A igualdade de género ainda é um desafio nos mais altos níveis da carreira
O avanço da mulher em posições de liderança é inegável, não sendo o seu progresso no Direito e na Advocacia exceção. Com efeito, há ainda um longo caminho a percorrer, principalmente na Advocacia.
Embora exista um maior equilíbrio, esse cenário ainda não se aplica aos cargos de liderança, sendo frequente a questão da igualdade de género num quadro funcional.
Neste cenário, a diversidade sempre agrega com a decorrente natureza plural da mulher que, por assumir vários papéis desde sempre, tem uma maior sensibilidade para entender a complexidade de cada indivíduo. E, tendencialmente, as mulheres são mais empáticas, metódicas, com a simultaneidade da assertividade e da firmeza. Porém, na generalidade, o percurso das mulheres é mais difícil e menos facilitado.
Na Advocacia (e no Direito em geral), com efeito, as oportunidades para liderança estão longe de serem equivalentes entre homens e mulheres, numa desigualdade de oportunidades, decorrentes de procedimentos tradicionais da promoção profissional.
É consabido que, tanto a Advocacia como os negócios, foram áreas inicialmente exclusivas dos homens (designadamente o Direito Penal criminaliza os ilícitos financeiros designando-os de “colarinho branco” numa alusão à indumentária dos executivos), colocando as mulheres num papel secundário, decorrente das diferenças incutidas pela forte cultura anglo-saxónica. Sendo a área da advocacia uma área em que o acesso aos cargos de topo não é de fácil acesso às mulheres. A Advocacia constitui um sistema fechado, adveniente das obrigações legais e morais.
Mas a advocacia transacional apresenta várias semelhanças organizacionais com as empresas. Entre essas semelhanças, encontramos as questões discriminatórias que se colocam à igualdade, levantando-se frequentemente a questão da igualdade de género na igualdade de oportunidades numa vertente de função garantística do direito ao desenvolvimento da personalidade.
Problema social este que a desigualdade de oportunidades conforma, com a Advocacia e a área de negócios a serem originariamente profissões estruturadas para um universo masculino, numa unidimensionalidade masculina estando as mulheres pouco representadas em cargos de liderança. O que não deixa de ser discricionário com o facto de a advocacia ser uma área tendencialmente paritária, onde as advogadas já são a maioria entre as mais jovens e, aos poucos, têm conquistado posições de liderança.
Mas a equidade ou a igualdade de género ainda é um desafio nos mais altos níveis da carreira sendo consabido que o maior avanço nas carreiras jurídicas, nos últimos anos, decorre da crescente inserção das mulheres nas posições de liderança e, apesar do aumento do número de mulheres na profissão, as Advogadas ainda não representam a maioria na liderança.
Destarte, apesar do crescimento exponencial do número de mulheres na advocacia este crescimento encontra dificuldades e desafios, designadamente em posições de liderança nos escritórios de advogados, num modelo pautado pela lógica masculina.
Contudo, estamos numa época de profundas transformações económico-financeiras, com um incontestável reflexo nas organizações, num surto de competitividade que faz com que as estruturas organizacionais evoluem para verdadeiros modelos empresariais e, creio que seja uma questão de tempo até que haja um equilíbrio, num futuro de maior digitalização, com a aceleração de digitalização de processos, e perceber-se um novo modelo de flexibilização, numa sociedade pretensamente mais equitativa.