Numa era em que a liderança se mede não apenas pelo que se diz, mas sobretudo pelo que se transmite antes da primeira palavra, Patrícia Veiga faz da imagem um ativo estratégico. À frente da Alta-Imagem Couture, a Consultora de Imagem Pessoal e Corporativa defende que vestir-se é mais do que seguir tendências: é traduzir identidade, propósito e visão em códigos visuais que inspiram autoridade, proximidade e confiança.
O que considera ser o elemento central do seu trabalho que torna a Patrícia Veiga numa referência distintiva – alguém que não acompanha apenas tendências, mas que transforma verdadeiramente a forma como homens e mulheres se posicionam no mundo?
O núcleo do meu trabalho é a tradução visual da identidade de cada cliente: seja de um líder empresarial, de um executivo ou de uma equipa. Na Alta-Imagem Couture não seguimos apenas as tendências, desenhamos uma presença intemporal para cada cliente. Acredito que a imagem não é superficial, é estratégica. É a leitura silenciosa que acontece antes de qualquer palavra e que pode elevar ou enfraquecer uma reputação. O que me diferencia é a capacidade de fundir identidade, propósito e objetivos de negócio em códigos visuais claros, coerentes e intencionalmente alinhados com a cultura e o posicionamento desejado. O meu papel é vestir pessoas para que não sejam apenas vistas, mas sejam percebidas e lidas coerentemente.

De que forma a imagem pessoal pode tornar-se uma extensão estratégica da liderança, especialmente em ambientes códigos visuais ainda muito tradicionais? Atualmente, a imagem é o cartão de visita e pode funcionar como ponte de credibilidade. O meu trabalho é ajudar líderes a projetar, através da sua presença visual, a autoridade que inspira e a proximidade que conecta. Isso significa adaptar a comunicação visual às regras do ambiente sem perder autenticidade: mostrando que a liderança contemporânea é sobre clareza e confiança tanto como sobre humanidade e acessibilidade. Quando a imagem comunica propósito e visão, o líder não precisa “impor” respeito, naturalmente o emana.
O seu método parte de uma escuta atenta e de um mergulho na identidade de cada cliente. Como equilibra, na prática, a individualidade de cada cliente com a necessidade de criar códigos visuais estrategicamente legíveis no contexto corporativo?
O Método Alta-Imagem começa de dentro para fora. Primeiro, identifico a essência e o posicionamento desejado, seja de um profissional individual ou de uma organização. Depois, cruzo essa informação com as expectativas e códigos visuais do setor e encontro o ponto ótimo onde a autenticidade e a estratégia se encontram. É uma construção de presença que respeita a individualidade, mas fala fluentemente a “língua visual” do meio corporativo, garantindo que cada detalhe (da paleta de cores ao corte das peças de vestuário, do estilo de comunicação à postura) reforce a mensagem certa no contexto certo.
A presença executiva é muitas vezes associada a padrões de autoridade tradicionais. Como ajuda os seus clientes a redefinirem essa presença de forma mais alinhada com os seus valores?
Redefinir a presença executiva passa por libertar a liderança de arquétipos ultrapassados. É mostrar que a autoridade não precisa de rigidez e distanciamento para ser respeitada. Trago para o visual aquilo que já é verdade no interior do líder: visão, valores, energia. O resultado é uma presença que mantém o peso da autoridade, mas gera identificação e confiança. Essa redefinição não é apenas estética, é cultural. É o que permite a um líder, homem ou mulher, manter a coerência consigo mesmo(a) e, ao mesmo tempo, reforçar a cultura que deseja para a sua equipa.
Quais são os principais desafios que encontra ao trabalhar com líderes que ocupam cargos de poder, mas que sentem que a sua imagem não reflete verdadeiramente quem são?
O maior desafio é a percepção de que “não há tempo” para cuidar da imagem. Muitos líderes priorizam outras tarefas, acreditando que trará maior retorno imediato. Mas a imagem é um acelerador de resultados: economiza tempo nas decisões diárias, transmite confiança instantânea e abre portas sem esforço. Quando não reflete quem são, cria ruído na comunicação e perda de oportunidades. Cuidar da própria imagem não é vaidade, é estratégia e o tempo investido aqui multiplica o impacto em todas as outras áreas. A imagem não é tempo perdido, é tempo multiplicado.
Em que medida a construção de uma imagem sólida pode influenciar não apenas a percepção externa, mas também a autoconfiança e a clareza de propósito de um profissional?
Uma imagem alinhada amplifica a presença. Quando os nossos olhos veem no exterior a confirmação da transformação que o interior vivenciou, instala-se uma autoconfiança silenciosa e poderosa. Isso muda a forma de entrar numa reunião, de liderar uma negociação ou uma equipa, de ocupar um palco. Além disso, a clareza visual ajuda a cristalizar a clareza de propósito: se sei o que quero comunicar, sei também para onde quero ir. É um ciclo virtuoso onde a identidade, a presença e a reputação fortalecem-se mutuamente.
Como antevê a evolução do papel da imagem pessoal na liderança nos próximos anos – e de que forma se prepara para continuar a ser relevante e visionária nesse cenário em transformação?
Estamos a entrar numa era em que a imagem será reconhecida como competência estratégica e não como adorno. As empresas mais visionárias já entendem que alinhar a imagem dos seus líderes e equipas à cultura organizacional é essencial para gerar confiança interna, atrair talentos, fortalecer a marca e posicionar-se para clientes de alto padrão. Vejo a imagem a evoluir de “detalhe estético” para “indicador de bem-estar, felicidade e coesão cultural”. Para estar sempre à frente, eu mantenho-me a estudar tendências de moda, comunicação, consumo, comportamento humano, cultura organizacional, mas sem nunca perder a minha assinatura: escuta ativa, olhar atento e transformar imagem em presença, e a presença em ativo estratégico.