Albano Morgado SA: Tradição e Inovação na Indústria Têxtil Portuguesa

A Albano Morgado, SA fundada em 1927, é uma referência na indústria têxtil portuguesa, conhecida pela sua excelência na produção de tecidos de lã de alta qualidade. Com uma forte tradição familiar e um compromisso inabalável com a inovação e a sustentabilidade, a Albano Morgado, SA destaca-se pela capacidade de combinar técnicas artesanais com tecnologias modernas, oferecendo produtos diferenciados que atendem às exigências dos mercados mais sofisticados a nível global. Através de uma conversa com Albano José Morgado, CEO e neto do fundador, a Revista Business Portugal tem o gosto de lhe apresentar uma das mais antigas empresas de lanifícios da região centro.

 

Albano José Morgado, CEO

 

 

Fundada em 1927, a Albano Morgado, SA é uma empresa que nasceu num tempo em que tudo era bastante diferente. Albano José Morgado, CEO, é o maior defensor de que a empresa nasceu num tempo “em que o tempo andava devagar”, o que atualmente já não acontece. “Penso que o tempo deixou de andar devagar na década de 2000, principalmente quando se verificou toda a abertura à tecnologia e ao digital. Nenhuma empresa sobrevive nos dias de hoje sem tecnologia e a área dos lanifícios não é exceção. “Refiro-me à questão do tempo em pequenas coisas, como por exemplo, um pagamento que demorava de três a quatro dias a ficar concluído nos dias de hoje é quase imediato. Desenvolvemos um CAD de um padrão de tecido e num minuto o cliente tem possibilidade de visualizar a reprodução dessa amostra, coisas impensáveis em 1927, ou seja, é sem dúvida o digital que marca essa transformação, a todos os níveis, e penso que todos sentimos isso”.  Foi aos 27 anos que Albano Antunes Morgado (avô do atual CEO) começou este grande empreendimento, com quatro teares de madeira, na casa do sogro, mas foi aos 17 anos que começou no mundo do retalho com a venda de tecidos. Os anos foram passando devagar, a indústria foi sobrevivendo, mas foi após o 25 de abril que o nível de vida das pessoas melhorou e o comércio e a produção de tecidos tiveram um grande desenvolvimento. “O meu avô que tinha acabado de modernizar e verticalizar a empresa, com todas a seções no mesmo espaço e assim dominava todo o circuito produtivo. Em 1978, a empresa já estava preparada para suportar toda a procura que começou a existir. Foi nessa altura que se verificou o desenvolvimento da indústria de confecções, em que deixou de haver apenas o tradicional alfaiate, e aí, a nossa empresa iniciou o contacto e o fornecimento de várias confeções, o que permitiu o seu alavancar até aos anos 90, em que 95% da nossa produção era para o mercado nacional”.

Já com a segunda geração no comando, o grande desafio da Albano Morgado SA foi a globalização, ou seja, houve a perceção de que tinha de ser feita produção e exportação a nível mundial. “Somos uma empresa essencialmente de lã, portanto, na altura, o meu pai e o meu tio seguiram a estratégia que considero a melhor, ou seja, de exportarem a produção para países frios, a Suécia e a Noruega, que para além de serem consumidores do nosso produto tinham também a vantagem de serem países bastante sólidos a nível financeiro e social. E assim, passo a passo, a exportação foi ganhando cada vez mais expressão”, sublinha o nosso entrevistado.

Em 2008, com a terceira geração na liderança, a exportação alavancou, “tivemos a consciência que tínhamos de ter um produto com qualidade e uma organização exemplar, as certificações e rigor foram o que nos fizeram vingar além- fronteiras”, salienta.

Apesar de bastante versátil, a Albano Morgado SA decidiu focar-se na moda  feminina, isto porque “sempre tivemos noção de que se tratava de uma moda mais dinâmica e, portanto, mais trabalhosa, em que temos de estar atentos às tendências, sempre conscientes que na moda feminina as quantidades por cor e por desenho são menores. Portanto a sobrevivência passa por conseguirmos estar presentes em vários países. Apesar de haver sempre artigos específicos para alguns países. Assim, hoje as exportações representam 75% da nossa população. Focada e atenta, a Albano Morgado SA promete sempre primar pela originalidade e pelo rigor. “Temos bastante qualidade nos nossos produtos, e no nosso serviço a todos os níveis, o que permite fidelizar os nossos clientes, criando assim uma base de confiança reciproca”.

A sustentabilidade trata-se de uma grande preocupação para a empresa: “Houve uma evolução enorme nos equipamentos, hoje em dia, substituímos os nossos equipamentos por aquelas que permitem um menor consumo energético e de água, principalmente nos últimos 10 anos, tem havido felizmente uma grande preocupação ambiental. Preocupamo-nos mais com a sustentabilidade do que com a rentabilidade desmedida e, nessa medida, recentemente, foi feito um investimento com vista a uma maior eficiência que se traduz no aumento de sustentabilidade”, esclarece o empresário.

 

 

 

 

No setor da Albano Morgado S.A existe um país de grande destaque, a Itália, mas desengane-se quem pensa que Portugal se encontra muito distante. Nas palavras de Albano, o nosso país tem um grande concorrente, a Itália claro, mas nesse setor, em termos de qualidade não há dúvidas que Portugal se encontra em primeiro lugar, muito prestigiado devido à sua qualidade de produtos. Na sua ótica, o futebol e o calçado ajudaram, sem dúvida, a alavancar outros setores e o têxtil não é exceção: “Hoje, somos respeitados devido à nossa qualidade, honestidade e rigor”.

Por trás de uma grande empresa encontra-se uma grande equipa, apesar da dificuldade de mão de obra, o CEO conta com uma equipa de 85 pessoas. “Felizmente, o sucesso passa pela nossa excelente equipa, equipa essa que tem a experiência necessária. O sucesso da empresa são as pessoas”.

Para o futuro, Albano Morgado espera conseguir ultrapassar esta fase de incerteza e de falta de confiança no futuro. “A instabilidade mundial político-social é, sem dúvida, uma preocupação, acredito que possa vir a influenciar todos os setores, a incerteza também é algo negativo, afeta o consumo e consequentemente todas as empresas, passou a ser notório essencialmente após setembro de 2023. Notou-se um grande abrandamento da economia e da procura. Além disso, o facto de estarmos situados no interior é, muitas vezes, um entrave, por isso tem de haver coragem política para implementar medidas de discriminação positiva no interior, não se pode focar apenas no litoral, chegou a hora de olhar pelo interior tantas vezes esquecido”, apela Albano José Morgado.

 

 

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