Adidas Business Services: 10 anos a evoluir e a crescer

Há 10 anos, a adidas, empresa multinacional da área do desporto, apostou em Portugal para abrir o seu Centro de Serviços Partilhados, onde pretendia concentrar os seus serviços administrativos e financeiros. O projeto, sediado no parque tecnológico da Maia – TecMaia – começou com 12 pessoas e atualmente emprega mais de 350 colaboradores, com uma média de idades de 28 anos e mais de 15 nacionalidades diferentes. Carlos Guimarães, head office da empresa, foi um dos pioneiros e é um exemplo da evolução profissional que a adidas proporciona. Numa entrevista concedida à Revista Business Portugal, fez um balanço da primeira década da empresa e deu a conhecer os projetos e ambições até 2020.

Em 2009, quando a multinacional alemã adidas decidiu criar um Centro de Serviços Partilhados, na Maia, Carlos Guimarães foi um dos pioneiros a abraçar o projeto. Passado um ano e meio, a empresa contava já com 50 colaboradores e nunca parou de crescer. Há três anos, Carlos Guimarães assumiu a posição máxima dentro da empresa, Head Office, e, desde então, o número de colaboradores cresceu até aos 365. “Continuamos a crescer e, até 2020, pretendemos criar mais 200 postos de trabalho”. Entretanto e com o crescimento acelerado dos últimos anos, a empresa está a passar por um processo de transformação para Global Business Services (GBS), estando a alargar o seu scope de serviços para além das áreas financeiras. Uma evolução sustentada, resultante da confiança que a marca deposita no projeto e também dos excelentes resultados que, anualmente, a adidas Business Services da Maia apresenta.

Formado em Contabilidade e Administração, e com uma licenciatura em Gestão Financeira, Carlos Guimarães nunca imaginou que, depois de responder a um anúncio da adidas, faria parte do pequeno grupo de pessoas que daria início ao Business Services da marca alemã. “Já tinha trabalhado numa empresa de Logística, passei também por empresas de Contabilidade e, por último, tive a oportunidade de trabalhar num projeto direcionado para o setor financeiro. Gostava muito do trabalho em si, mas não me agradava o formalismo que existia entre os colaboradores, que contribuía para criar distâncias entre todos”. Foi sobretudo por esse motivo que Carlos Guimarães procurou outro desafio: “já fazia alguma contabilidade internacional e sabia que as empesas multinacionais tinham uma visão diferente. Quando encontrei o anúncio da adidas, no jornal, respondi imediatamente.  Entrei para a área das ‘Contas a Pagar’ e a minha primeira função foi lançar faturas no sistema”.

Espírito de Start-Up

A adidas, enquanto marca desportiva, preza pela informalidade nos relacionamentos interpessoais, mas pautou, desde sempre, a sua existência por altos padrões de qualidade, responsabilidade e eficiência. Aquando da sua aposta no mercado português, a confiança depositada pelo grupo alemão e a proximidade entre os trabalhadores foram fatores determinantes. “Quando começámos, nenhum de nós sabia se este projeto teria sucesso, mas tínhamos um espírito empreendedor, típico de uma start-up e, em pouco mais de um ano, crescemos bastante e conquistámos muitas valências”.

Uma empresa sólida e em crescimento

A aposta da marca alemã no GBS da Maia foi estratégica. A questão financeira e a qualidade dos recursos humanos permitiram encontrar em Portugal dois motivos para que esta estrutura crescesse: “o objetivo inicial era congregar, numa mesma empresa, a área financeira e administrativa – inicialmente a nível europeu – para facilitar a gestão de todos os processos e garantir maior agilidade, rapidez e kow-how interno à marca”.

Isso foi conseguido em plenitude e, por esse motivo, o projeto cresceu, alargou a sua área de influência – neste momento já reúne em si todos os processos financeiros e administrativos da Europa, América do Norte e América Latina – e setorizou, internamente, as áreas às quais dá resposta. “A área financeira está já muito consolidada, sendo que dentro deste setor o objetivo é crescer para tarefas de maior valor acrescentado. Por isso, estamos a automatizar processos e a investir cada vez mais na melhoria contínua. O plano passa por reduzirmos o número de tarefas transacionais, focando-nos em tarefas de maior valor acrescentado e começarmos a ser mais pró-ativos na influência e aconselhamento financeiro dos vários países com os quais trabalhamos. Nos próximos dois anos, passaremos a ter responsabilidades acrescidas na contabilidade das várias subsidiárias da adidas”.

A área de Non-Trade Procurement foi uma das pioneiras na trasformação para o GBS. “Esta área engloba todas as compras on behalf das empresas do grupo, para já da Europa. Fazemos também a criação, acompanhamento e execução de e-auctions e todo o seguimentos de ordens de encomenda e actualização de catálogos de compras”. 

 

Uma outra área em franco crescimento é a de HR Services (Recursos Humanos): “já temos 53 pessoas que iniciaram os serviços de HR  para a Alemanha, Áustria e Suíça a partir do GBS. Estes serviços abrangem todos os processos de Life Cycle dos Colaboradores da empresa, desde gestão contratual, master data, mobilidade internacional, entre outros”.

O setor de Controlling & Reporting, por último, é outro que também demonstra capacidade de crescimento dentro da empresa, embora a um ritmo mais lento. Nesta área, os colaboradores levam a cabo todas as tarefas de controlo financeiro necessárias ao funcionamento das subsidiárias da adidas: “o desenvolvimento e fortalecimento destas áreas permitem, por si só, um crescimento do centro no que respeita à sua importância para a casa-mãe e também no que concerne ao número de colaboradores”.

