panos das duas torres sineiras e do volume central da nave, delimitados por pilastras, cornijas e envasamentos de granito. No seu interior, a igreja de Bougado contém trabalhos artísticos de ótima qualidade, que, por vezes, se sobrepõem ao facto de estarmos diante de uma arquitetura nasoniana, até porque esta parece nunca ter sido concluída. A qualidade do imóvel deve ser entendida enquanto conjunto de obras de arte, fazendo-se notar não só na arquitetura como na talha, cuja elegância das formas é notável, como também na imaginária, nas pinturas e no mobiliário.
Em 1984, o decreto n.º 29/84, DR, 1.ª série, n.º 145, de 25 junho, classificou o edifício como Imóvel de Interesse Público.
* Textos da Câmara Municipal da Trofa




