Diagnóstico, tratamento e consciencialização

Nesta edição do Saúde & Ciências da Vida, o Dr. Frederico Ferronha, aborda a complexa questão dos prolapsos vaginais, partilhando insights valiosos sobre as causas, sintomas e tratamentos disponíveis.

 

Dr.ª Frederico Ferronha Assistente Graduado em Urologia da Unidade de Saúde Local de São José Responsável pela área de Uroginecologia da Unidade de Saúde Local de São José Professor de Urologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa Urologista no Grupo CUF Membro da direcção da APNUG, Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia Membro do Grupo de Trabalho do CAU (Confederação Americana de Urologia) sobre UROLOGIA FEMININA,PAVIMENTO PÉLVICO E URODINÂMICA

 

 

O que são prolapsos vaginais?

Descida dos órgãos pélvicos (bexiga, útero ou cúpula vaginal, intestino delgado ou recto) resultando na sua protusão da vagina.

Existe forma de os prevenir ou mesmo evitar?

Sim, nos casos em que os factores de risco são modificáveis: obesidade, hábitos tabágicos, obstipação, exercício em excesso com carga/halterofilismo ou profissões em que fazem muitos esforços.

Claro que factores genéticos, doenças do colagénio ou cirurgias pélvicas prévias não podem ser prevenidas.

Como são tratados?

Com fisioterapia numa fase inicial, de baixo grau e precocemente.

Se for um prolapso num grau mais acentuado apenas a cirurgia pode curar, quer seja por abordagem vaginal ou abdominal, sendo neste caso preferencialmente por via laparoscópica ou assistido por robot.

 

Recentemente, na 4ª Edição do Curso Live Surgery Uroginecology que organizou, foi por si realizada uma cirurgia de sacrocolpopexia robótica. Pode descrever de forma sucinta no que consiste?

Trata-se de uma técnica minimamente invasiva de cura cirúrgica de prolapso, com apenas um dia de internamento. Através de 5 pequenos orifícios é corrigido a descida de órgãos pélvicos reforçando as fáscias e ligamentos lesados substituindo-os por material sintético, ou seja, uma pequena rede é usada para puxar a bexiga e a vagina para cima em direção ao sacro, mais concretamente ao promontório sagrado da paciente. Neste caso a cirurgia é auxiliada por um sistema robotizado com visão 3D em que o cirurgião controla numa consola os instrumentos que se situam nos braços do robot permitindo uma cirurgia mais rápida, minuciosa e com excelentes resultados anatómicos e funcionais.

 

 

 

Também foi realizada por um colega seu uma cirurgia de pectopexia. Qual a diferença relativamente à que realizou?

Esta cirurgia também destinada à cura de prolapso urogenital, foi realizada por uma via laparoscópica (4 portas), mas não auxiliada por robot. Em termos de técnica a rede tem uma colocação diferente da colpopexia.

Pectopexia é uma nova técnica de reparo apical em que as partes laterais do ligamento iliopectíneo são usadas para a suspensão da cúpula vaginal ou do colo do útero.

A rede segue estruturas naturais (ligamentos redondos e largos) e não se fixa ao promontório, ou seja, evita cruzar pontos sensíveis, como ureter ou intestino e o tronco hipogástrico está a uma distância segura e fora.

 

 

 

 

Em ambas as cirurgias foram usadas implantes de rede cirúrgica de PVDF Visíveis. Pode explicar qual a vantagem do PVDF e da nova possibilidade de visualização dos implantes por imagiologia?

Vantagens do PVDF: apresentam boa biocompatibilidade e apresentam formação de granulomas (tecido cicatricial) significativamente menor. Portanto, o risco de reações indesejáveis a corpos estranhos é minimizado.

Adesão bacteriana reduzida, pelo que o risco de infecção diminui significativamente.

Resistência ao envelhecimento ao longo do tempo.

Vantagem de visualização por imagiologia ajuda a verificar a qualidade  do implante e aferir a sua posição caso haja falência do tratamento.

 

 

 

 

 

 

Que futuros avanços se esperam nesta área?

Espera-se que a evolução da imagem de diagnóstico e sobretudo da inteligência artificial nos ajude a personalizar ainda mais o tipo de cirurgia, se é preciso uso de rede e qual a correcta tensão a realizar na cura cirúrgica do prolapso urogenital.

Um forte desejo neste campo é também que as redes evoluam ainda mais no sentido de mimetizar o máximo os tecidos nativos e assim sejam o mais biocompatíveis e mantenham a eficácia das redes actuais.

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