Polivalência e Eficiência são palavras-chave
Sandra de Carvalho Dias avalia o seu percurso profissional como evolutivo, resultado de muito trabalho, estudo e partilha. A Diretora-Geral do Grupo BC Portugal garante que não permite qualquer tipo de discriminação, mas reconhece que, no mercado de trabalho em geral, ainda há muito a fazer.
A formação base académica em Solicitadoria e uma carreira de mais de 20 anos, em áreas diferentes e experiências em que assumiu cargos de liderança e gestão, formaram a mulher confiante e reconhecida que é hoje?
Bom, não sei se reconhecida na dimensão que lhe está a dar, mas confiante e segura do caminho que quero seguir, isso sim, sendo que, ao longo do tempo, existiram muitos fatores, para além da formação e estudo, esses são contínuos; desde logo, o primeiro e mais importante a família, onde, desde pequena, me ensinaram que eu podia ser o que quisesse, desde que trabalhasse com afinco e que, para coordenar e liderar, tinha de saber fazer; depois, outro fator muito importante, foram as pessoas com que me cruzei profissionalmente, ao longo do tempo, que partilharam comigo o seu conhecimento, abrindo-me as portas para que pudesse evoluir e que, acima de tudo, confiaram em mim desde muito cedo; a resiliência, o positivismo, a empatia, o humor e a descontração são parte da minha essência. O caminho nem sempre é fácil, e obviamente, a excelente equipa que tenho, destacando, desde logo, o meu núcleo duro que, todos os dias, há mais de dez anos, faz o caminho comigo. Sou, portanto, uma mulher de sorte.
Atualmente Diretora-Geral do Grupo BC, como descreve o seu percurso profissional, enquanto mulher em cargos de liderança e que pode ser um exemplo para muitas outras mulheres?
O meu percurso profissional tem sido um percurso sempre evolutivo, de muito trabalho, muita aprendizagem, estudo e partilha. Fui-me colocando metas ao longo dos anos e, hoje, tenho a sorte de fazer aquilo que gosto, de trabalhar com Clientes Parceiros, o que facilita muito a evolução e o desenvolvimento de bons projetos e tenho que reforçar que poder liderar uma empresa onde não é permitido qualquer tipo de discriminação, seja ela de que tipo for, está no nosso Código de Conduta, raça, credo, género e claro, no que concerne à igualdade de salários. Está na nossa prática do dia-a-dia. No Grupo BC, a trabalho igual, corresponde um salário igual.
Tenho noção que o mercado de trabalho em geral já evoluiu bastante, mas ainda há muito por fazer, no que à paridade diz respeito e acho que teríamos melhores resultados se a distribuição de lugares de topo fosse mais equilibrada. Há um trabalho grande a fazer também ao nível das próprias mulheres que, por vezes, competem de forma errada e acabam por se auto-boicotar. Neste sentido, temos de aprender a ser mais cúmplices, abrir caminho para as outras mulheres, incentivar e promover sempre que surge a oportunidade para o fazer. Temos poder para isso. Elogiar o trabalho de outra mulher não é uma ameaça, é sim, motivo de orgulho e de inspiração.
Como é trabalhar no Grupo BC Portugal, uma empresa que faz parte da sua vida há 12 anos na qual as pessoas são o pilar de crescimento e solidificação?
As empresas são as pessoas, como tal, são o capital mais precioso que temos. Por isso, tentamos manter equipas estáveis, pouca rotatividade (in/out). Eu costumo dizer que na nossa empresa, estamos em constante “Erasmus” pois as pessoas, sendo o capital mais precioso que temos, têm de estar formadas e preparadas, só assim podem evoluir, aprendendo.
A polivalência e a eficiência são palavras-chave e a estabilidade acaba por chegar quando, depois do período de aprendizagem, a pessoa encaixa-se quase que, de forma natural, em determinado projeto ou serviço.
