Com cerca de 1.200 novos casos por ano, os tumores cerebrais continuam a ser uma doença silenciada em Portugal – não por falta de impacto, mas por ausência de respostas. À frente da recém-criada APCCEREBRO, Renato Daniel quer inverter essa tendência: dar rosto à estatística, criar estruturas de apoio psicológico e colocar o cérebro no centro das políticas de saúde.
Qual é a visão que orienta a APCCEREBRO e de que forma a missão da Associação se concretiza no apoio aos doentes com tumores cerebrais, aos seus cuidadores e na sensibilização da sociedade?
A APCCEREBRO nasceu para preencher um vazio: em Portugal, surgem cerca de 1.200 novos casos de tumores cerebrais por ano, e as respostas psicossociais continuam escassas. Queremos garantir que ninguém enfrenta este diagnóstico sozinho, promovendo apoio emocional, partilha de experiências, informação fidedigna e definição de políticas públicas por mais investimento em investigação. A nossa visão é clara: transformar a invisibilidade em ação.

A campanha de sensibilização “Desde o dia em que te conheci” tem uma forte componente emocional e humana. De que forma esta iniciativa tem contribuído para quebrar o silêncio em torno do cancro no cérebro?
Está é uma campanha construída com o coração de quem vive ou viveu esta doença. Convidámos doentes, cuidadores e familiares a escreverem cartas, que tornaram visível o impacto íntimo e profundo de um tumor cerebral. As histórias, partilhadas em outdoors, redes sociais e media, mostraram que o silêncio não protege – isola. O objetivo final é a construção de um atllier do cérebro onde estes testemunhos retratem a realidade dos tumores cerebrais.
A corrida “5km pelo Teu Cérebro” envolveu centenas de pessoas por todo o país. Qual é a importância de associar a prática desportiva à saúde cerebral e como planeiam dar continuidade a este tipo de eventos?
Mais de 600 pessoas correram por todo o país num só dia. Uma verdadeira maratona de solidariedade e consciencialização. A atividade física é uma aliada da saúde cerebral: estimula a plasticidade neuronal e reduz fatores de risco como o stress ou o sedentarismo. Queremos que esta corrida seja uma tradição anual e que cresça para eventos que envolvam escolas, clubes e empresas em torno do cérebro e da sua importância.
O lançamento oficial da APCCEREBRO na Fundação Champalimaud, agendado para o próximo mês de outubro, marca um novo capítulo. Que objetivos estratégicos pretendem consolidar a partir deste momento e que papel esperam vir a desempenhar a nível nacional?
A apresentação oficial em outubro marca o início de uma nova etapa. Queremos implementar uma linha nacional de apoio psicológico, lançar núcleos locais de voluntariado e promover um relatório anual sobre os desafios do cancro cerebral em Portugal. Pretendemos assumir um papel ativo na formulação de políticas de saúde que coloquem o cérebro no centro da equação.