 

Uma carreira na adidas

Desde a fundação da adidas Business Services que Carlos Guimarães trabalha de perto com todas as equipas que entram na empresa. “Fui coordenador, team leader e manager de todas as equipas que entraram, até há três anos. Nessa altura, assumi o cargo de Head Office ficando responsavel pela estratégia de consolidação e crescimento do centro. Algumas funções que tive de delegar”.

O próprio GBS está, neste momento, a ganhar uma estrutura mais profissional, no sentido em que, com o seu crescimento, se torna necessário fazer ajustes na forma de trabalhar e gerir os recursos humanos, para que se mantenha a base de trabalho que sempre caracterizou a adidas: “a proximidade, a descontração e a responsabilidade são fatores que a marca preza. Aqui, fazemos questão de que todos os colaboradores saibam as suas responsabilidades e a sua contribuição para os resultados e objetivos da empresa, mas um bom ambiente de trabalho é muito importante para que isso aconteça e fazemos questão de não perder isso”. Reuniões informais, onde o microfone, em forma de cubo, passa de mão em mão, a Sports Hour, eventos de sociais ou comunitarios ou a existência de uma série de eventos comemorativos são pequenos exemplos do ambiente positivo e de agrado aos colaboradores que a empresa procura garantir.

Carlos Guimarães explica que acredita no sistema ’Cascading‘ para gerir recursos humanos. De acordo com o próprio, se o coordenador da equipa acreditar, como ele, nos valores da marca adidas e na capacidade de trabalho de cada colaborador, a mensagem mantém-se inalterada para todos. “Na adidas, acreditamos que as pessoas podem e devem  construir uma carreira connosco. Assim, também fazemos questão de conhecer cada pessoa,  e garantir que as suas capacidades estão a ser bem utilizadas. Porém, é importante também dar espaço de crescimento, onde cada um possa estar exposto a situações novas e mais complexas exatamente para construir e desenvolver novas capacidades de análise e de resolução de problemas”.

Diariamente, os colaboradores dos vários departamentos assumem a liderança das suas equipas e são convidados a estabelecer um plano de trabalho, assumindo a responsabilidade pelo mesmo: “estamos sempre disponíveis para ouvir as pessoas e responder aos desafios que elas próprias nos colocam”. Carlos Guimarães dá como exemplo os Short Term Assignment, períodos de tempo de seis meses em que os colaboradores vão para outros países, desempenhar outras funções. “É uma forma de crescer profissionalmente e, muitas vezes, a adidas desse país acaba por contratar em definitivo o colaborador”.

Confiança (Confidence), Criatividade (Creativity) e Colaboração (Colaboration) são os três “C’s” da marca alemã que estão na base da gestão dos recursos humanos da empresa e do trabalho desenvolvido: “a questão da “equipa”, para mim, é muito  importante. Cada colaborador deve saber o lugar e as tarefas que lhe compete realizar, mas com a consciência que todos estamos a contribuir para um objectivo maior, que ultrapassa a nossa área de infuência”.

Numa empresa que cresce, em número de colaboradores, como é o caso do GBS, a proximidade e a confiança são fundamentais para unir quem entra àqueles que já fazem parte da empresa. “Começámos com uma empresa estilo start-up, que se transformou num núcleo forte, com mais de três centenas de colaboradores. A proximidade tem de existir e estamos a treinar os team leaders e os managers para terem esta proximidade com os colaboradores. Temos um service time de dois anos e meio, e assumimo-nos quase como uma escola. Queremos que quem sai da empresa saia com uma formação e um framework profissional que lhe seja útil de futuro para qualquer setor onde vá trabalhar. A maioria das pessoas que sai, fá-lo por decisão de seguir um outro caminho, mas sempre dizendo que a adidas foi um excelente local de trabalho. Temos um método de avaliação da satisfação das pessoas – o People’s Pulse – e as três coisas que as pessoas mais gostam estão ligadas ao ambiente de trabalho, nomeadamente no que diz respeito à colaboração”.

Um futuro promissor

Para o GBS, ainda há espaço para crescer, nomeadamente a partir do momento em que todas as tarefas mais transcionais estejam automatizadas e os colaboradores se possam dedicar a outros serviços, de maior valor acrescentado para a marca alemã. Para isso, o número de colaboradores irá, mais uma vez, aumentar, mas as metas a atingir manter-se-ão: “A casa-mãe exige-nos uma percentagem elevadíssima  de accuracy, mas internamente os nossos objectivos são ainda mais apertados. É por isso que atingimos, ano após ano, os objetivos e mantemos a confiança da adidas. Somos uma empresa importante na região, que tem importância económica, na qual o investimento das autoridades nacionais foi nulo. Neste momento, queremos estabilizar internamente a empresa, para depois poder avançar para projetos sociais que façam a diferença. Esse, é também um valor da adidas, cujo lema é “Through Sport We Have The Power To Change Lives”. O caminho, garante Carlos Guimarães, será sempre feito de crescimento – para a empresa e para os colaboradores – e de conquistas: “centralizaremos todos os serviços administrativos e financeiros da adidas neste pólo, e proporcionaremos maior agilidade e leveza de procedimentos à empresa. É uma reestruturação necessária e uma preparação do futuro”.

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