Para além do salário pecuniário, é muito importante que a pessoa se sinta bem e confiante naquilo que faz no seu dia-a-dia e também onde e como o faz. A isso chamamos salário emocional que é outro fator de retenção de talento na nossa empresa.
Trabalhar no Grupo BC em Portugal, em Espanha, no México ou no Brasil, é saber que temos um futuro sustentável e que criámos riqueza em cada país onde nos encontramos.
Curiosamente, no Grupo BC as mulheres sempre estiveram em maioria, sendo que em Portugal, a equipa é composta em 95% por mulheres e os projetos são liderados por 99%. Foi um processo natural de evolução?
Desde setembro de 2008, quando cheguei ao Grupo BC, as mulheres sempre estiveram em maioria, ainda que, neste momento, sejamos uma equipa com uns 85% de mulheres aproximadamente. Com o desenvolvimento de projetos de outsourcing mais puro, houve um acréscimo de postos de trabalho que vieram a ser ocupados por homens, mas continuamos com os 99% de liderança de projetos no feminino. Não é propositado, mas tem vindo a acontecer desta forma. Com o crescimento que temos tido em Portugal, é possível que, daqui por um ou dois anos, tenhamos mais homens na liderança de projetos, mas até lá, seguimos assim.
O Grupo BC é líder na externalização de processos BPO (Business Process Outsourcing), com presença no Sul da Europa e na América Latina.
O Grupo BC completa 47 anos de vida em Dezembro deste ano o que é sinónimo de um know-how inigualável.
É líder na externalização de processos de BPO, pois continua a ser ousado na diversificação de serviços. Tem sabido, ao longo dos anos, modernizar-se, reinventar-se e, sobretudo, acompanhar a evolução e as necessidades dos Clientes, quer sejam Bancos, Fundos ou Servicers.
Neste momento, o Grupo tem a capacidade de dar aos seus Clientes um serviço “all-in-one”, um serviço de “life-time-cycle” e a prova da nossa contínua evolução e ousadia foi, em pleno ano de 2021, havermos adquirido em Espanha, a empresa Lexer.
Apesar das adversidades, os valores mantêm-se inalteráveis?
No que concerne aos números, ao contrário do esperado, o Grupo cresceu globalmente e temos uma expectativa de faturação em 2021 que ronda os 230 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento, na ordem dos 36% comparativamente a 2019 (último ano de exercício normal). Concretamente em Portugal, crescemos cerca de 30% e perspetiva-se que continuemos nessa rota ascendente.
O sector bancário em Portugal está a conseguir adaptar-se às exigências da economia, bem como da regulação e aos clientes cada vez mais esclarecidos e exigentes?
O sector bancário em Portugal está de parabéns. Não esteve só à altura das exigências da economia por via do imperativo legal, foi muito além, acompanhando as famílias e as empresas na fase mais crítica da Pandemia e continua a fazê-lo.
Por outro lado, está a responder muito bem às exigências regulamentares exigentíssimas, no que concerne a transposição das diretivas da EBA e os Avisos do Banco de Portugal, o branqueamento de capitais, os beneficiários efetivos e nós, enquanto fornecedor parceiro, acompanhamos. Estamos completamente direcionados para o “fit & proper” com equipas muito bem preparadas.
Quanto ao Cliente final, é verdade que está cada vez mais esclarecido e exigente e é por isso que vimos a trabalhar projetos “tailor made” de “know your costumer” e aí, também fazemos a diferença. O digital ajuda muito. Cada Cliente é um Cliente e trabalhamos juntos na solução.
O que podemos esperar do Grupo BC em Portugal?
Do Grupo BC, só se pode esperar que continuemos a acompanhar os nossos Clientes, sempre com o foco num serviço de excelência e preparados para a jornada exigente que se avizinha. Fazer parte da solução está no nosso ADN. Crescemos e evoluímos juntos. De outra forma, não faria sentido.